Capítulo 26

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- Você vivia aqui por perto? - Carol perguntou assim que S/n chegou no trailer científico com mais uma amostra de seus espermatozóides.

-- Sim. -- S/n respondeu entregando a amostra para Camila.

-- Obrigada. -- Carol replicou.

-- Isso é bem constrangedor. Sabe disso, não sabe? -- S/n perguntou e Carol riu, assentindo. -- Tipo, eu gozo em um pote e depois você coloca ali no microscópio e fica analisando ele. Ele fica bem perto da sua boca. Bizarro!

-- Bem, tudo pelo bem da ciência. -- Carol disse e S/n assentiu.

-- Acha que a mini hulk me mataria se me visse aqui? -- S/n perguntou, se lamentando em seu interior por ter sentido vontade de beijar Carol.

Agora que Carol sabia que ela era intersexual não iria querer nada com ela, pensava.

-- No mínimo apanharíamos nós duas. -- Carol disse rindo, mas logo suspirou. -- Ela é uma boa pessoa, só está zangada por ter perdido tudo.

-- Eu consigo imaginar como ela se sente. -- S/n disse em um sorriso fraco. -- Sua família está, hm, viva?

-- Minha mãe e avó sim. -- Carol respondeu e S/n assentiu. -- E a sua?

-- Sou só eu agora. -- Os olhos castanhos se ergueram do que Carol analisava e a fitaram.

-- Sinto muito. -- Carol disse, vendo S/n assentir. -- É tão difícil fazer tudo sozinha por aqui... -- Carol disse. -- O pior é que, quando estou tendo algum avanço, uma delas chega e tenho que esconder tudo.

-- Acha que, bem, que alguma delas esconderia o segredo? -- S/n perguntou e Carol assentiu.

-- Priscila. -- Carol disse e S/n quase revirou os olhos, mas deveria se comportar. -- Malu sempre fala pelos cotovelos, acabaria contando sempre que vai à cidade. Dani não consegue esconder nada de Malu. Clara é leal à ciência, sentiria a necessidade de te levar para os grandes laboratórios da grande cidade.

-- Que bom que foi justo você que me encontrou então. -- S/n disse e Carol parou o que fazia.

-- Você viveu todos esses anos por aí sem jamais ser pega. -- Carol disse a fitando minuciosamente. -- Por que se arriscou em começar a roubar nossa comida a essa altura do campeonato? E não diga que foi por fome, porque sei que esse não é toda a verdade.

S/n suspirou e sorriu-lhe fraco.

-- Um dos corpos que vocês queimaram... -- S/n disse limpando a garganta. -- Era do meu pai. -- Carol abriu a boca sem reação alguma.

-- E veio atrás de vingança? -- Carol perguntou e S/n negou.

-- Vim agradecer. -- S/n disse em um suspiro. -- Todos os dias ver vermes comendo o corpo do seu pai não é algo confortável.

Carol ainda a fitava paralisada, sem saber como se expressar.

-- Eu só perdi a coragem e comecei a roubar a comida para ver se iam embora. -- S/n disse. -- Eu me sentia uma covarde, foragida, incapaz de agradecer e vocês estando aqui me fazia lembrar disso.

-- Jamais volte a pensar coisas ruins de você, me entendeu? -- Carol disse com veemência e S/n assentiu.

-- Entendi. Vou ficar no trailer e te deixar trabalhar. Com licença. -- Disse e saiu, fazendo Carol suspirar apenada. Ela sabia que S/n havia ficado triste.

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