Capítulo 55

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S/n analisava através da janela do trailer como Carol estava há quase uma hora deitada entre o matagal, admirando o céu. Ela só pôde identificar pois ela havia deitado com as pernas para fora.

S/n não queria ir até lá, afinal Carol queria ficar sozinha, mas a maior sentia que parte de sua vida era sugada a cada segundo que estavam naquele clima ruim, então ela decidiu que iria até lá sim e, caso Carol não quisesse falar com ela, então ela esperaria.

Abriu a porta do trailer e caminhou até ela, parando em sua frente com uma expressão triste em seu rosto.

-- Posso falar rapidinho com você? -- S/n perguntou e Carol a fitou. -- Eu vou ser rápida e prometo ir embora assim que eu falar.

-- Como assim ir embora? -- Carol perguntou rapidamente.

-- Para o trailer. -- S/n esclareceu e Carol suspirou aliviada.

-- O que foi? -- Carol indagou se sentando e S/n se jogou ao lado dela, empurrando matos compridos com o corpo ao se sentar.

-- Preciso que acredite que eu não fiz de propósito. Eu sei que você não quer filhos agora, mas preciso que saiba que se você estiver grávida, nem que eu trabalhe dias seguidos, você vai ter uma gravidez segura.

-- Não é que eu não queira um filho agora. -- Carol disse e S/n segurou sua mão.

-- Nos tempos antigos seria estranho ter filho com tão pouco tempo estando juntas. -- S/n disse e Carol mordeu seu lábio inferior. -- Você quer se certificar de que dará certo, não é? O transplante de cromossomo.

-- Em um mês vai ser a primeira tentativa. E se der errado e eu estiver grávida? Não vou ter tempo de trabalhar tanto com uma criança.

-- Suas amigas nos ajudarão nisso e, bem, eu vou estar lá. Não é como se você estivesse sozinha nisso. -- S/n disse e Carol encostou sua cabeça no ombro da maior. -- Mas pense por outro lado, talvez você não esteja grávida. Sua menstruação acabou antes de ontem, os óvulos estão apenas amadurecendo ainda. Temos mais chances do que se estivesse no período fértil.

-- Mas mesmo assim, a gente transou muito. Conheço a porcentagem de chance de estar grávida. -- Carol disse e S/n a olhou.

-- Desculpe. -- Carol negou com a cabeça.

-- Eu que peço desculpas, não deveria ter falado daquele jeito com você. -- Carol disse e S/n passou um braço pela cintura da menor. -- E se tivermos um bebê ele será bem-vindo.

-- E se estiver, bem, faltarão só quatorze. -- Carol riu e se aconchegou nos braços de S/n.

-- Não teremos quinze filhos, esqueça esse sonho. -- Carol disse e S/n riu.

-- Está bem. -- S/n disse sorrindo.

-- E se eu estiver grávida, o vírus voltar e nosso bebê for menino? -- Carol perguntou baixinho, deixando sua respiração tocar o pescoço de S/n. -- Da outra vez morreram mesmo na barriga das grávidas, S/n.

-- Não vai acontecer. O babaca do Reid morreu. Não teremos outra catástrofe dessas.

-- Eu tenho medo. -- Carol confessou e S/n a abraçou mais forte. -- Se essa merda voltar pode me tirar você.

-- Eu não vou a lugar nenhum. -- S/n disse acariciando as costas de Carol.

-- Obrigada. -- Carol sussurrou, sentindo um beijo em sua testa antes do silêncio se instaurar.

-- Amor, estamos no mato. Podemos dar uma aqui para nos despedir com estilo. -- S/n disse e Carol riu.

-- Você não sossega esse pinto.

-- Confessa que você gosta dele que eu sei. Ele é charmoso e bonitinho. -- S/n disse.

-- Ele é lindo. -- Carol disse rindo. -- Mas vou ficar com ciúmes desse amor incondicional todo que você nutre por ele.

-- Amor só por você. -- S/n disse e Carol ergueu a cabeça apressadamente.

-- O que disse?

-- Que amor só por você. -- S/n disse, esboçando um sorriso singelo. -- Não sei quando virou amor, mas eu te amo. -- O coração de Carol acelerou.

-- Está dizendo isso só para transarmos aqui? -- Carol perguntou brincando.

-- Carol, não pode levar tudo na brincadeira o tempo inteiro. -- S/n disse o que Carol havia lhe dito uma vez e a menor riu.

-- Eu tenho duas coisas para te falar. -- Carol disse antes de depositar um beijo nos lábios de S/n. -- Uma é que eu também te amo.

-- E a outra?

-- Não iremos transar no mato. -- S/n olhou para o meio de suas pernas e suspirou.

-- Ela é perversa, viu só, meninão? Deu a notícia boa para logo tacar gelo no meu rabo.

-- Para de falar com ela como se ela fosse uma pessoa, S/n. -- Carol disse e S/n negou.

-- O meninão é da família, Carol. Eu sei, as meninas sabem e você também. -- S/n disse naturalmente.

-- Você está louca. -- Carol disse se levantando.

-- Ela foi meu único companheiro por anos. Não me critique. -- S/n disse se levantando também. -- É tipo onde o náufrago fala com uma bola, mas no meu caso são duas.

-- Fica quietinha, meu amor. -- Carol disse rindo, entrelaçando seus dedos nos da maior. -- Agora vem, é hora de irmos embora. Adeus meio do nada e olá grande cidade.

-- Sabe que vou precisar me esconder lá, não é?

-- Só por esse mês, estou apostando no transplante e aí todo mundo vai poder ter filho e vão deixar minha namorada gostosa em paz. -- Carol disse sorrindo e S/n assentiu.

-- Se me pegarem e decidirem assassinar a dona do último pênis, peça para cortarem ele fora, não quero morrer. -- S/n disse e Carol riu, começando a caminhar de mãos dadas com a maior de volta para o trailer.

-- Estou ouvindo ela reclamar dizendo que isso é traição, porque ela diz que é da família. -- Carol disse e S/n assentiu.

-- Ela é, mas tenho chances de ser mãe, prefiro viver sem pinto do que não conhecer meu bebê. -- Carol se virou para ela e sorriu encantada.

-- Ela ajudou nesse processo. -- Carol disse.

-- Mas minha namorada é cientista e encontraria um jeito de ainda usar meus cromossomos Y mesmo sem o meninão. -- S/n disse orgulhosa. -- E ainda quero conhecer meu bebê.

-- Sabe que ouvindo você falar assim dá até vontade de torcer para dar positivo? -- Carol perguntou fitando as orbes verdes.

-- Então vamos voltar para o mato e foder o resto do mês todo lá que esse positivo sai. -- Carol negou e selou os lábios de S/n.

-- Não iremos transar.

-- Droga. -- Ela disse, deixando seus ombros caírem.

-- Droga, comprei um binóculo a toa. -- Malu gritou da janela do trailer ao lado e Carol a fuzilou com os olhos.

-- Malu!

-- O quê? Eu queria ver ela em ação.

-- Veja pornô.

-- Gosto de viver perigosamente, dá licença. -- Ela disse entrando e Carol negou com a cabeça. Estava cercada de loucas.

O último pênis do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora