- Ei, se acalma. Já estamos quase lá e você vai conseguir chegar a tempo. - Ouvi Gael, meu assessor e melhor amigo dizer enquanto me olhava.Eu mexia minhas pernas freneticamente por ansiedade no banco do carro.
- Já são 22:30. Se eu não chegar a temp... - Gael me cortou.
- Eu já disse que você vai chegar. Vem cá. - ele me abraçou, e de certa forma isso me acalmou um pouco.
Hoje é 18 de dezembro. Aniversário da minha Billie.
Quando fiquei sabendo que eu iria ter um desfile importantíssimo pra fazer no mesmo dia que do aniversário da minha namorada, quis cancelar tudo e passar dia 18 ao seu lado.
Tentei conversar com os organizadores, mudar a data ou até mesmo o horário, mas não deu certo.
Sai de Los Angeles pra Santa Mônica com o coração arrasado. Eu estava arrasada.
Já tinha tudo planejado na minha cabeça, até seu presente.
É muito difícil dar presente pra Billie. Com esse pensamento, tentei pensar em algo de valor sentimental.
E não, não é minha buceta. Apesar dela gostar muito e ficar super feliz se eu desse isso como presente.
Pensei, pensei, pensei e no final, decidi. Eu daria a ela a nossa troca de aliança.
Bill que me pediu em namoro há três anos atrás. Ela comprou um par de alianças lindo. Muito lindo. E fez o pedido na nossa viagem pro Havaí.
Eu não tirava o anel do meu dedo em hipótese alguma.
Só que em um desfile específico, tive que tirar o anel, por não ser da marca divulgada e etc. Quando voltei pra camarim, me dei conta que perdi o mesmo no meio da confusão de figurinos.
Procurei em tudo, tudo mesmo. Mas não o encontrei.
Cheguei em casa aquele dia cansada de tanto procurar e com o rosto inchado de tanto chorar. Era muito importante pra mim, e eu ferrei com tudo.
Contei pra Billie no mesmo dia em que perdi e ela disse que estava tudo bem. Que depois trocaríamos a aliança. Mas com a correria, até hoje não deu pra fazermos isso.
Até hoje, literalmente. Por que eu estava disposta a dar esse anel pra ela nessa noite nem que eu saia atropelando todo mundo na estrada.
Além da aliança, comprei um buquê de túlipas, que são suas flores favoritas.
Quando era uma semana antes da viagem, disse pra Billie que não daria pra eu a ver no dia de seu aniversário. E percebi o quanto ela ficou triste. Bill tentou disfarçar, mas eu a conhecia na palma da minha mão.
Percebi que ela ficou mal. Não só por que eu iria trabalhar fora no dia no seu aniversário, mas também por eu teria que ficar praticamente duas semanas longe de Los Angeles. Além do desfile, teria eventos e reuniões junto, por isso todos esses dias da semana.
E isso resultou em uma saudade imensa. Estava com tanta saudade dela que chegava a doer.
Fiquei tão triste por ver ela mal assim. Billie é uma namorada incrível, alguém que eu realmente sonhei em estar do lado. Odeio quando as coisas não saem como planejado.
Quando cheguei em Santa Mônica, no local do evento, tentei fazer tudo o mais rápido que consegui. Tentei de todas as formas adiantar o processo do desfile, figurino, fotos, e por algum milagre, no fim deu certo.
Consegui sair de lá 16:00 da tarde. Fiquei tão feliz, mesmo tendo a noção de que talvez não dê tempo.
Fui o caminho todo em uma ansiedade sem fim, conferindo o horário a todo segundo pela tela do celular.