Pov: Sofia
- Mãe, é verdade que você vai ter que fazer mais uma viagem essa semana? - perguntei enquanto entrava em seu quarto, vendo que ela colocava roupas em uma mala grande. Aquilo já respondeu minha pergunta, por isso continuei a falar num tom triste. - Qual é o motivo dessa vez? - perguntei enquanto suspirava, andando até sua cama e me jogando de forma desleixada em seu colchão muito confortável.
Por que a cama dos pais sempre são as melhores?
- Sofia, foi de última hora, nem eu sabia. - ela dizia num tom cansado, sem parar de organizar suas coisas. - E talvez demore bastante. - ela finalizou, acabando com todas minhas expectativas de conseguir passar o fim de semana junto com ela.
- Da pra ver o tanto que isso te cansa, mãe. Não pensa em sair da empresa do vovô? - perguntei, vendo ela suspirar.
- Você sabe que lá eu me sinto bem. É cansativo, mas pelo menos tô perto da minha família e consigo dar uma vida boa pra você. - ela disse, fechando o zíper da mala e me olhando logo em seguida.
- Eu te amo e sei do seu esforço, mãe. Você precisa de descanso. - eu dizia.
- Eu sei disso, hm? Mas agora tá tarde pra falarmos sobre isso. - minha mãe dizia, me fazendo negar com a cabeça. - Agora nós precisamos dormir. - parecendo terminar de arrumar a mala, minha mãe a desceu da cama e colocou no canto da parede. - Ah! Já ia me esquecendo. A babá vai vir amanhã de noite, no horário em que eu for sair pra viajar. - ela simplesmente jogou a bomba e se deitou em sua cama.
Me sentei no colchão, indignada com o que eu ouvia.
- O que? De novo não, mãe! Olha pra mim com e me diz se eu preciso de babá. Eu já tenho dezessete anos! - eu disse num tom bravo, me levantando da cama enquanto a olhava.
Além de ficar longe da minha mãe por longos dias, ainda tenho que aguentar Lucinha, a mulher que minha mãe contrata sempre que é chamada pra fazer viagens longas.
- Eu sei. Só não gosto de viajar e deixar você sozinha. Pense que não é uma babá, é só uma companhia. - minha mãe dizia enquanto puxava sua coberta e se tapava, parecendo querer acabar com aquela conversa e ir dormir.
- Sério mesmo que eu vou ter que aguentar Lucinha durante todos os dias que você estiver fora? - eu perguntei chateada.
- Luciana tá com problema na coluna e está sem trabalhar por um tempo. Eu chamei uma nova babá.
- Nova babá? Que nova babá? - perguntei novamente, já odiando aquela história.
- A filha de uma amiga minha está precisando de dinheiro e a mesma se disponibilizou a ficar com você durante os dias em que eu estiver na viagem. Qual é o problema? - minha mãe perguntou com sua voz de sono.
- O problema? Você me faz parecer uma criança que não sabe se cuidar. Mãe, eu tenho dezessete anos. - eu repeti minha idade, porque parece que minha mãe nunca entende isso.
- A babá vai vir amanhã e acabou. Ela tem praticamente sua idade, vocês até podem conversar sobre esses assuntos de jovens. De uma chance pra ela, filha. - ela dizia. - Agora boa noite, vou dormir porque tenho que acordar cedo. Eu te amo. - minha mãe disse enquanto bocejava, me fazendo sorrir.
Não consigo ficar brava com ela.
- Boa noite, mãe. Depois que dormir e estiver descansada, pense melhor na ideia de cancelar a vinda da babá amanhã. - falei baixo, ainda com esperança de conseguir me livrar.
Não recebi resposta, me fazendo crer em duas questões: Minha mãe dormiu sem perceber ou está fingindo um sono pra não ter que me responder e continuar com a conversa.