Matletas

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Quem aí curte matemática?

***

No dia seguinte, enquanto arrumava o material ao fim de mais uma aula de Cálculo Avançado, Izuku teve uma bela surpresa.

— Midoriya, não? — perguntou o professor Aizawa após pedir que ele se aproximasse de sua mesa. O homem inclinou-se para trás, sobre o encosto da cadeira, pingou um remédio nos olhos injetados e, depois de piscar algumas vezes, ergueu-os para Izuku. — Eu reparei em você, é claro. Se dá bem com números. Te chamei aqui porque quero te fazer uma proposta.

Uraraka surgiu ao lado de Izuku tão do nada que ele achou que ela brotou de um buraco do chão.

— Você vai chamar ele, não vai, professor? — perguntava ela cheia de esperança, dando pulinhos no lugar. — Ah, fala que vai chamar ele para o time, para o Matletas!

— Obrigado — disse Aizawa, puxando uma prancheta debaixo da mesa, girando-a para que ela não ficasse de cabeça para baixo para Izuku e estendendo a ele uma caneta — por arruinar a surpresa, srta. Uraraka. Não que isso importe.

— É aqui que eu...? Ah, certo. — Izuku assinou seu nome no espacinho indicado pelo professor. — Acho que vou gostar de fazer parte do time.

Uraraka parecia radiante.

— Vamos adorar recebê-lo!

— Com certeza — disse o professor sem um pingo de animação, voltando a se enrolar em sua coberta e relaxando os pés em cima da mesa. Ele descia a máscara de dormir sobre os olhos, mas parou quando chamou a atenção de Izuku e Uraraka, que saíam da sala. — Ouça, srta. Uraraka. Você e os outros devem ter percebido, pelo menos penso que sim, que ele não tem vindo às aulas. Certifique-se de que ele ao menos venha às reuniões, então.

A felicidade no rosto da garota oscilou, mas em um segundo ela se recompôs, acatou o pedido do professor e acompanhou Izuku até o refeitório. Como de praxe, a primeira mesa que ele verificou foi a dos poderosos, e nesse momento Uraraka suspirou ao seu lado.

— Eu realmente não queria ter que ir até lá — disse ela, e, para a surpresa dele, indicou a mesa AS PIORES PESSOAS QUE VOCÊ PODE CONHECER. Então seus olhos castanhos se arregalaram. — Ei! Você está com eles — Ela cutucou Izuku no peito —, você poderia ir lá falar!

— Falar? Mas o quê? E com quem?

— Com o Katsuki, ué.

Ah.

Mais uma vez Izuku foi lento para "pegar" os fatos. Afinal, sendo o Tetra-sei-lá-das-contas de campeonatos de matemática, Bakugou claramente era uma peça importante para o Matletas.

— É que não tem como — disse a ela. — Eu não ando mais com eles, sabe?

— Não? — Uraraka pareceu sinceramente surpresa, o que fez Izuku se perguntar onde ela estava quando as fofocas sobre a separação dele dos poderosos correu pela escola. — Ah. Bem, se é assim, fazer o quê? Vou lá. — E, lhe dirigindo um sorriso, disse: — Nos vemos, Midoriya.

E lá foi ela em direção aos poderosos.

Izuku demorou cerca de vinte segundos para se mexer. Enquanto esperava seu almoço na fila, sua cabeça pipocava pensamentos interessantes voltados às chances que tinha com Uraraka. Antes, quando estava com os poderosos, elas eram nulas, mas agora...

Não precisava mais se preocupar com o tal bordão "um amigo não pode ficar com a ex de outro amigo e blá blá blá". Na verdade, nem antes ele deveria ter se preocupado com isso, não quando Bakugou fazia questão de ser um babaca com ele e de mostrar que nem em mil anos consideraria Izuku um amigo. De toda forma, Izuku tinha o caminho livre, e, além disso, Uraraka não parecia receptiva a menções ao ex-namorado assim como não pareceu receptiva para tratar com ele sobre as aulas nas quais ele andava faltando.

Meninos Malvados | BakudekuOnde histórias criam vida. Descubra agora