É com isso que estou competindo?

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(favor não comentar sobre os últimos spoilers do mangá ou as autoras aqui entram em depressão)

***

Kacchan não deu sinal de vida pelo resto do dia.

Izuku tentou contatá-lo por mensagens, é claro, e ao fim do último período, com ele ainda sem aparecer, apelou às ligações. Não obteve nenhum retorno. Mais cedo, durante o almoço, Kaminari e Kirishima se perguntaram sobre o paradeiro do amigo, mas Izuku nada disse, pois saber o motivo do desaparecimento de Kacchan não o deixava mais perto de descobrir onde ele estava.

Seu único consolo foi ver que a situação desviou a mente de Kaminari para tópicos que não cobriam a mancada de Izuku para com o time de beisebol. Izuku supôs que ele devia achar que ele apenas passara mal, mas sabia que em algum momento teria de chamá-lo para uma conversa franca. Pelo menos eles conseguiram a vitória sem a sua ajuda, o que Izuku poderia usar de argumento; o time, no fim das contas, não precisava tanto dele.

Enquanto caminhava para casa depois da aula, de olho no celular, verificando se Kacchan respondera a alguma de suas dezenas de mensagens, Izuku teve uma bela surpresa quando um carro conhecido estacionou ao seu lado.

— Midoriya — cumprimentou Shinsou da janela com um aceno de cabeça —, tá a fim de um sorvete?

Dez minutos depois, estacionados diante de uma sorveteria da qual Shinsou saíra segurando um sorvete de mirtilo para ele e um de morango para Izuku, os dois se refrescaram em silêncio durante dois minutos até Shinsou dizer:

— Chata essa situação com a Kyoka.

Izuku o olhou hesitante. Sua relação com Jirou já estava bem determinada, mas, sobre Shinsou, não fazia ideia de em que pé estavam.

— Você... concorda com ela?

Shinsou, cujo braço estava pendurado para fora da janela, batucava a lateral do carro.

— Na verdade eu nem estava me importando. Mas de uns dias pra cá, depois que você se afastou da patricinha... você acabou sendo meio hipócrita, não acha?

Izuku engoliu em seco. Sabia que ele estava com uma certa razão e admitia que Jirou também estava, pois, de alguma maneira, ela previu o desencanto de Izuku por Ochaco muito antes dele mesmo.

Limpou a garganta e murmurou:

— Mas isso não dá o direito de ela falar daquele jeito comigo.

— Verdade. Por isso decidi ficar no limbo. — Shinsou lhe lançou um olhar meio duro, meio compadecido. — A Jirou não é a mais fácil das pessoas, você já deve ter reparado. Ela é uma boa amiga, mas é cheia de defeitos.

Foi a deixa para Izuku recordar algumas das mensagens de Kacchan:

"A Jirou que eu conheci não tinha um gênio 'meio' difícil, mas difícil pra caralho."

"Ela não vale a pena."

Pensou por um momento e concluiu que, se até Shinsou estava admitindo algo parecido com a opinião de Kacchan, não havia razão para Izuku se sentir mal por guardar mágoa da amiga.

— Ela anda azeda até comigo, sabia? — continuou Shinsou. — Queria que você soubesse que não é só com você. Ela vive no celular agora, o resto do mundo parece menos importante.

Izuku disse em voz baixa:

— O Kaminari também passa muito tempo no dele, mas ele nunca fica irritado com a gente.

Shinsou virou-se para a janela e abriu um sorrisinho, na opinião de Izuku, mais brando que irônico.

— Isso com certeza varia de pessoa pra pessoa. Enfim, só queria dizer que não concordo com essa situação.

Meninos Malvados | BakudekuOnde histórias criam vida. Descubra agora