Show de Talentos

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Depois da tarde no hospital veterinário, Izuku e o líder dos poderosos, mediante um acordo tácito, adotaram um relacionamento distante mas respeitoso.

Seu retorno aos poderosos surpreendeu o equivalente a zero pessoas. Depois do que Izuku fez por Oto, ninguém duvidava que ele fosse enfrentar quaisquer barreiras para se filiar a eles de novo, e mais: além dos poderosos, uma variedade de panelinhas pareciam querer contato com ele, inclusive — veja só — seus colegas de beisebol.

O tratamento que ele andou recebendo nas últimas duas semanas (chacotas, uniformes escondidos pela escola, pés estendidos para ele cair enquanto corria de base em base) desapareceu do dia para a noite. Izuku agora era bem tratado por todos, e até Monoma dispensou o sarcasmo por quase dois dias inteiros, um verdadeiro milagre.

No Matletas a situação não se diversificou. Os integrantes pareciam mais amistosos com ele. O conflito de outrora gerado por Izuku? Praticamente esquecido. E, agora que Katsuki estava comparecendo às reuniões semanais e parecia realmente dedicado ao compromisso, a equipe estava com as esperanças e os humores melhores que nunca.

Na reunião de segunda-feira, o prof. Aizawa decidiu encerrar as revisões básicas e subir de nível: testá-los na agilidade. Para isso, ele os mandou organizar as carteiras em um semicírculo em volta da lousa, que apresentava uma imagem independente exibindo uma pergunta e cinco opções de resposta. Izuku embasbacou-se na primeira vez em que viu o projetor — uma máquina que mudava a aparência da lousa conforme as vontades do prof. Aizawa, segundo explicou-lhe Uraraka. Já estava praticamente acostumado com os telefones celulares e aos poucos deixava de temer os computadores, mas isso? Isso era de outro mundo!

O prof. Aizawa lhes concedia um minuto para resolverem o cálculo e indicarem uma das alternativas como correta. Na primeira questão, Izuku, lápis preparado e olhos presos na projeção, estava verdadeiramente confiante enquanto ouvia o professor ler a pergunta em voz alta:

— Ouçam com atenção: "Os vértices de um triângulo têm coordenadas (0,0), (3,1) e (1,7), respectivamente. As retas que passam pelos vértices e por um ponto T no interior do triângulo dividem-no em 6 triângulos de mesma área. Sendo assim: a) T = (3,6); b) T = (2,4); c) T = (4/3, 8/3); d) T = (2,8); e) T = (2/3, 4/3)". — Aizawa os olhou e preparou o cronômetro. — Um minuto, contando agora.

Vinte segundos se passaram, com Izuku ainda na metade do cálculo, quando Katsuki se levantou e anunciou:

— Alternativa C.

Nem o professor nem ninguém pareceu se impressionar.

— Correto — disse Aizawa voltando a ajustar o cronômetro para um minuto. — Vamos para a próxima.

Uraraka levou dessa vez, e com apenas quinze segundos de resolução. E novamente ninguém (salvo Izuku) pareceu impressionado, mas os olhares afiados entre os ex-namorados não passaram despercebidos. Yaoyorozu e Tsuyu soltaram risadinhas maliciosas que por algum motivo fizeram Izuku sentir um peso no estômago.

— E lá vão eles — disse a mais alta.

E eles realmente foram. Ao fim de dez questões só deu Katsuki e Uraraka. Ele contabilizou um ponto a mais que ela, saindo-se o campeão do dia. Izuku, por sua vez, deixou a reunião sentindo-se o último dos últimos. Não imaginava que a agilidade seria tão difícil na prática. Não era só o cálculo e o tempo escasso, pois a pressão em saber que havia outras pessoas competindo com você era o que dificultava tudo. E assistir à rapidez com que aqueles dois resolviam os cálculos e anunciavam suas respostas transbordando confiança...

Caramba. Como ser igual?

Uraraka, notando sua frustração, ainda tentou consolá-lo no corredor antes de tomarem caminhos diferentes.

Meninos Malvados | BakudekuOnde histórias criam vida. Descubra agora