Travessuras ou... travessuras?

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Se havia um limite de goleadas que alguém poderia receber no tal FIFA, Izuku desconfiava que bateu o recorde.

Após vinte minutos com ele apanhando do controle do videogame e resultando num placar de 38 x 0, Kirishima e Kaminari decidiram ter piedade dele e trocaram de jogo. Crash, disseram, Izuku tiraria de letra. De fato, o jogo cujo protagonista era um antropomorfo criado em laboratório parecia mais fácil, porém Izuku desconfiava que se sairia um péssimo jogador diante de qualquer jogo.

Dito e feito. Depois de alguns minutos, Kirishima proclamou desistência.

— Cara, nunca vi alguém arrumar formas tão criativas pra morrer em Crash.

Kaminari, que jogava em seu telefone amarelo, concordou.

— Eu não conhecia umas quatro.

— Eu ainda acho que esse botão tá emperrado... — murmurou Izuku, girando com o dedão o que, mais tarde, descobriu se chamar a-na-ló-gi-co.

— Não tem nada de errado com o controle. Você que é ruim.

A fala veio do outro lado do quarto. Bakugou, sentado à escrivaninha onde se aboletou desde que chegaram e provavelmente perfazendo algum dever de casa, lançou a Izuku um olhar de desdém antes de se voltar aos cadernos.

Kirishima tirou o controle das mãos de Izuku.

— Tá, deixa eu jogar agora.

— Bora dupla? — Kaminari largou o telefone na cama e tomou o outro controle.

Izuku, abatido pela expulsão repentina, arrastou-se até a outra extremidade da enorme cama, de onde os assistiu recolocar o FIFA e jogar um contra o outro por um tempo.

Chateou-se. Até que estava começando a gostar do tal Crash...

Kaminari e Kirishima estavam ambos largados no colchão enquanto Izuku se sentava de forma recatada. Era-lhe esquisita a ideia de ficar tão à vontade no espaço pessoal dos outros, mas Bakugou, para sua surpresa, não parecia incomodado, então provavelmente já lhe era um costume. Na cabeceira, Izuku viu algumas revistas sobre moda, cosméticos e carros. Pegou uma qualquer para ler.

Minutos depois, Bakugou fechou o caderno num estalo e somente isso monopolizou a atenção de todos.

— Ok — disse ele e se ergueu. — A festa é em uma semana. Já decidiram onde vai ser?

Ciente de que ele falava com os outros dois, Izuku manteve-se quieto folheando a revista; ouvidos, porém, atentos. Festa?, franziu o cenho. Não tinha ouvido falar de festa nenhuma.

Kirishima marcou mais um gol em Kaminari.

— Temos três casas como opção.

— Quem se ofereceu desta vez?

— Momo, Iida e, saca só, Ashido Mina — respondeu Kaminari acotovelando Kirishima nas costelas, e seu tom risonho indicava algum episódio cuja referência Izuku desconhecia.

Bakugou refletiu.

— A da Momo é longe de tudo. E só haverá festa na casa da ex do Eijirou quando ela aprender a tirar o pó dos móveis e a lembrar de deixar papel higiênico nos banheiros — disse e então decidiu: — Vai ser na do Iida.

O "Tourão", pensou Izuku, nada feliz.

— Fechou, então. Mando mensagem pra ele mais tarde — disse Kaminari, que pegou mais um sanduíche de pasta de amendoim da bandeja que uma empregada trouxera há dez minutos, que continha sucos de laranja e barras energéticas sabor pistache. Bakugou rosnou que, caso uma migalha caísse nos lençóis, Kaminari teria de encomendar outros naquela mesma tarde. O loiro o tranquilizou e então mudou de assunto. — Aí, ouvi dizer que as gatas da torcida estão combinando de ir metade coelhinhas, metade gatinhas.

Meninos Malvados | BakudekuOnde histórias criam vida. Descubra agora