Ponto de vista: Maya
Ajeitei a saia e a camisa de botão, alisando ela com as mãos orgulhosa, enquanto entrava pelos portões da escola e encontrava a Margot, protegida contra o sol embaixo de uma arvore, me esperando.
— Ainda está por nascer uma pessoa que fique mais feliz em vir para a escola que você.
Ampliei o sorrido e cruzei os braços com os seus, guiando-a em direção a porta de entrada.
— Onde mais posso satisfazer a minha incansável busca por conhecimento e passar horas com a melhor amiga do mundo?
Revirou os olhos e abriu a bolsa, tirando um livro pesado de dentro dela.
— Como você é falsa. — Respondeu me entregando ele. — Se perder, rasgar ou ferir os sentimentos desse livro, meu irmão te mata. — Me alertou.
Observei o grosso livro de ciências que tinha nas mãos. O irmão da Margot estudava na Inglaterra, em uma das melhores universidades do país e conseguia, muitas vezes, livros que custariam a minha vida se eu precisasse comprá-los no Brasil.
— Ele vai embora na semana que vem, então mantenha essa coisa intacta e me devolva antes. — Completou, vendo como eu guardava o livro na mochila com veneração.
Concordei sorrindo afirmativamente, enquanto subíamos o degrau em direção aos corredores.
Contudo, não conseguimos chegar ao nosso destino. Fomos empurradas para trás por uma loira chorosa que corria em direção aos portões da escola como se sua vida dependesse disso. Consegui me equilibrar novamente tragando o palavrão enquanto Margot e eu caminhávamos, já com certa desconfiança, pelo início do corredor.
Murmurinhos preenchiam o ambiente e não me surpreendeu vê-lo parado, um tanto impotente, no meio do corredor que começava a esvaziar com o soar do sinal, indicando o início das aulas.
— Uau. — Escutei Margot suspirar ao meu lado. — Aquela era simplesmente a líder de torcida da escola.
A observei de soslaio e vi a coragem tão veemente em seus olhos da tarde anterior dissipar por alguns segundos.
— Perfeito. — Deu de ombros e chacoalhou o corpo, tentando se livrar do que quer que estivesse atormentando sua cabeça. — Menos concorrência.
Engoli em seco, seguindo minha amiga até a sala de aula com um peso estranho no peito. De alguma forma, eu parecia sentir que algo daria errado, mas não sabia como ser a pessoa a alertá-la sobre isso, sem ferir seus sentimentos.
— Formem grupos de cinco ou seis e abram o livro na página 15.
Escutei o ranger das cadeira e mesas ao se acomodarem enquanto formávamos grupos, seguindo a instrução da professora. Não me dei conta de para onde Margot havia me arrastado até que minha mesa se encontrasse em uma roda composta por outras quatro pessoas. Um garoto de cabelos loiros, alto e com olhar de quem nem sequer se lembrava do por que estava ali. Um garoto de cabelos castanho-escuro com um piercing no nariz que não parava de lançar olhares sugestivos a menina no grupo do outro da sala. Um garoto com óculos de grau que parecia realmente interessado no conteúdo do livro e Bernardo Belmonte, cuja mesa estava fucking milimetricamente na mesma exata direção que a minha.
Bufei, entendendo que nosso grupo estava destinado ao fracasso, a julgar pelo comportamento embasbacado de Margot, que não conseguia raciocinar com clareza porque estava ocupada demais babando pelo cara justamente a minha frente.
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10 encontros
Teen FictionMaya sempre teve claro o que queria conquistar na vida: ser uma cientista renomada e trabalhar em projetos importantes dentro de grandes empresas pelo mundo. Então, quando finalmente conseguiu ser aceita na melhor escola do Estado, sentiu que faltav...