Ponto de vista Maya
Abri a porta e o deixei entrar, com um sorriso que esperei que fosse despreocupado e descontraído, mas que tive certeza que havia falhado terrivelmente.
Escutei minha mãe gritar alegremente da cozinha que levaria um pedaço de bolo e suco ao quarto em apenas alguns minutos, enquanto eu o guiava pela escada até o segundo andar.
Observei sua calça jeans e a camisa vinha sem estampa. Algo casual, e mesmo assim muito diferente do conjunto de moletom que eu estava usando. Fazia calor lá fora, mas eu me sentia péssima e estava com febre. O que era estranho pois havia estado perfeitamente bem durante todo o dia na escola.
Tirei alguns livros da cama para que ele se sentasse, bem no momento que vi minha mãe entrar com dois pedaços de torta e dois copos de suco.
Seguindo até mim, de pois de cumprimentar sorridente a Bernardo, colocou a mão na minha testa e fez uma careta, informando que se a febre não baixasse, iramos ao medico antes de anoitecer.
Assenti sem discutir. Era uma batalha perdida.
— Como se sente? — Se aproximou, enquanto mamãe se despedia e fechava a porta atras de si.
— Como se um trator tivesse passado encima de mim. — Respondi, bocejando e sentindo que meus olhos pesavam. — Mas temos prova na semana que vem. Você estudou?
Eu sabia a resposta. Depois de ver as notícias aquela tarde sobre a campanha publicitaria, eu soube exatamente de onde vinham os burburinhos e porque o celular dele não parava de tocar, mesmo que ele estivesse na escola.
Seus olhos encontraram os meus e com cuidado, o escutei responder.
— Estou um pouco ocupado esses dias.
Assenti, desviando os olhos dele e observando com mais atenção do que era necessário, minhas próprias mãos.
— Entendo. Você precisa ir agora? — Perguntei, ainda sem encará-lo. Maldita gripe... Eu não sabia se o fato dos meus olhos queimarem se devia ao mal-estar causado por ela ou se era por outra coisa, bem mais difícil de sanar que isso.
— Eu posso não ter tempo para muitas coisas agora, mas você não é uma delas. — Respondeu, afastando alguns fios ondulados do meu cabelo dos olhos. — Eu disse que cuidaria de você.
Sorri. Ele não estava ajudando. De onde tinha saído essa criatura tão insuportavelmente encantadora?
Ele não podia ser menos tudo?
Todo mundo sabe que quantos mais temos nas mãos, mais medo temos de perder.
— Eu vi as notícias. — Disse. Eu havia prometido a mim mesma que não faria isso com ele novamente. Guardar o que sentia até que fosse tarde demais para conversar.
Assentiu, me observando cuidadosamente, enquanto eu continuava.
— É com isso que estará ocupado esses dias?
— Sim.
Suspirei, colocando a mão na testa e sentindo que queimava.
— Ainda vou morrer de ciúmes um dia. — Confessei. Era totalmente inútil negar. — Mas acho que vou ter que me acostumar com isso. Não estou disposta a abrir mão de você.
Vi seu corpo relaxar, como se ele esperasse que parte de mim quisesse dizer exatamente o contrário.
— Obrigado.
— Mas vocês precisam mesmo tirar fotos de casal? Não pode ser algo no estilo Margot e Matheus? Tipo ódio mortal? — Perguntei, fazendo uma careta, enquanto ele finalmente abria um sorriso, relaxando.
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10 encontros
Teen FictionMaya sempre teve claro o que queria conquistar na vida: ser uma cientista renomada e trabalhar em projetos importantes dentro de grandes empresas pelo mundo. Então, quando finalmente conseguiu ser aceita na melhor escola do Estado, sentiu que faltav...