Ponto de vista: Maya
Lembra da líder de torcida linda que havia saído correndo chorando e que quase havia derrubado Margot e eu na entrada da escola semanas atras?
Bom, ela era o quarto encontro do cara que estava começando a me fazer perder noites de sono.
Diferente das demais, Luísa não fez um grande espetáculo no refeitório aquela semana, buscando marcar território ou buscando ganhar fama com aquela história toda.
Ela simplesmente entrou na sala, no início do intervalo, pedindo perdão pela interrupção de forma educada e dirigiu-se a mesa de Bernardo, antes que ele saísse para o refeitório.
— Eu uhm... queria combinar sobre o que vamos fazer na sexta. Do que você gosta? — Perguntou educadamente, como uma pessoa normal e não como uma insana, que era exatamente como as demais estavam se comportando.
Guardei minhas coisas na mochila, sentindo algo queimar no peito. Ela havia sido a primeira garota que havia perguntado a ele isso depois que toda essa história havia começado.
Senti os olhos dele sobre mim, cravados nas minhas costas, mesmo que não o estivesse vendo. Fechei o zíper da minha mochila mais lentamente do que de costume. Eu sabia que não deveria, mas não pude evitar querer saber o desfecho daquela conversa.
— Tem um restaurante perto da minha casa. — A escutei continuar. — Vendem comida japonesa e eles nunca estão cheios demais. Ou se você preferir, podemos ir ao cinema...
O escutei limpar a garganta, enquanto respondia distraidamente.
— O que você quiser, por mim tudo bem.
A escutei sorrir com uma esperança renovada, enquanto respondia voltando a caminhar ate a porta:
— Vamos ao restaurante então. Teremos mais tempo para conversar assim. Te vejo sexta as 19hs?
— Ok.
Coloquei a mochila de volta na cadeira e me dirigi em direção a porta, como se cada parte do meu corpo não estivesse tremendo de tensão.
— Maya.
Parei sem desviar os olhos da porta, enquanto os poucos alunos que ainda estavam na sala, saiam, nos deixando sozinhos.
— Estamos bem?
— Sim. — Respondi, ainda sem olhar para ele. — Estamos bem.
Caminhou até o meu lado e tirou um ingresso do bolso.
— Nos vemos no sábado. — Sorriu e piscou para mim, colocando o ingresso na minha mão.
Assenti, querendo ignorar por completo que estava começando a sentir algo que não tinha o direito de sentir.
Porque aquilo tinha sido ideia minha, e já não podíamos voltar atras.
Na sexta-feira Bernardo não me ligou pedindo para me ver tentando fugir de um encontro no qual não queria estar. Não existiram vídeos escandalosos sobre ele e Luísa nas redes sociais, nem loucuras como correr vinte vezes por um campo de futebol.
Observei a tela do celular, suspirando enquanto uma sensação estranha queimava dentro de mim. Tentei me refugiar nos livros, mas não pude me concentrar e eu sabia o porquê.
Talvez Luísa fosse o último encontro de Bernardo. Eles tinham muito em comum. Beleza acima da média, boas notas, popularidade.
Tentei negar a minha estupidez, sorrindo sem vontade, enquanto me deixava cair na cama e colocava os fones de ouvido.
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10 encontros
Novela JuvenilMaya sempre teve claro o que queria conquistar na vida: ser uma cientista renomada e trabalhar em projetos importantes dentro de grandes empresas pelo mundo. Então, quando finalmente conseguiu ser aceita na melhor escola do Estado, sentiu que faltav...