Ponto de vista: Maya
Me joguei na cama exausta. Margot tinha ficado me atormentando por horas, jogando todas as roupas do meu armário no chão e resmungando que não havia nada ali que pudesse ser considerado digno desse momento.
Eu havia tentando argumentar que não existia "momento" nenhum que precisasse ser digno. Tudo aquilo era um terrível engano, fruto do meu temperamento irracional depois do que tinha acontecido no refeitório com ela aquela semana.
Mas ela não estava me ouvindo.
Claro.
Deixei que ela escolhesse um vestido que minha mãe havia comprado para que eu fosse na festa de 15 anos da minha prima no ano anterior e a fiz acreditar que eu usaria mesmo ele no dia seguinte.
Eu não queria mais discutir.
Já eram dez da noite quando minha amiga decidiu ir embora e o silencio, finalmente, invadiu meu quarto.
Observei o céu estrelado pela janela e fechei os olhos, relaxando um pouco, enquanto a brisa morna entrava, fazendo as cortinas dançarem.
Por algum tempo, permaneci assim. Então meu celular vibrou ao meu lado e, voltando a realidade, apoiei-me nos cotovelos e desbloqueei a tela.
"Você sabia que existe uma faculdade de administração de empresa que te deixa acompanhar todos os períodos da noite, como uma espécie de teste drive, para chamar a atenção de novos futuros alunos?"
Observei a tela do celular e li a frase várias vezes, piscando para o aparelho confusa, tentando entender o que ele queria dizer com aquilo.
"Suponho que seu encontro tenha sido muito divertido."
Respondi, sem conseguir evitar rir um pouco quando finalmente percebi onde Veronica o havia levado aquela tarde.
"Original, não posso negar."
"O que ainda esta fazendo acordado a essa hora? Pensei que supermodelos dormiam cedo para preservar sua beleza"
"Não consigo dormir, mas obrigado"
"Pelo o que?"
Sentei-me, cruzando as pernas na cama, observando o celular.
"Por me achar bonito"
Senti o rosto queimar, enquanto observava o aparelho horrorizada.
"Foi uma forma de expressão"
Respondi rapidamente, enquanto me movia inquieta na cama.
"Então, você não acha?"
"Por que te interessa o as pessoas acham ou não?"
"Eu não me interesso por todas as pessoas"
"Bernardo, eu sei que minha atitude explosiva naquele corredor te ocasionou muitos problemas com os quais você terá que lidar por 10 semanas, mas poderia, por favor, parar de me torturar? Eu tenho uma media escolar para manter nos trilhos e..."
"Te vejo amanhã as 1pm. Devo ir a sua casa?"
"NÃO!"
Não me dei conta de que havia mandado um não tão maiúsculo até a mensagem ter sido enviada. Mas nem morta eu ia deixar um super modelo que se achava o máximo me buscar em casa no fim de semana para que meus pais surtassem com possibilidades que não existiam.
Suspirei pesadamente, me dando por vencida.
"Onde você quer que eu vá?"
Perguntei, observando a tela do celular derrotada.
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10 encontros
Teen FictionMaya sempre teve claro o que queria conquistar na vida: ser uma cientista renomada e trabalhar em projetos importantes dentro de grandes empresas pelo mundo. Então, quando finalmente conseguiu ser aceita na melhor escola do Estado, sentiu que faltav...