Namorando

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Ponto de vista: Maya

Encostei a cabeça na parede do corredor. Minhas pernas ainda tremiam e eu estava segura de que estava prestes a ter um ataque de pânico.

— Maya?

A voz dele me trouxe de volta.

Abri os olhos para encontrar os dois pontos dourados dos olhos dele, me observando um pouco preocupados.

— Acho que vou desmaiar.

Respondi sinceramente. Eu não queria parecer tão estupida, mas naquele exato momento, não conseguia me importar com isso.

Sorriu, passando a mão nos cabelos e se aproximando mais de mim, causando um burburinho não desejado pelas pessoas que passavam pelo corredor.

— Eu vou cuidar de você.

Suspirei pesadamente, sentindo que aquilo não ajudava. Ele estava próximo demais, havia pares de olhos demais nos observando, mesmo que tivéssemos "fugido" do refeitório.

— Bernardo, eu não vim para a escola dos meus sonhos para isso... minha cabeça está latejando. Eu não sei que rumo as coisas estão tomando agora mesmo...

Segurou a minha mão. Entrelaçando os dedos com os meus, enquanto se aproximava ainda mais, para que somente eu pudesse ouvir o que ia dizer.

— Tarde demais... eu estou completamente...

— Essa é a minha melhor amiga! — Escutamos a voz de Margot estridente ao nosso lado, enquanto olhava de Bernardo para mim, com entusiasmo. — Todos os canais de notícia, oficiais ou não, da escola estão falando de vocês. — Disse me passando o celular. — E algumas revistas online também.

Peguei o celular da mão dela, arregalando os olhos enquanto lia post por post. Nós éramos Trend. 

Eu ia vomitar.

Vi quando Bernardo a fitou com reproche contido. Quando foi que eles começaram a trocar olhares desse tipo? Tudo estava acontecendo rápido demais. Meu mundo estava virando do avesso rápido demais.

— Calma, Maya. — Margot tentou amenizar, colocando a mão no meu ombro tremulo. — Também não é para tanto! Logo todo mundo se acostuma e já ninguém comentará sobre isso...

A olhei com esperança, mas era evidente que nem ela acreditava na mentira que estava dizendo.

E como se o destino quisesse mostrar totalmente o oposto, um grupinho de alunas voltando para a sala passou ao nosso lado no exato momento que o sinal, indicando o fim do intervalo. Elas me olharam de cima a baixo e fizeram uma careta de reprovação que não tentaram ocultar.

Eu notoriamente não estava no top da lista de garotas com as quais elas tinham pensado em ver Bernardo junto um dia.

Não que eu me importasse.

Mas esse tipo de distração não era exatamente o que eu estava buscando para subir a minha média escolar.

Caminhei em direção ao portão de saída suspirando pesadamente, deixando toda aquela adrenalina contida durante as últimas horas de aula daquele dia caótico, extravasar.

Quase tinha chegado ao meu objetivo, que era qualquer lugar além dos limites da ENS, quando senti seus dedos acariciarem os meus, enquanto sua mão fechava em torno da minha.

Senti meu corpo tensionar, observando ao redor. Mas fui invadida por uma sensação de paz que me surpreendeu quando ele apertou a minha mão entre a sua, caminhando ao meu lado, como se ninguém mais estivesse observando.

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