Era oficial, meu humor estava péssimo. Não sabia bem o que era, mas desde de manhã sinto que estou pronta para gritar com o primeiro que me atravesse. E era como se eu estivesse esperando por isso também, como se quisesse muito gritar com alguém naquele momento. Sabia que os pobres empregados da casa não tinham nada haver com isso, por isso me controlei. Mesmo que minha mãe tivesse um pouco de culpa, me deixando quase completamente maluca com os preparativos para a festa, eu sabia que ela também não era a fonte de tudo que estava acontecendo.
Olhava para janela enquanto ouvia minha mãe de fundo, dar um chilique de cinco minutos porque os guardanapos eram um tom mais claro do que ela gostaria. Sabia que a única escolha racional era declarar guerra a tudo e todos naquele dia. Ao mesmo tempo, me sentia exausta demais para isso, não importava quanto descansava nesses últimos dias, parecia sempre estar alerta e as minhas palavras ficavam cada vez mais pesadas de sair.
Acho que as coisas começaram depois da noite no celeiro com Castiel, quando eu me tornei muito autoconsciente do que estava fazendo, isso trouxe a culpa. Por mais que eu odiasse sentir aquilo, não poderia evitar, ficar perto daquele alfa só fazia eu pensar sobre o outro e então, infelizmente, meu marido ocupava a minha cabeça o dia todo e então ficava me remoendo o resto de dia que me sobrasse.
Quer dizer, faz mais de uma semana que a sua esposa saiu do condado sem falar com você e nem ao menos uma carta você pensa em mandar? Não é como eu quisesse uma carta daquele homem, mas ele deveria ter pelo menos a decência de mandar uma, afinal, foi ele que errou. Mas não, de novo eu tinha que me contentar com seu silêncio, fazer o que eu quisesse com aquilo, pouco importava a ele. Estava farta daquele alfa, mas me sentia culpada demais de andar com o outro alfa e sem minha irmã ou Elizabeth aqui, as palavras certas para mim eram “completa solidão”.
Bufei e fechei meu livro que me acompanhava desde de manhã, mas que não conseguia concentração o suficiente para ler em nenhum momento desde então. Estava cansada, minha cabeça doía e não ouvia nenhuma palavra de conforto a dias, não poderia passar mais por aquilo. Me privar de algo por causa do meu marido, que não está nem aí para a minha existência. Senão, já teria mandado uma maldita carta ou algo equivalente. Odiava esse sentimento.
Odiava sentir que precisava da sua atenção ou algo do tipo. Talvez eu precisasse de atenção, ninguém gostava de viver solitária, mas não necessariamente da sua. Era o que pensava para me sentir melhor, era bem melhor estar solitária do que estar com saudades dele. Quer dizer, não tinha nada para sentir falta do silêncio que resume meu marido, a não ser que eu tente contrariá-lo de alguma forma, era ridículo. Não queria mais viver sob aqueles termos e não estava fazendo nada de errado. Era o mantra que iria usar para a decisão que estava prestes a tomar. Não poderia mais me sentir culpada por ir atrás do único amigo que eu tenho.
Apesar de saber que as coisas não eram tão simples assim, deveria ser. A partir de agora, não iria mais ficar me remoendo por um alfa que não teve a decência de mandar uma carta para sua espos
— Eu vou tomar um ar, mamãe, encontro você para o jantar? — perguntei e ela assentiu, sem me olhar, ainda ocupada em seus guardanapos. Foi melhor, talvez se ela me olhasse pudesse rapidamente reconhecer o turbilhão de emoções que eu estava.
Me sentia tão amargurada e insensível naqueles dias, talvez isso tenha colaborado com meus passos até o jardim. Claro que vozes na minha cabeça gritavam que aquilo era errado, que cada vez mais eu me aproximava de um local muito perigoso com Castiel, mas ao mesmo tempo, eu não me proibiria de ver a única pessoa que parece disposta a conversar comigo nessa casa por uma coisa que ainda não aconteceu e não vai acontecer. Não era como se eu fosse imune à beleza de Castiel, ainda era difícil, mas não era por causa disso que eu estava indo até ele, então não era difícil mesmo negar seus avanços. Caso eles acontecessem.
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Pure《ABO/Lysandre • Concluída》
Fanfiction{Concluída} Liana Henderson é uma ômega lúpus nascida em uma família de um lorde feudal. Ela não deseja nada além de liberdade e poder aproveitar seus hobbies, além de ter uma boa vida ao lado de sua irmã, Rosalya Henderson, também uma ômega lúpus...