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— Não está quente aqui? — perguntei, usando as mãos para me abanar um pouco. Minha irmã tirou os olhos da paisagem e me olhou, erguendo as sobrancelhas, provavelmente contrariada com a pergunta.

— Estamos no outono, Liana, quem me dera estivesse quente aqui — sua resposta não era em um tom mal humorado. Mas também não era nada amistoso, sabia que minha irmã odiava o inverno. Sorri um pouco, querendo mexer com ela.

— Às vezes, eu completamente esqueço da sua falta de noção em preferir o verão — debochei e minha irmã me olhou feio — sendo uma mulher e tendo que usar trinta camadas de roupas sempre que saí para qualquer lugar, o outono deveria ser seu amigo — olhei para frente e me remexi na cadeira, tentando acalmar aquele calor. Me concentrei na paisagem que era nossos maridos praticando seu esporte e tentei não pensar muito nisso.

— Não me surpreende que você não goste do sol, sendo essa criatura da caverna com essa pele pálida. Entendi que prefira bater os dentes por aí — minha irmã não tinha um pingo de arrependimento em sua voz enquanto me insultava. Acabei rindo um pouco.

— Você é uma verdadeira peste — ela riu, parecendo orgulhosa de seu comentário — o dia que você puder fugir do calor colocando um casaco, acho que vamos poder ter uma conversa civilizada — tomei um gole do meu chá, orgulhosa com o resmungo que veio de minha irmã.

Apesar de estarmos nos provocando, o clima estava muito bom. Não podia negar o quanto sentia falta daquela peste e seus comentários. O clima realmente andava bom nos últimos dias, na última semana desde tudo que aconteceu. Lysandre ainda estava trabalhando muito e viajou uma vez, voltando ontem. Eu o esperei por estar muito inquieta e ele sugeriu que fossemos dar esse passeio, tirar um dia de folga. Mesmo que eu soubesse que tinha algo que ele não estava me contando sobre o seu trabalho, não quis discutir e aceitei, gostando da ideia. 

Era ótimo também porque se eu ficasse mais tempo do que já estava na estufa, ia começar a falar com as plantas, tinha certeza. Nomeá-las e tudo mais. O descanso era merecido.

Além do mais, a situação ia e voltava com Lysandre. A marca já não doía mais tanto assim sem sua presença, claro eu ainda ficava um pouco inquieta sem ele por perto, mas estava melhor. Contei a ele e Lysandre e pude sentir ressentimento vindo de si, sem entender muito bem o porquê. Depois, ele voltou a trabalhar como sempre e não se juntava mais às refeições como antes, as coisas tinham voltado alguns passos entre nós e eu não sabia bem o porquê. Suas reações eram muito voláteis e eu nunca sabia o que contar a ele realmente, isso me deixava frustrada, mas não tinha muita coisa que eu pudesse fazer sem admitir coisas que eu não estava nem pronta para pensar sobre. 

Eu só esperaria ele voltar como andava fazendo e tentaria entender um jeito melhor de abordá-lo. O único problema dessa estratégia era esperá-lo. Mas, não podia deixar de entender ele, passando tanto tempo sozinho e com a quantidade de responsabilidades que ele carrega, não sei explicar, às vezes fico pensando se não faria o mesmo em seu lugar se não soubesse o que meu parceiro estivesse passando. O que me leva ao ponto inicial que eu deveria me comunicar, mas tudo é bem mais simples de falar do que fazer. Então eu raramente era muito direta.

Por isso fiquei feliz quando ele sugeriu esse passeio, mostrava que se importava e isso me dava um pouco mais de segurança que ele estava de volta, de alguma maneira.

— E como você está? Fora um fenômeno natural acabando com você — brinquei, me virando a ela novamente.

— Bom, você sabe, Leigh anda ocupado — colocou sua xícara de volta no pires e depois na mesa, suspirando um pouco — eu tento me ocupar, sei que nem toda sua atenção tem que ser para mim, nem desejo isso. Eu pinto bastante, mas fico rapidamente entediada — mexeu em seus dedos, parecendo perdida em pensamentos — mas tem uma coisa que aconteceu que não saí da minha cabeça.

Pure《ABO/Lysandre • Concluída》Onde histórias criam vida. Descubra agora