Ⓒⓐⓟⓘⓣⓤⓛⓞ ⓍⓍⒾⓍ

66 5 1
                                    



Tinha algo muito estranho acontecendo naquele momento. Pisquei algumas vezes, achando que eu podia estar maluca. Olhei para Lysandre e ele também me olhava, um pouco surpreso. Comecei a ficar preocupada de não ter apenas alucinado o que tinha acabado de acontecer. Vi meu marido piscar algumas vezes também e de repente uma memória de ontem a noite acabou me acertou de forma certeira.

Estávamos deitados na cama e abraçados, quase dormindo e jurava ter escutado Lysandre dizer "podia ficar assim para sempre" e eu lembro de concordar com ele, mas agora pensando sobre o que aconteceu, não lembro de não ter verbalizado nada disso. Nem ouvir meu marido falando também. E foi exatamente a mesma coisa agora, ouvi algo em minha cabeça com sua voz e estava pronta para responder, quando percebi que ele não tinha dito nada.

- Você acabou de falar em minha cabeça? - perguntei e saiu tão absurdo quanto eu esperava. Lysandre pareceu sem reação.

- Sim? - ficou confuso - desde quando podemos fazer isso? - parecia sem jeito. Dei de ombros, igualmente confusa.

- Você acha que foi o seu cio? - perguntei um pouco baixo e me inclinei na sua direção. Mesmo que não tivesse alguém ali, mas podia chegar.

Foi quando Gerald coçou a garganta, se fazendo presente. Dei um pequeno pulo em minha cadeira, assustada. Eu sempre pensava em coisas um pouco doidas, mas quando uma de minha neuroses acontecia era realmente surpreendente, não posso mentir. Olhei e o mordomo estava acompanhado de minha irmã e meu cunhado, claro, sua presença era esperada por nós dois. Mas mesmo assim, que momento terrível para aparecer.

Mesmo assim, me levantei e fui abraçar minha irmã, que me recebeu aos risos, acho que ela ouviu um pouco da conversa. Ignorei, estava feliz em vê-la. Assenti para meu cunhado com um sorriso que ele retribuiu, indo se sentar na mesa. Segurei minha irmã pelos ombros, contente em vê-la.

- Como você está? - minha pergunta saiu com mais preocupação do que eu esperava. Depois de tudo, não imaginava como ela estava lidando com tudo.

- Oh, dadas as circunstâncias, vou bem - deu de ombros e então voltamos para nossos lugares - você sabia, minha irmã, que eles pretendem ir até o palácio sozinhos? - seu tom era um pouco contrariado. Assenti um pouco hesitante.

Claro que eu estava preocupada com eles, até com o fato de que eles poderiam não voltar, mas sentia que seria um peso morto indo até o palácio. Lysandre teria que ficar se preocupando comigo o tempo todo e não se focaria em seu objetivo que era trazer justiça aos seus pais, então não havia pensado em ir ainda. Mas é uma situação complicada, não sabia o que fazer.

Ela quer ir.


E então Lysandre e eu nos olhamos, sem jeito. Rapidamente olhei para minha irmã e ela ergueu as sobrancelhas, ainda um pouco contrariada.

- Já disse a minha esposa o quão perigoso é o que queremos fazer, mas ela não escuta - Leigh retrucou e eu suspirei. Eu era obrigada a concordar com ele.

- E eu já disse que não aceito essa resposta - fiquei surpresa com sua atitude, minha irmã sempre foi emotiva, mas nunca sem razão, então fiquei intrigada com seus motivos - você quer que eu aceitei que apenas vai e espere sentada seu retorno? Quando nem sei se vai retornar, em que condições, já disse que não aceito e ponto - resmungou, virando o rosto dele. Leigh suspirou.

Comecei a entender o que ela estava dizendo. Olhei para o lado e Lysandre tinha um olhar preocupado. Me pergunto se a melhor escolha não seria ir, realmente. Claro que nos últimos dias tudo que eu pude oferecer a ele foi algum tipo de distração da minha companhia. Mas percebi que meu marido estava lutando por sua família e pela nossa, que iríamos construir algum dia. E não queria que ele lutasse sozinho, não realmente. Mas acabei aceitando que só atrapalharia pela minha falta de conhecimento nessas situações, mas não queria dizer que eu não deveria tentar.

Pure《ABO/Lysandre • Concluída》Onde histórias criam vida. Descubra agora