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Fechei meu livro, suspirando e olhando em direção a janela. Estava contando as horas a esse ponto, mas eu sabia que ela não iria embora tão fácil, então não podia parar de me perguntar o que ela estava fazendo agora. Sem Lysandre por perto, me sentia mais à sua mercê, meu marido estava resolvendo algumas coisas com seu irmão que eram de certa urgência. Por isso, foi brevemente até a propriedade dele e voltaria antes do final da tarde e isso me deixaria com a princesa por algumas horas, o suficiente para que ela achasse onde esconder meu corpo, era o que passava na minha cabeça.

— Oh, duquesa, estava justamente procurando por você — e como se o destino quisesse me caçoar, ali estava ela. Entrando em minha biblioteca. Fiz uma leve reverência com minha cabeça e corpo e então, ela sentou-se à minha frente. Onde geralmente meu marido costumava ficar — que bom que finalmente ficamos a sós, já estava achando que não iria acontecer antes da minha visita terminar — pude observar de canto de olho suas damas paradas na frente da porta, quase que fazendo uma barricada.

— Algum assunto em especial, vossa majestade? — e então voltei a olhar para ela, colocando meu livro sob a mesa. Não me deixaria ser mais intimidada por ela. Qualquer coisa que ela tivesse agora seria um terrível ato de desespero.

— Nada demais, apenas gostaria de perguntar uma coisa — ela colocou uma perna sob a outra e então as mãos em seu colo, com uma postura perfeita e um sorriso muito meticuloso em seus lábios — Você está feliz? Sua vida no ducado é agradável? — e então aquele tom de inocência.

Não pude evitar de ficar completamente contrariada naquele momento. Ergui minhas sobrancelhas e parecia que eu não havia escutado direito sua pergunta. De tudo que ela poderia dizer, porque aquilo? Não sabia nem como começar a responder e ela rapidamente notou.

— Eu digo isso porque você é uma esposa, duquesa. No fim, uma boa esposa para Lysandre — ela então me olhou de cima para baixo, mas pude sentir seu desprezo — e esposas apenas precisam disso, não é? Serem felizes, gostarem do lugar que moram, a atenção do marido, você teve sorte, têm os dois. Algumas não tem nem um e nem o outro — disse, ainda de forma muito casual.

— Receio que não consigo entender aonde sua majestade queira chegar — tentei não demonstrar muito descontentamento — está preocupada com o meu bem-estar, é isso? — provoquei, não era meu melhor momento, mas as coisas que ela estava dizendo eram absurdas para mim.

— De certa forma, sim, você está correta. Me preocupo com o seu bem-estar — parou um pouco, parecendo ponderar. Mas algo me dizia que suas palavras já estavam bem ensaiadas — você não está nesse casamento porque quer, não consigo entender o porquê de Lysandre ter se apaixonado por você, mas você tem as três coisas e é isso que precisa para ser feliz, não é mesmo? — me assustava o quanto ela estava apenas sendo sincera naquele momento. Bom, não totalmente, mas o mais sincera que eu tinha a visto ser. Mas não recuei, não quando tudo isso parecia um grande golpe que não chegaria a lugar nenhum.

— Você fala muitas coisas da qual não está totalmente informada sobre, vossa majestade — disse, calmamente e senti seu maxilar trincar. Esse era o mais diretamente que eu havia a insultado em nossas interações, acho que ela não estava esperando — e diz como se eu pudesse viver longe de meu marido — voltei a encará-la diretamente.

Não me abalei com suas palavras, sabia que ela usaria qualquer coisa para me manipular naquele momento. Não sabia se ela estava tentando me trazer para o seu lado, como se eu fosse apenas entregar meu marido para si se ela conseguisse me convencer. Que tipo de vida ela leva para achar que isso é realmente uma possibilidade?

— Não é nada demais, duquesa — ela suspirou, colocando as mãos sob o encosto do sofá e olhou para a janela — a paixão de Lysandre irá passar, como as estações vêm e vão. Tenho certeza que no fim, ele escolherá certo, mas não quero ofender a você. Sei que não está nesse casamento ao seu gosto, então apenas queria que ficasse confortável quando tudo acontecesse — falou como se não fosse nada demais. Quis suspirar, mas não deu a ela esse gosto — não sei o que vai ser de você, mas gostaria de estar com a consciência limpa sobre o assunto — olhou as unhas bem feitas e então voltou a olhar para mim, com tamanho desrespeito.

Pure《ABO/Lysandre • Concluída》Onde histórias criam vida. Descubra agora