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Arrumava minha mala um pouco empolgada demais, na verdade. Estava morrendo de vontade de ir para casa e essa semana havia passado cruelmente devagar, eu não via a hora de sair dessa propriedade. Depois que Lysandre voltou de sua casa de campo, há seis dias atrás, as coisas têm sido piores a cada dia.

Ele voltou como se nada tivesse acontecido, como se ele nunca tivesse me ferido e eu claro, não poderia aceitar esse tipo de comportamento, mas não achava que ele merecia meu tempo nem minhas palavras, por mais dolorosas que eu queria que elas fossem para si. Não queria dar a ele o gosto de ter me ferido, porque não me importava realmente, eu estava fazendo isso apenas para que tivéssemos uma relação melhor, então se ele me nega, a culpa é toda dele que este casamento é miserável e eu lavo minhas mãos. Eu não era tola de continuar lutando por algo assim depois do que aconteceu.
Mesmo assim, ele ainda assim, agia como se nada tivesse acontecendo. Aparecia na biblioteca para ler quando eu estava, ou mandava Gerald me chamar para o jantar. E sempre que ele aparecia, eu saía e ia ler em meu quarto e negava o pedido, mesmo que recentemente Gerald tenha começado a protestar um pouco, o que eu ignorava. Não estava nem aí para o que o duque iria achar, talvez assim ele ganhasse um pouco de noção sobre as consequências de suas ações.

— Peça para Gerald avisar o duque que eu estou saindo para minha casa e só retornarei semana que vem — pedi a Lizzie após ela me ajudar a terminar de fazer minhas malas. Ela me olhava de forma curiosa, de novo, provavelmente querendo saber o que aconteceu. Mas ainda era muito vergonhoso de contar, eu não tinha coragem.
— E por que a senhora não diz você mesmo? Ou, na verdade, convida o seu marido para o aniversário de seu pai? — ela disse, indo até a porta, parecendo muito convencida de sua pergunta.
— Porque meu marido é o homem mais desprezível de todo esse condado e o dia que eu tiver que falar com ele novamente será em meu leito de morte — disse, de forma muito sucinta e calma. Elizabeth arregalou um pouco os olhos, surpresa com meus xingamentos.
Mas ela logo assentiu e saiu de meu quarto, parecendo desistir de convencer-me. O que era ótimo, porque era uma perda de tempo, visto que eu estava decidida.

Era o plano perfeito na verdade, eu estava muito orgulhosa dele, infelizmente precisei da ajuda de Lysandre. Precisei de alguns lenços e cachecóis dele para a viagem, felizmente pedi por Gerald e ele nem teve coragem de vir me entregar ele mesmo, provavelmente desconfiando que algo estava errado. E então eu diria a meus pais que ele estava ocupado com trabalho e não poderia comparecer e então avisaria ele apenas no dia que eu estava saindo, por isso não teria tempo de preparar-se para me impedir ou tentar ir junto ou algo assim, sei lá o que ele pensa.
Enfim, eu estava quase cantando de felicidade de poder voltar a minha casa, minha verdadeira casa. Infelizmente, Elizabeth não poderia ir junto e nem Luna, já que ela não era um cavalo de carruagem e precisaria de mais pessoal para levá-la e eu não queria que ninguém tivesse mais trabalho por minha causa. Então decidi que Luna ficaria.

[...]


Acho que o destino estava pregando uma peça em mim. Alguma entidade lá em cima, estava brincando comigo, de alguma forma.

Quando cheguei na propriedade de meus pais, fui recebida por eles, Rosalya e Leigh não haviam chegado ainda, só chegariam no dia seguinte. Meus pais questionaram sobre Lysandre e eu apenas respondi o que já havia planejado, que ele estava ocupado com o trabalho para o rei. Meus pais não questionaram muito como eu previ, já que se tratava do rei e isso era indiscutível entre os nobres, infelizmente. Mas pude usar em minha vantagem, pelo menos.

Estava tudo como eu lembrava, mesmo que não fizesse tanto tempo que estava em casa, algo em mim achava que tudo mudaria porque eu tinha mudado tanto nessas semanas. Mas não, estava tudo como eu havia deixado. O que, na verdade, me deixou mais tranquila, era bom estar de volta em casa. Acabei passando a tarde com meus pais, conversando sobre as festividades que viriam, estavam todos muito empolgados com o baile, minha mãe principalmente. Eu só pensava em como poderia fugir daquela festa após alguns minutos.
Isso acabou me despertando uma saudade que nem sabia que tinha até pensar nisso. Eu sempre acabava fugindo para conversar com ele, me pergunto como está agora que eu não o via mais todo dia. Meu coração ficou um pouco apertado, só de pensar em vê-lo novamente. Mas não sabia se isso era adequado em minha situação.

Pure《ABO/Lysandre • Concluída》Onde histórias criam vida. Descubra agora