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Neguei com a cabeça novamente. Ouvi um suspiro de Elizabeth e então ela foi até a porta, ouvi alguns cochichos e ela voltou logo depois. Estava feito novamente, havia negado sua visita. A ômega sentou ao meu lado e colocou a mão em meu braço, com o semblante realmente preocupada. Me sentia acabada demais até para me sentar naquela cama e comer a refeição que ela havia trago para mim. Infelizmente, não foi a primeira vez e nem será a última que fiz isso nos últimos dias.

— Você gostaria de visitar sua irmã ou pedir que ela venha até aqui? — seu tom de voz era suave, diferente de sempre. Eu me sentia pior quando sabia que ela estava preocupada dessa maneira, mas não podia evitar, eu acho que havia desistido de vez.

Neguei com a cabeça novamente, a última coisa que eu gostaria naquele momento era preocupar minha irmã. Ficaria mais patético ainda, já não basta essa sensação horrível dos últimos dias. Não teria como explicar ou mascarar o motivo de minha dor para ela, não conseguiria, eu colocaria tudo para fora. Desde o início. Me sentia horrível, amargurada e espinhosa, não queria falar com absolutamente ninguém, me sentiria pior e mais idiota do que nunca. E eu sentia que era o suficiente para mim pelo momento.

— Liana, você precisa me dizer o que está acontecendo — Elizabeth parecia suplicar com os olhos. Balancei a cabeça, não queria por aqueles momentos em palavras, ficaria tudo ainda mais real, eu diria tudo e então essa seria minha realidade a partir de agora. Uma esposa esquecida e patética. Não podia acreditar que era esse meu papel agora — Já faz quase uma semana que você está assim, eu me preocupo e… — comecei a chorar copiosamente ao ouvir suas palavras.

Eu nem havia percebido que uma semana havia se passado e eu ainda estava ali. Deitada, paralisada pelos últimos acontecimentos. Eu fui tão burra, tão estúpida de achar que tudo estava acontecendo tão bem, que por alguns momentos, meus sentimentos eram retribuídos. Não consigo ficar sem olhar para tudo que aconteceu e não entender nada. Não sabia o que era real, não sabia o que Lysandre estava apenas fingindo. No fim, ele estava sendo amigável e eu apenas fiquei convencida demais, acho que nunca mais poderia olhar na cara dele.

Estava com raiva, magoada e agora, provavelmente ele sabe que alguma coisa está errada. E se ele juntar os pontos, não quero nunca mais vê-lo, não para ser rejeitada. Não podia, não aguentaria. Não queria mais fazer parte do seu show, não iria mais fazer parte disso. Sinto que estou em pedaços e Lysandre tinha razão, não poderia aguentar mais. Não queria mais saber.

Continuei a chorar até que meus olhos começaram a arder, esfreguei meu olhos com as mãos alguns momentos depois, querendo acabar com tudo aquilo. Não sabia o que fazer além disso, não tinha vontade de fazer nada além disso. Na minha cabeça, suas últimas palavras eram tudo que eu conseguia repetir, o que realmente não ajudava com o fato de que me sentia a maior tola da história nesse momento. Gostaria de sumir.

— Tudo bem, eu volto mais tarde — ela se levantou, parecendo um pouco frustrada — tente comer, logo mais vou trazer alguns livros — disse, voltando ao seu tom normal, mas seu semblante ainda era de preocupação. Ela me olhou mais alguns momentos, provavelmente esperando por alguma resposta e desistiu logo após.

Ouvi o barulho da porta e então enterrei minha cabeça no travesseiro, querendo gritar em frustração. Não queria estar ali, não queria ser eu naquele momento. Não sabia o que fazer e se soubesse, aposto que não saberia como. Queria arrancar meu coração e jogá-lo pela janela para que aquela sensação de falta de ar e sufocamento saísse do meu peito. Parecia que respirar era difícil e eu estava sempre à beira de um ataque de ansiedade, como se meu coração fosse explodir e só me restava chorar.

E depois, ficava catatônica olhando para a janela até que o sono viesse. Acordava com enxaqueca e apenas repetia o processo. E meu Deus, faz alguns dias que estou assim. Parece que eu simplesmente desliguei a noção de tempo do meu cérebro, via a janela clara e então escura e não tinha noção de que algum tempo havia passado. Eu estava ali presente em corpo, mas meu cérebro fazia questão de passar todas as minhas interações com meu marido e como eu era a pessoa mais idiota, pensando que faria tudo diferente se pudesse voltar. Não aceitaria nada disso se eu pudesse voltar, queria estar em casa agora. Estaria com algo que também nunca poderia ter, mas eu já havia aceitado isso. Não doía tanto quanto tudo dói agora.

Pure《ABO/Lysandre • Concluída》Onde histórias criam vida. Descubra agora