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Respirei fundo novamente, o silêncio naquele lugar realmente me dava um completo arrepio em meu corpo. Nada era como eu havia imaginado, o que já era um pouco esperado, nunca havia posto meus pés em um palácio, mas realmente não esperava um ambiente tão opressor quanto aquele. Cheguei a conclusão de que não sabia como Lysandre aguentou por tanto tempo esse tipo de coisa e agora entendia muito bem o porquê dele chegar tão atordoado em casa sempre que voltava do palácio.

Sempre pensando em voltar para você, posso lhe garantir.

Quis rir, mas apenas sorri minimamente, apenas pensando em como ele usou a palavra “sempre”. Eu acabei duvidando bastante, mas ele parecia muito confiante da forma que dizia. E se fosse para dizer coisas tão bobas, acho que poderia me acostumar com ele na minha cabeça dessa forma. Em resposta, Lysandre apertou minha mão e eu me aconcheguei mais perto de si enquanto esperávamos o que iria acontecer.

— É impressão minha ou vocês dois estão no próprio mundinho ultimamente? — Rosa comentou, achando graça — parece até que conversam sem trocar nenhuma palavra realmente — quis fazer uma graça e eu olhei em sua direção.

— É mais ou menos isso, na verdade — dei de ombros e minha irmã perdeu seu sorriso brevemente, um pouco chocada com a informação que recebia.

— Existem lendas sobre casais de lúpus como vocês dois, sabiam? — Eva disse, com um tom doce. Pareceu empolgada ao falar sobre o assunto, olhei em sua direção, querendo prestar atenção — dizem que duas almas interligadas foram separadas a muito tempo pelo céu, mas que prometeram se encontrar para sempre. E que conforme seu amor crescia, eles desenvolviam dons que lhes foram tirados na vida passada — disse, perdida em pensamentos — a história toda é bastante comprida, mas muito bonita.

— Eu adoraria ler um dia — foi o que disse, sorrindo pensando nessa possibilidade. Eu não acreditava em nada disso, em lendas ou histórias mal resolvidas de vidas passadas, mas sabia que havia uma explicação maior do que eu e meus conhecimentos para as coisas que aconteciam entre nós dois. E acho que uma história deixaria qualquer um confortável com sua existência, por isso, não era contra o que a senhora dizia.

Ela era muito querida, desde o momento em que nos conhecemos quando ela veio até o ducado para que partíssemos nessa viagem. Parecia carregar muitas coisas em sua história, longe das coisas que eu sabia e poderia imaginar que ela sentia sendo mãe verdadeira do imperador, mas apesar de tudo isso, via muita bondade nela. Ela pareceu um pouco cautelosa com Rosa e eu no começo e talvez não a culpava tanto assim, devido às circunstâncias, tive que lutar contra o sentimento de desdém que não estava acostumada mais. Sabia que era sempre assim quando uma ômega me conhecia, mas nunca ficava mais fácil.

Agora, ela parecia mais calma e mais relaxada, bom, o quanto se poderia ficar quando estávamos prestes a, basicamente, dar um golpe de Estado. Era bem exagerado sempre que pensava sobre isso na minha cabeça e me fazia ficar completamente nervosa, às vezes, mas eu tinha que me acalmar pelo bem de todos. Estávamos todos no limite ali, podia sentir. E seria forte por minha irmã, por meu marido e até por meu cunhado, que realmente enfrentariam possivelmente coisas terríveis pela frente. Era tudo um pouco imprevisível.

— Podem passar — o guarda avisou, depois que o seu companheiro que nos recebeu voltou. Claro que eles estariam alertas, mas depois que meu marido e meu cunhado deram uma desculpa e que foi checado, estávamos prestes a realmente adentrar o palácio.

A vista dos portões já era um pouco intimidadora, acredito que era intencional. “O poder de verdade morava nas entrelinhas, subjetividade” era algo que havia lido em algum livro e que fazia muito sentido agora. Mesmo que o castelo não fosse o espelho perfeito de seu imperador, aparentemente.

Pure《ABO/Lysandre • Concluída》Onde histórias criam vida. Descubra agora