𝓜𝓾́𝓼𝓲𝓬𝓪
Rag'n'Bone Man - Human.•
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•Costumava orar em minha casa, antes de dormir, antes das refeições e na igreja, o lugar onde me conectava com Deus. Mas confesso, está aqui, diante de tantas pessoas, esperando minhas palavras de benções me deixou um pouco nervosa. Meu pai tem tanta facilidade, em fazer discursos, falar do bem, falar das coisas boas que vem do acreditar. Da fé. Tenho muito a aprender com ele.
A última imagem que tive foi todos de olhos fechados e mãos dadas esperando por minha oração. Fechei meus olhos e me pronunciei no microfone, mesmo que não estivesse acostumada a falar no objeto sonoro, para aquela quantidade de pessoas, naquele momento eu me senti bem. Me pergunto se meu pai tem essa sensação quando está palestrando ou iniciando uma oração na sua igreja. Poder falar com Deus com tanta intimidade, fazer pedidos para disseminar o bem ao próximo, sentir sua presença tão viva quanto a brisa que sopra no meu rosto, é mágico.
Fé.
Costumo ouvir do meu pai que a fé é crua porque, para tê-la precisamos passar pelas provações diárias, e bonita porque as provações nos fazem crescer e chegar ao topo do autoconhecimento, do amor, da maturidade e, principalmente, da felicidade plena. Depois que passei a entende-la, meu mundo mudou completamente.
Joelhos no chão, suor no rosto, concentração, olhar fixo no horizonte de alguém que enxerga o que ninguém mais vê. Os pés descalços que sobem montanhas, as velas acesas, as danças e cantos que ecoam nos quatro cantos do planeta mostram o quanto somos felizes por acreditar em algo, viver com esperança de dias melhores e conseguir combater doenças e superar adversidades com mais facilidade.
É como o ditado popular: a fé move montanhas.
Abri meus olhos quando terminei a oração, todos faziam também, alguns com sorrisos mais leves, nada como uma boa oração pela a amanhã. O dia muda completamente.
O diretor me agradeceu e encontrei com meus amigos para irmos a aula de Matemática. Uma das matérias que eu não gosto. Tudo que envolva números e cálculos eu não suportava.
— Foi muito bom a oração que fez, espero que a Sadie fique bem... — Tanner disse enquanto andávamos até os armários para pegar os livros.
— Pensei em passar no hospital depois da aula, levar flores, ver como ela tá... — Anya comentou ao dar de ombros e abrir o seu armário.
— Eu não posso... Tenho que ir à igreja. — Peguei meu livro de matemática e o estojo de lapis. — Tenho que ficar de olho em Freen... ela vai ajudar na limpeza. — falei de uma vez.
— da Freen? Por ela ... — Tanner fez um careta e seu semblante mudou. — Então é isso? Ela deixa a igreja destruída, Sadie em coma e simplesmente recebe uma punição de limpar a igreja ? — Riu sem humor algum.
Assim como ele, eu também estava insatisfeita com isso. Não era a primeira vez que Freen aprontava, provavelmente não seria a última. Seu pai tem poder aquisitivo e é o prefeito da cidade, ele acoberta todas as bagunças que a filha faz.
— O que você esperava? Que ela fosse presa? Ela ainda tem dezessete e o pai não é capaz de deixar sua própria filha na prisão. — Anya disse cruzando os braços na altura dos seios. — Não é como se ela tivesse roubado um banco ou matado uma pessoa. Foi um acidente, sabe aquele que acontece sem querer.
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ᴡʜɪᴛᴇ ʙᴏᴡ - ꜰʀᴇᴇɴʙᴇᴄᴋʏ
FanfictionAmbientado em uma pequena cidade no sul da Inglaterra em 1997, White Bow (Laço Branco) conta a história de uma jovem conservadora e religiosa, Rebecca Armstrong que tem sua crença e ideais abalados ao se apaixonar por Freen Sarocha, uma rebelde sem...