ᴡʜɪᴛᴇ ʙᴏᴡ - ꜰʀᴇᴇɴʙᴇᴄᴋʏ

𝓒𝓪𝓹𝓲́𝓽𝓾𝓵𝓸 31

𝓜𝓾́𝓼𝓲𝓬𝓪
Spandau Ballet - True.

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Acordei mais cedo do que o habitual e isso são consequências de uma noite pouco aproveitada. Acabei lendo muitas páginas do diário de minha mãe e isso me rendeu uma insônia terrível, cheguei na parte da leitura que eu mais tinha curiosidade... do dia em que ela soube da gravidez, de quando soube que iria me gerar em seu ventre e de como descreveu essa sensação. Eu mais uma vez, não contive as lágrimas

Como poderia?

Sua ausência, sua morte era algo que nunca iria superar. É como uma ferida que jamais vai cicatrizar.

Termino de aplicar a maquiagem básica somente por que meu rosto não está dos melhores, haviam vertigens de discretas olheiras e bochechas avermelhadas.

Pego minha mochila e desço as escadas e antes mesmo de chegar ao último degrau, ouço vozes , a voz rouca e familiar do meu pai e outra feminina, precisei entrar na cozinha pra identificar a dona da voz.

Courtney estava de pé e segurava um prato com panquecas e caldas, meu pai estava de costas, acabava de virar o bacon na frigideira.

— Você leva jeito pra isso... — Ouço ela enquanto me aproximo da mesa.

Os dois estavam tão distraídos que nem perceberam a minha sorrateira presença. Eu também não queria incomodar, estava mais curiosa com o fato do meu pai receber visita tão cedo, ele até parece bem humorado.

— Desde que minha ex esposa  faleceu, somos somente eu e minha filha...foram algumas receitas aqui e ali, acho que acabei me aperfeiçoando na culinária. — Meu pai não costuma falar muito de minha mãe, mas ouvi-lo referi-se a ela como ex me deixou levemente incomodada mesmo sabendo que ela já não estava mais aqui e ele deveria seguir em frente.

Courtney iria falar algo mas parou no momento em que me viu, seu espanto foi inevitável, ela sorriu sem graça.

— Bom dia, Becky! — Ela diz e eu apenas sorrio fraquinho antes de sentar na cadeira.

— Bom dia querida, dormiu bem? — Meu pai sorriu para mim enquanto se aproximava para despejar o bacon recém torrado no meu prato. — Courtney veio nos fazer companhia neste café da manhã, estava falando a ela... sempre foi só nós dois.

E que continue assim... pensei.

Mas ao mesmo tempo estava sendo egoísta, meu pai merecia uma segunda chance no amor, olhando para os dois, como conversaram e sorriem um por outro, me sinto ainda mais culpada.

Minha mãe não iria mais voltar, meu pai estava envelhecendo e eu estava prestes a ir para a universidade, quem iria cuidar dele? Olhando por esse lado, Courtney não me pareceu mais uma vilã.

— Sei que isso é estranho para você e espero não estar atrapalhando. — Ela diz enquanto senta na cadeira, justo a cadeira que era para ser a da minha mãe.

Suspiro. Eu realmente preciso de algo para me distrair.

— Você não incomoda, jamais. — Vejo meu pai colocar sua mão sobre a dela, tranquilizando-a que sorri vagamente. — Vamos orar... — Ele diz e então cada um fecha seus olhos e tem sua intimidade com Deus.