𝓒𝓪𝓹𝓲́𝓽𝓾𝓵𝓸 10

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𝓜𝓾́𝓼𝓲𝓬𝓪
Alanis Morissette - Ironic.









• P.O.V Freen Sarocha. •

Peça para sua filha guardar o livro, não é o momento para leituras. — Revirei os olhos por detrás das páginas quando ouço meu pai.

— Querida... — Senti o olhar de minha mãe sobre mim, baixei o livro para olhá-la na cadeira da frente. — Coma, você não tocou na sua comida ainda, deixe o livro de lado um pouquinho. — Assenti contragosto.

Usava o livro para não ter que lidar com a insatisfação de comer ao lado dele.

Meu pai e eu não nos damos bem, na verdade ele nunca quis ter filhas, seus planos eram sempre ter homens, uma ideia totalmente misógina e machista que faz jus a toda a sua personalidade.

Deixei meu livro na cadeira ao lado, com a marcação exata de onde havia parado a leitura. Era verdade que eu estava viciada no livro, totalmente intrigada com os mistérios que rondava o reino do príncipe grilo.

— O pastor Armstrong me ligou, disse que não precisa mais ir à igreja. A obra já foi finalizada. — Ouvi a voz do meu pai mas não disse nada. Enfiei o garfo nas ervilhas e comi em silêncio. Sempre encarando meu prato como se fosse a coisa mais interessante do mundo naquele momento.

Estava satisfeita por não ter que ir mais aquela igreja, mas por um lado, havia gostado de estar na companhia de Becky, não sei o por que mas ela me fazia bem.
Lembro-me de quando a vi pela a primeira vez. Ela estava no seu primeiro ano na escola, sempre tímida, com aquele laço branco na cabeça. Eu não conseguia tirar minha atenção dela nenhum minuto, era como se tudo que fizesse aguçasse minha curiosidade de criança. Eu não sabia como chamar sua atenção ou iniciar uma conversa, ela já tinha amigos, talvez me rejeitasse por não ser interessante assim. Já tinha amigos, Anya e Tanner, sentavam do outro lado da sala. Me perguntava se estava ficando louca por querer sempre falar com ela, por querer sua atenção, por ter apenas um simples olhar nem que fosse por alguns segundos.

Foi tudo tão confuso até de fato eu conhecer o significado das coisas.

Cresci ouvindo que o certo era namorar e casar-se com um homem. Mas para mim não parecia ser o certo.

Por que comecei a entender que todos aqueles meus simples desejos por Becky não era de amiga. Passei a reparar nos seus mínimos detalhes, como sorria e seus olhos se fechavam parcialmente, como falava sempre gesticulando ou quando estava nervosa sua testa franzia. Eu não queria pensar nesses detalhes, me reprimia sempre que possível quando meus pensamentos traiçoeiros me fizessem pensar nos seus lábios, no seu abraço e no quanto seu perfume doce de lavanda me roubava a concentração.

Era um atração perigosa, era fora de cogitação eu poder ter algo com ela.

Primeiro por que, Becky me odiava, procurei me aproximar do modo errado para chamar sua atenção, a insultava sempre que podia. Quando a xingava na verdade era ao contrário, queria encher de elogios que passava a pensar todos os dias. Mas isso nunca aconteceu.

Segundo que, muitos acreditam que um homossexual é uma pessoa doente, não acho que seja o caso de Becky ter esse tipo de pensamento mas ela é criada na igreja, tem forte ligação com a crença cristã, seu pai é um pastor e isso a faz acreditar que todas as coisas que não seguem na bíblia é pecado.

ᴡʜɪᴛᴇ ʙᴏᴡ - ꜰʀᴇᴇɴʙᴇᴄᴋʏOnde histórias criam vida. Descubra agora