Veredito Ambíguo

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— Eu me chamo Kim Jisoo... E sim, ele me abusou... Estávamos no carro indo até casa, quando ele parou no acostamento e me agarrou. Eu não pude fazer nada... Apenas aceitar... Depois de tudo, ele me disse que...

[...]

— Ele me disse que eu tinha que ficar calada, se não ele me mataria... Eu me senti suja... Me senti imunda... Não foi minha culpa... Foi dele, totalmente dele... Gostaria que a Roseanne de antigamente pudesse entender isso... Eu me sentia perdida, eu não podia falar com ninguém... Ninguém estava do meu lado... Ninguém sabia... Tirando Helena, mas sempre me disse para...

[...]

— Ela sempre pedia para eu esquecer isso, para perdoar ele... Que nada passava de uma brincadeira que eu tinha entendido errado... Por grande parte da minha vida eu acreditei que sim, um tio jamais faria isso com sua sobrinha... Eu acreditei nisso até descobrir que minha irmã tinha sofrido a mesma coisa e quando eu contei para minha mãe ela me disse "Você foi abusada"...

[...]

— Park Juliana, por favor, venha à frente e dê seu depoimento. Dê cada mínimo detalhe, por favor. Seu depoimento será o último a ser escutado.

Jihyo respirou fundo e caminhou lentamente até a cadeira onde falaria e descreveria o pior trauma de sua vida.

— Bem... Eu sempre ficava na casa da minha tia quando meus pais iam trabalhar. A Jinyoung ficava com a vovó porque ela tinha a mesma idade de um primo meu que morava com a minha avó, então ficava lá e eu, como lá na minha tia meus primos eram mais velhos, ficava na outra casa... — Respirou fundo novamente, limpando algumas lágrimas com sua mão trêmula, e continuou:

— Eu gostava de lá, gostava bastante... Até que um dia minha tia saiu para ir ao mercado e me deixou sozinha com ele. Meus primos tinham o costume de dormir à tarde, e eu geralmente também dormia, mas nesse dia o Sr. Oliver, a Sra. Amélia e a Jeongyeon iam nos visitar... Eu estava sentada assistindo TV enquanto esperava, quando ele chegou, se sentou ao meu lado... E-e... Desculpa... E... Colocou a mão na minha coxa... Eu não liguei de início, já que eu não via nada de ruim nisso... Porém ele começou a subir a mão, quase tocando na minha calcinha... Eu lembro como se fosse hoje do que ele me disse antes de me agarrar... "O-o Titio vai fazer algo bem legal, mas se você contar para alguém, Titio vai ter que te fazer morar no céu"... Eu não tive reação na hora, eu só queria sair dali, mas não tinha coragem. Depois disso, ele me agarrou e nisso eu me agarrei no sofá, tentando me livrar dele... Na hora que ele ia... Ia começar a fazer... A Jeongie abriu a porta, viu que eu estava chorando e chamou o Sr. Oliver, que finalmente me tirou daquele pesadelo... Recentemente, eu visitei novamente a casa da minha tia, e ele estava lá... Ele não se arrepende... Ele não se arrepende de tirar a minha inocência... Ele não se arrepende de destruir a vida de 4 meninas... 4 crianças... Ele é um monstro...

Jihyo contava cada detalhe olhando nos olhos do tio, que claramente não mostrava estar ligando para sequer uma palavra que a mulher falava.

— Meritíssimo, uma parte.

— Concedido, por favor, venha à frente.

Assim que o advogado de defesa de Anthonny recebeu permissão para falar, ele se levantou e ficou próximo a Jihyo.

— Com a acusação de Park Juliana, causando segurança para mais três garotas entregarem seus depoimentos, sendo elas Park Jinyoung, Park Roseanne e Kim Jisoo. Eu acredito, Meritíssimo, que isso seja uma grande armação contra o meu cliente. Não acredito que meu cliente saiu de sua residência para escutar a história de 4 mentirosas!

— O que esse desgraçado está falando?!...

Jeongyeon se segurava para não se levantar e arrumar uma grande briga com o advogado de defesa de Anthonny. Ver Jihyo chorando desesperadamente enquanto um desgraçado diz que é tudo uma mentira estava lhe corroendo por dentro.

— Eu vou pedir para que o Sr. mantenha respeito às vítimas, caso queira continuar defendendo seu cliente. Não está aqui para insinuar nada sobre as vítimas, mas sim sobre seu cliente e o caso. Caso ainda continue agindo dessa forma, será retirado do julgamento!

— Perdão, Meritíssimo...

— Algo a mais a falar ou apenas queria agir como um primata?

— Nada mais a falar, Meritíssimo...

— Perfeito... Iremos a um intervalo para que eu analise cada depoimento aqui dado e finalmente o resultado do julgamento. Com licença.

[...]

— Então, assim eu declaro Park Anthonny condenado a pena de 40 anos, sem direito a reclusão, por cometer abuso infantil nas vítimas Park Juliana, aos 12 anos, Park Jinyoung, aos 13 anos, Park Roseanne, aos 14 anos, e Kim Jisoo, aos 15 anos. Mais 8 anos de pena, devido ao porte ilegal de arma de fogo. E mais 4 anos de pena por ameaça às vítimas. Assim, a pena total é de 52 anos, sem nenhum tipo de reclusão. Julgamento encerrado!

Os policiais ao lado do réu rapidamente seguraram seus braços, o algemaram e o levaram para fora do tribunal.

— Os presos vão adorar saber que existe um pedófilo entre eles, seu filho da puta...

Um dos policiais, Silva, sussurrou no ouvido do senhor, dando uma risada em seguida.

— Nós conseguimos!

Jeongyeon foi a primeira a abraçar Jihyo, deixando suas lágrimas descerem sem se importar com elas.

— Finalmente... Isso acabou... Amor, isso acabou... E-eu estou livre...

— Sim, você está livre... Nada mais pode te prender... Eu não vou permitir...

— Ju, obrigada por ter começado isso...

Rosé, abraçada com sua mãe, agradeceu com o rosto vermelho e molhado. Ao seu lado, Jisoo também chorava, abraçada com seus pais. Parou de reparar nas outras meninas quando sentiu sua mãe lhe abraçar, levando sua irmã consigo para o abraço.

— Eu estou tão orgulhosa de vocês... Vocês são as garotas mais fortes que eu conheço...

Jiyeon chorava junto com suas filhas, e Arthur assistia à cena com um sorriso no rosto e os olhos cheios de lágrimas. Ao ver o mais velho sozinho, Jeongyeon foi até ele e o abraçou com força.

— Eu disse que ia acabar tudo bem... Elas tiveram que lidar com isso sozinhas por muito tempo, mas agora vamos cuidar delas, pode ser?

— Pode ser sim, loira azeda.

— Então temos um acordo, pipa do vovô.

— Sua idiota.

Genius | 3mix - TwiceOnde histórias criam vida. Descubra agora