Gentileza em meio a espinhos

85 20 11
                                    

Nayeon acordou ouvindo algumas vozes e risadas. Ela abriu os olhos lentamente, estranhando o quarto desconhecido em que estava, e se sentou na cama, pensando no que seria melhor fazer.

— Ah, Nay, você acordou! — disse Jihyo, aparecendo na porta do quarto desconhecido.

Nayeon arregalou os olhos ao ouvir a voz da amiga e apenas sorriu levemente, com o clássico humor matinal.

— O tio Tae buscou sua bolsa no carro e deixou aí do lado. O banheiro é na porta do lado. Estamos lá em baixo, não demore, senão o café vai esfriar.

— Certo... Obrigada...

Depois de alguns segundos fazendo seu corpo entender que havia acordado, Nayeon foi ao banheiro escovar os dentes e tomar um banho, já que estava com a mesma roupa de ontem. Ela desceu um pouco envergonhada ao notar todos na cozinha, apenas esperando por ela.

Jihyo compartilhava sua comida com Chaeyoung, que, apesar de dizer que não estava com fome, não recusava as colheradas cuidadosamente assopradas para que não se queimasse indo até sua boca, enquanto Jihyo fazia sua melhor imitação de avião.

Taemin, vestindo um avental quadriculado rosa, terminava de cozinhar a refeição, enquanto Jeongyeon ajudava a manter as mãos de Momo longe da comida, evitando um furto alimentício.

A trilha sonora era um jazz calmo, mas ainda assim fazia Taemin se remexer enquanto fritava ovos.

— Bom dia...

— Bom dia, Coelhinha! Papai fez os seus cookies favoritos!

— Nay, você tem um ótimo gosto, sério! Que coisa maravilhosa!

— Pare de roubar os biscoitos, Hirai Momo!

Jeongyeon reclamou, colocando suco de maracujá em um copinho com duas alças e estampa de ursinhos, e entregou para Chaeyoung, depois encheu um copo de vidro e entregou a Jihyo.

— Eu posso perguntar uma coisa?

— Claro, Mo. — Jihyo respondeu, tomando um gole de seu suco.

— Por que o copo da Chae é o único de plástico e estampado?

— Esse copo foi o que ela usou na guerra de água com mais de 20 crianças na festa da Seoyeon, e ela também diz que a bebida fica mais gostosa nele.

— Acho que já está bom de ficar me expondo, não é? Nós temos visita hoje. Aliás, bom dia, Nay! — Chaeyoung estava com o rosto vermelho como um tomate.

— Olá, Chae. — Nay acenou timidamente com um leve sorriso.

— Terminei, vamos comer. E pequeno polegar não precisa ter vergonha da gente escutar que você gosta do copinho, eu só uso meias de desenho e a Nay assiste Ursinhos Carinhosos para não ter pesadelos.

— Papai!

— A Jih também gosta de Ursinhos Carinhosos! Quando eu pedi ela em namoro, ela estava com meias deles.

— Amor! Não fala nada, você adora brincar com aqueles legos.

— Golpe baixo, Park Jisoo...

— Apenas revidando, Kyungwan Lark...

A risada alta de Momo deu um fim ao curto período de silêncio. Seu rosto estava vermelho de tanto rir enquanto dava leves socos na mesa.

— Você está rindo do que? Quer que eu mostre suas Barbies?

— Yah, Jeongyeon, como você é baixa... Baixa não, subterrânea...

[...]

— Quem vai querer deixar a Nay em casa com a gente?! — Jeongyeon perguntou, pegando as chaves do carro, ficando ao lado de Jihyo e Nayeon na entrada da casa.

— Eu!

— Eu quero ir também!

Momo e Chaeyoung correram até as três com sorrisos no rosto.

— A gente pode ver o Tio Arthur e a Tia Jiyeon, unnie?!

— Podemos e vamos, desde que chegamos do Brasil, não fomos lá ainda. Mamãe vai reclamar bastante. E os pais da Jeong estão lá.

— O Tio Tae está onde?

— A Jeong chamou um mecânico para ajudar a ajeitar o carro dele e ele foi lá para ajudar. Mandou um beijo para vocês e disse que era para a gente marcar de ir no boliche outro dia.

— Nós podemos ir, não é, Jeongie Unnie?!

— Claro, Chae. Nós vamos com certeza. Se a Nay quiser, claro. Ela quem animou o boliche.

Ao ver os olhinhos esperançosos de Chaeyoung lhe encarando, deu uma risada e concordou com a cabeça.

— Eu vou sim, Chae. Pode ter certeza!

— Só tomem cuidado para não pisarem na linha! — Jihyo gritou do carro, dando uma risada alta, rindo ainda mais ao ver Nayeon lhe mostrar a língua.

— Vamos entrar no carro que a viagem é um pouco longa.

Jeongyeon e Momo caminharam até o carro, deixando Nayeon e Chaeyoung para trás.

— Nay, posso te fazer uma pergunta?...

— Claro, fique à vontade.

— A Mina gostou de sair comigo?...

— Chae, se ela tivesse falado mais sobre, acho que meus ouvidos explodiriam. E a pedra que você deu agora é a principal decoração do quarto dela.

— Yes!

[...]

— Mamãe! A mana tá aqui!

Seoyeon gritou para a mãe ao ver o carro de Jeongyeon estacionando na frente da casa, fazendo as meninas dentro do carro rirem antes de descerem.

— Muito obrigada por terem me trazido, meninas. Muito obrigada mesmo!

Abraçou Chaeyoung, Momo e Jihyo, porém assim que abraçou Jeongyeon, escutou a voz de quem menos queria.

— Tire as mãos da minha filha, sua aberração!

— Jiyeon, quem é essa vadia? E por que ela está tocando na minha filha? — Amélia perguntou assim que saiu da casa sendo acompanhada de seu esposo e o restante da família Park.

— Aconteceu alguma coisa, senhorita? — Oliver perguntou se aproximando da loira tentando tocar em seu braço, porém ela se afastou bruscamente.

— Não me toque! Prefiro ficar longe de pessoas como você, selvagens e sem educação.

— Pessoas como eu? Acabou de dizer que prefere pessoas pretas longe de você? Eu escutei direito?

— Tome como quiser! Apenas não me toque!

— Escute aqui, senhorita. Eu lhe conheço, já assisti algumas reportagens suas. Há algo que eu gostaria de lhe dizer...

— Eu não quero ouvir nada!

— Por favor, estou falando e em momento algum levantei a voz ao me referir a você. Pensei que só pessoas como eu fossem mal educadas, mas continuando. Eu opto por não responder ao ódio com ódio, mas sim com compaixão e educação. A cor da minha pele não define meu valor, assim como a sua não deveria determinar sua visão de mundo. Convido você a repensar suas ideias, a questionar a base de seus preconceitos e a perceber que a verdadeira riqueza de uma sociedade está na aceitação e celebração de suas diferenças. Eu amo quem eu sou, minha filha ama quem é, todos aqui se aceitam como são, mas se a senhorita não é capaz de se auto aceitar e por isso joga todas suas frustrações nos outros, eu sinto muito por você. Crianças, o almoço está pronto.

Oliver deu um sorriso leve para a loira à sua frente e entrou dentro da casa novamente.

— Mais uma dessa e ela fica manca. — Momo comentou ao notar o silêncio, entrando na casa e dando risada.

Assim que a família começou a entrar na casa, Nayeon sentiu Jeongyeon segurar sua mão com delicadeza antes de ir embora para a casa da mãe.

— Vem almoçar com a gente, vamos aproveitar mais um pouco juntas. A Jih gosta de ficar com você, assim como eu.

Genius | 3mix - TwiceOnde histórias criam vida. Descubra agora