Conselhos diretos e estradas cruzadas

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Glossário :
NIN é equivalente ao CPF, porém é usado na Inglaterra.

Sophie dirigia angustiada em direção à casa de Taemin para tentar conversar com Nayeon. Não era uma surpresa que estava sendo uma péssima mãe. Uma pequena chave em sua cabeça se virou assim que percebeu a forma como Nayeon saiu de sua casa sem êxito algum.

Seus pensamentos pararam assim que o carro começou a desacelerar sem seu comando, estacionando no acostamento. Ela tentou ligar mais algumas vezes, porém nenhuma das tentativas teve sucesso. Suspendeu a respiração, encostando sua testa no volante do carro, pensando no que faria no meio da estrada escura.

— Por que isso tinha que acontecer logo agora?... — sentiu lágrimas rolarem por seu rosto.

Estava a um ponto de explodir esta semana; o trabalho lhe tirava todo o tempo que costumava passar com sua filha, e ela descontava a raiva na mesma e nos outros ao seu redor. Estava nervosa consigo mesma. Havia estragado tudo, como sua mãe lhe avisou quando contou seu sonho de ser apresentadora.

Era uma péssima mãe;
Era uma péssima filha;
Era uma péssima chefe"
Tinha sido uma péssima esposa;
Era péssima em tudo que já havia se proposto a fazer.

Saiu de seus devaneios ao ver uma luz se aproximando e estacionando à sua frente. Não precisou de muito tempo até ver a banda de que tanto falava mal. Sequer as odiava de verdade; havia sido convencida de que sim.

Alguns toques na janela do carro a fizeram olhar na direção, depois de secar rapidamente suas lágrimas, vendo Jihyo com um leve sorriso nos lábios e, logo atrás, o restante da banda. Pareciam estar levemente embriagadas, considerando as movimentações e roupas um pouco bagunçadas. Além disso, aparentemente, tinham acabado de sair de um show, já que andavam no ônibus da banda. Abaixou o vidro e encarou a brasileira em completo silêncio, sem saber o que falar.

— Nosso motorista te viu aqui parada e acreditou que tinha algum problema no motor. Tá tudo bem?...

— Ah... Bem... Sim... Ele simplesmente parou de funcionar...

— Podemos te ajudar se quiser... Vamos deixar tudo aquilo pra lá, pelo menos hoje. Pode ser?

Pensou por alguns segundos se simplesmente surtava e as xingava de tudo neste mundo ou aceitava a ajuda de bom grado.

— Ah... Eu aceito, por favor...

— Isso aí! Vem, vamos entrar, nosso motorista vai prender seu carro no ônibus. É perigoso ficar aí dentro.

Saiu do carro lentamente, encarando as outras integrantes da banda, concluindo que pensava ao ver as latas de cerveja nas mãos de Momo e Jeongyeon. Seu coração, ao ver as bebidas, já estava lhe preparando para ver a imagem de Chaeyoung bebendo como as más influências lhe ensinaram, mas travou ao vê-la com um achocolatado em mãos, rindo das mais velhas.

Ok... Talvez estivesse errada sobre aquelas meninas.

Entrou no ônibus espaçoso do quarteto e se acomodou em uma das cadeiras. Jihyo rapidamente lhe ofereceu um drink de morango, que foi aceito com um agradecimento silencioso. Passaram cerca de 20 minutos em um silêncio desconfortável, com apenas alguns comentários e sons de bebidas sendo abertas.

— O que você estava fazendo na rua a essas horas? 3:45 da madrugada não é um horário bom para um passeio — Jihyo perguntou de forma descontraída, tomando um gole da bebida semelhante à que havia oferecido.

— Ah... Eu estava indo ver minha filha... Faz tempo que a gente não se fala, na verdade...

— A Nay?... — Momo questionou.

— Bem... Sim... Como vocês a conhecem?

— Se você prometer não matar ela e nem a gente, eu te conto.

— Eu não vou fazer nada, vocês me ajudaram; seria uma ingratidão enorme.

— Ela e o Tio Tae já dormiram lá em casa depois que eles, a Jihyo e a Jeong se encontraram no boliche sem querer. O carro deles também quebrou. Estou começando a achar que é o destino. Ah, e teve o almoço também em que você se emaranhou com a mãe da Jihyo — Momo respondeu com a fala embriagada, fazendo Sophie dar uma leve risada.

— Você rindo? Achei que jamais veria isso; já estava esperando você gritar e nos mandar manter distância da sua filha, como no outro dia — Jihyo pontuou com uma sobrancelha erguida, lembrando-se bem do ocorrido.

— Meninas, nós chegamos! Vou sair do ônibus; quando tiver tudo certo para irem, me avisem.

— Certo, Jae! Valeu! — Momo agradeceu ao motorista.

— Sim, continuando, por que você não está com vontade de cancelar o NIN da Nayeon?

— Eu ando sendo uma extrema filha da puta com a Nay, jamais poderia exigir mais nada dela. E, inclusive, Jihyo, me perdoa... Você sabe, pelo que eu te falei no dia...

— Relaxa, estamos de boa. Mas, se não for demais, por que você e a Nay estão assim?

— É tudo minha culpa... Eu estava arrumando o quarto dela até que achei um caderno onde ela dizia que era lésbica. E-eu fiquei em choque... Não soube reagir... Então fiz o que eu sei fazer de melhor: surtei... Surtei muito... Porra... Eu abandonei minha filha no momento em que ela mais precisava de mim... E-eu gritei com ela, bati nas paredes, nos móveis... Como uma descontrolada... Eu sou um monstro... Eu tenho que voltar pra minha casa e deixar ela com o Taemin... — sentia suas lágrimas descerem novamente.

— Escuta aqui, Sophie. — Jeongyeon finalmente falou, após ficar calada em toda a conversa. De longe era a mais bebada de todos no ônibus, o que não era uma supresa exatamente.
— Sabe o que eu to vendo aqui na minha frente?! Uma covarde! A merda de uma covarde!

— Jeongyeo-!

— Deixa eu terminar, amor. E sabe por que eu sei que você é uma covarde?! Porque eu também era e ainda sou assim! Bater e gritar é sempre mais fácil, igual eu estou fazendo agora! Mas você acha que isso vai resolver seu problema com a sua filha?! Claro que não, porra! Levanta a merda da sua cabeça e vai conversar com a sua filha. Você fez sim merda, eu continuo não gostando de você; talvez tenha diminuído um pouco minha raiva, mas ainda assim ela existe! A Nay é uma garota incrível, e todos os dias em que a gente se encontrou, ela sempre demonstrou o quanto te ama e se preocupa com você. E é assim que você retribui ela?! É porra?! Eu te odeio, mas não vou deixar você perder ela por uma burrice. A gente vai agora lá, vamos fazer as pazes com ela e com o Tae e comer as panquecas dele. Você tá me entendendo?! Você me escutou, porra?!

— Olha, Jeongyeon, talvez minha raiva também tenha diminuído em relação a você, mas você está certa, caralho! Eu não vou ser uma imbecil e perder minha filha! Vamos lá!

— Isso, porra! É assim que se fala! — Abraçou a loira, animada, sob os olhares confusos do restante da banda, que logo concordaram com a troca carinhosa de palavras entre as loiras e se juntaram ao abraço.
— Momo, chame o Jae, temos assuntos a resolver!

— Certo, capitã!

Genius | 3mix - TwiceOnde histórias criam vida. Descubra agora