23

145 16 17
                                    

— Mamãe, papai! — A batida era frenética e não parava. O casal reconheceu na hora a voz de Guilherme e se apressou para abrir a porta.

— O que aconteceu, meu filho? — Preocupada com o bem estar do menino, a mãe questionou, se abaixando para ficar na altura dele.

— Meu dente caiu, mamãe! Olha! — Disse, mostrando o dente que estava em seus dedos e exibindo um sorriso banguela. Eduarda suspirou aliviada e feliz, abraçando o menino. — Papai, olha! — Disse, se apressando para mostrar o dente pro rapaz.

— É o primeiro? — Pergunta, vendo o menino acenar com a cabeça com entusiasmo, o sorriso banguela brilhante em sua boca. — Não acredito, Guigo!

— É! A fada do dente vai vir! — Comemorou, alegre.

— Mas pra isso acontecer, tu precisa ir dormir, né, filhote? — Eduarda comentou, fazendo carinho na cabeça do garoto, que fez uma careta. — Ela não vem pegar dente de criança acordada.

— Ah, mamãe... — Disse, fazendo bico. — Não quero dormir.

— Tu não tava dormindo, não? — Perguntou, olhando-o com curiosidade.

— Eu tava, mas aí eu acordei e daí fiquei balançando o dente e ele caiu! — Disse, entusiasmado.

— Mas agora precisa deixar a fada do dente pegar, né? — Disse a mãe, vendo o garoto fechar o rosto com um bico manhoso de novo. — Vem, vamos enrolar o dente em papel, aí eu te coloco pra dormir, pode ser?

— Pode! — Guilherme respondeu, segurando a mão de Du.

— Deixa que eu faço isso. — Sugeriu Lucas, antes que os dois se afastassem. — Eu coloco ele na cama, relaxa. Pode ser, Guigo?

— Pode! Deixa, mamãe! Deixa, por favor! — Eduarda olhou para o rapaz e depois para seu filho, que lhe exibia um rostinho pidão que a derretia inteira.

— Vai descansar, Du. Deixa que daqui eu assumo. — Essa fala fez um peso enorme sair das costas de Eduarda. A conversa que haviam tido no quarto voltou a martelar na sua cabeça, e naquele instante, ela teve certeza que a partir daquele momento, sempre teria alguém para ajudá-la. Sentiu que podia relaxar pela primeira vez desde que havia descoberto a gravidez.

— Tá bom. — Disse, sentindo o sono alcançá-la. — Boa noite. — Virou-se, ainda ouvindo as risadas baixas do filho enquanto entrava em seu quarto. Deitou na cama e respirou fundo, sentindo o relaxamento inundar seu corpo e rapidamente o cansaço a engoliu e ela se deixou levar.

No quarto, Guilherme entrava contente depois de enrolar seu dente caído em um pedaço grande de papel, já que Lucas temia que não conseguisse encontrá-lo debaixo do travesseiro. O garoto se deitou na cama e virou para o pai, os olhos brilhando.

— Papai? — Chamou conforme Lucas sentava ao seu lado.

— Eu. — Respondeu, sorrindo com ternura para o filho. Seu coração estava aquecido com a experiência anterior, de estar ao lado do filho enquanto ele passava por algo pela primeira vez. E sabia que dali em diante, estaria lá para ver o filho conhecer novos mundos e ajudá-lo em cada nova etapa.

— Eu não quero dormir... — Murmurou, fazendo um biquinho triste com os lábios, o rosto todo franzido.

— Por que não? — Perguntou, ajeitando o filho na cama. — Você vai encontrar aventuras incríveis nos seus sonhos.

— É que... eu tive um pesadelo. — Guilherme sussurrou, fazendo o pai olhá-lo com ainda mais cuidado, uma vontade imensa de protegê-lo contra tudo. Seu silêncio carinhoso fez o garoto continuar falando. — Sabe que... eu, a Vivi e a mamãe dormíamos juntos, né? — Perguntou o menino, fazendo o pai acenar positivamente com a cabeça. — Então... tu deita comigo? Só até eu dormir? — Perguntou, inseguro.

Rockabye - LucaduOnde histórias criam vida. Descubra agora