Rockabye - Lucadu

17

Na manhã seguinte, Lucas acordou antes de Isis e saiu de casa sem esperá-la acordar. De banho tomado e estômago cheio, se dirigiu para Santa Teresa sem comunicar ninguém. A verdade era que ter Isis metida em toda essa história o deixava apreensivo e lhe causava um certo desconforto. A situação da noite anterior só fortaleceu o pensamento, fazendo com que Lucas sequer se arrependesse de sumir por um único dia.

Eduarda sempre havia representado um mundo paralelo pra ele. Estar com ela fazia com que ele esquecesse todos os outros pensamentos em sua cabeça, e agora, ele conseguia adentrar no mundo de Du e de seus filhos e esquecer o seu mundo real.

Quando a porta da casa de Eduarda se abriu, o silêncio reinava no local, fazendo o rapaz franzir as sobrancelhas.

— Cadê os gêmeos? — Ele perguntou enquanto caminhava para dentro do apartamento.

— Tão dormindo ainda, mas daqui a pouco eles acordam. — Respondeu, puxando o celular para olhar o horário. Os dois permaneceram em silêncio por um tempo, se olhando sem conseguir puxar um assunto. Desde a conversa no bar do Manuel, essa era a primeira vez que os dois ficavam a sós. Embora tivesem milhares de coisas sobre as quais queriam conversar, a barreira entre eles não parecia deixar.

— Eu trouxe isso pro amigo do Guigo. E isso eu trouxe pra eles. — Ele entregou para Eduarda duas sacolas, uma com os presentes dos gêmeos e outra com o de Thiago, aniversariante do dia.

— Sabe que o aniversário deles é só mês que vem, né? — Ela perguntou, segurando os presentes. Lucas se encolheu, coçando a nuca.

— Bom, mas eu perdi 5 aniversários antes disso. — Eduarda deu risada do comentário, concordando. — Preciso me redimir.

— Ah, que isso. Eles não tem raiva de você. — Lucas olhou para o chão antes de olhá-la.

— Você tem? — Perguntou, apreensivo.

— Não, nunca tive. Eu fiquei destruída quando tu me disse aquilo. Mas depois que eu descobri que tava grávida, eu não tive tempo de sentir muita coisa, aconteceram coisas demais na minha vida. — Ela disse, observando as diversas emoções que passavam pelo rosto de Lucas.

— Você nunca pensou em me procurar? — Ele perguntou.

— Pensei. No dia que eu descobri que tava grávida, quase corri pra sua casa pra te xingar. Mas na hora, pensei em todo o drama com a Cristina e desisti. Depois, me convenci que estava fazendo a coisa certa por você e por mim. Tua família tava passando por uns maus bocados e tu era apaixonado por outra mulher. — Respondeu. — Bom, ainda é. — Lucas abriu a boca pra responder, quase como se tivesse a intenção de contariar, mas nenhum som saiu. — Passado, né? — Continuou Eduarda, vendo o clima estranho que havia se formado. Seu estômago revirou com a ideia, apesar da mulher ter se convencido de que ela já não nutria sentimento nenhum pelo rapaz e que não se importava de Lucas estar com Isis.

— É. — Lucas disse. — Passado.

— Papai? — A voz sonolenta de Guilherme soou na porta do quarto.

— Papai! — Exlamou Vitória, saindo do quarto correndo para abraçar as pernas do pai. Guilherme veio logo atrás, seguindo a iniciativa da irmã.

— Oi, crianças! Bom dia! — Respondeu Lucas, abraçando-os de volta.

— Tu vai com a gente na festa do Thiago? — Perguntou Vitória, soltando do abraço do pai.

— Vou sim. — Ele respondeu, sorrindo ao ver os gêmeos comemorarem.

— O papai trouxe uns presentes pra vocês, meus amores. — Du abriu a sacola e tirou os embrulhos, fazendo os dois correrem na direção dela. — Qual é de quem?