9

258 20 45
                                    

Eduarda disse às crianças o nome de seu pai e de toda sua família naquele dia. Eles não paravam de especular quem seria, como se fosse um enigma que havia de ser descoberto.

— Será que ele é um marinheiro? Tenho certeza que é! Ele não deve nem ser do Rio, né, mãe? — Sugeriu Guilherme, que era apaixonado por barcos e coisas náuticas. Ela poderia mentir, dizer que era isso, que nem sabia onde ele estava, mas não parecia uma boa ideia.

— Crianças, venham aqui. — Ela os chamou, se ajoelhando na frente deles. — A minha história com o pai de vocês é meio difícil. Mesmo que eu conte agora, não sei se vocês entenderiam. Mas o pai de vocês veio procurar vocês. — Disse.

— Jura? — Vitória, perguntou, encantada.

— Juro. Mais de uma vez. — Eduarda sorriu ao ver o sorriso deles. — Lembra daquele moço que estava com a gente no bar, hoje, todo arrumado, de terno?

— Sim. — Respondeu Guilherme.

— Parecendo um príncipe. — Vitória disse, fazendo Du rir.

— Quase isso. — Ela disse, rindo. As crianças arregalaram os olhos e se olharam.

— Ele é o nosso pai? — Perguntou Guilherme, abismado.

— E ele é tipo um rei!? — Perguntou Vitória, animada.

— Não, crianças, deixa eu explicar. Ele é sim o pai de vocês, mas ele não é um rei, rei de verdade. Mas manda em uma empresa chamada Império das Jóias. Ele tem muito dinheiro. — Explicou, os dois absorveram, encantados.

— Eu sou tipo uma princesa! — A filha de Eduarda disse, rindo. — Ele gosta da gente? Pode deixar a gente ver as jóias?

— Bom, vocês ainda não se conhecem direito, né? Mas vão conhecer. — Disse, sorrindo. — Vou falar com ele, vocês querem ver ele amanhã?

— Sim! — Exclamou Vitória.

— Não. — Disse Guilherme.

— Não? — Du perguntou. — Mas... Por quê? — O menino não respondeu, apenas olhou para seus pés. — Vitória, por que você não entra no quarto?

— Tá. — Ela disse, meio chateada, indo pro quarto.

— Vem cá, Gui. — O garotinho se aproximou e sentiu a mãe pegar suas mãos. — Por que tu não quer encontrar o seu pai?

— Eu quero, mas... E se ele não gostar de mim? E se ele me deixar de lado, que nem na escola? — Perguntou, preocupado. Du suspirou e o abraçou.

— Ah, meu amor. — Disse, afastando-o e beijando sua testa. — Ele vai gostar de você, com certeza. Não tem como não gostar, tá bom? E seu pai é um homem muito bom, que nem você vai se tornar um dia, e ele não vai deixar de gostar de você porque você tem asma, tá? — Ele concordou com a cabeça, olhando pro chão. — Guigo, olha pra mim. — O menino olhou. — Eu e a sua irmã te amamos demais, assim como a Xana, a Naná e muitas outras pessoas que te acham incrível. Seu pai logo vai perceber o quão incrível você é, tá? — Guilherme concordou com a cabeça. —  Você é um menino bom, gentil, lindo e dedicado. Repete pra mim.

— Eu sou um menino bom, gentil, lindo e dedicado. — Disse, ainda chateado.

— Tu acredita no que eu tô te falando, não acredita? — Ele concordou com a cabeça, e ela sorriu. — Então me dá o seu maior sorriso. — O garotinho forçou seus dentes a aparecerem. — Ah, não. Assim não. Não gostei. — Disse, fazendo cócegas nele. Guilherme começou a rir. — Agora sim. Chama sua irmã, hora do banho.

— Tá bom. — Disse, sorrindo e indo correndo até o quarto.

◤◢◤◢◤◢◤◢◤◢◤◢◤

Como já haviam jantado, as crianças tiveram mais tempo pra brincar, enquanto Du organizava suas coisas e finalmente respondia as mensagens de Lucas.

— Vai, Vitória! — Guilherme disse, cutucando a irmã com sua espada de pirata de plástico.

— Eu não quero! — Disse, brava, abrindo sua pequena casa de bonecas no chão.

— Por quê? — Perguntou, magoado. Vitória não respondeu, apenas virou o rosto. Guilherme abaixou sua espada, que bateu no chão, e se virou, bravo também. Então, ao se virar, sua espada atingiu a casa de bonecas, derrubando-a. O barulho fez Du tirar o rosto do celular.

— O que aconteceu!? — Ela perguntou.

— O Guilherme quebrou a minha casa! — Respondeu Vitória, vendo os móveis atirados pelo chão.

— Guilherme? — Eduarda perguntou, indignada.

— Foi sem querer! — Ele respondeu.

— Não foi, não! Eu disse que não queria brincar e ele derrubou! — Respondeu ela, recolhendo os pequenos móveis e os recolocando em seus lugares.

— Isso é verdade? — A mãe perguntou. Guilherme olhou para as pontas de seus pés.

— É, mas eu não quis derrubar! Foi sem querer! — Disse.

— Não foi! — Os dois se olharam, bravos.

— Foi! — Guilherme disse.

— Não foi!

— Foi sim!

— Não foi, não!

— Chega, os dois! — Eduarda disse. — Guilherme, pede desculpas por ter derrubado.

— Mas foi sem querer!

— Não importa, ainda assim caiu. — Guilherme suspirou. — E Vitória, tu não pode tratar seu irmão assim, pede desculpas. Não foi essa a educação que eu te dei. Pronto, peçam.

— Desculpa por derrubar sua casinha. — Guilherme disse.

— Desculpa por ter sido mal educada contigo. — Vitória disse.

— Ótimo. — Ela pegou o celular de novo. A última mensagem que havia escrito era:"consegue vir amanhã?", mas Lucas não havia visualizado. Quando ligou o celular, a resposta:"sim", apareceu instantâneamente em sua tela.

◤◢◤◢◤◢◤◢◤◢◤◢◤

Lucas recebeu uma foto de Vitória montando sua casa de bonecas e Guilherme empunhando sua espada, carregando consigo um baú de tesouro. Ele sorriu bobo com a imagem.

— Oi, amor! Você nem imagina quem foi no restaurante hoje. — Disse Ísis, colocando sua bolsa em uma mesa ao entrar no quarto.

— Hm, quem? — Perguntou, distraído ao digitar:"são lindos, preciso ir aí conhecer eles".

— A Érica! Namorada do Robertão, funcionária do blog do Theo, lembra? — Lucas concordou. — Ela tá com um barrigão, linda!

— Que bom. — Comentou, ao receber a mensagem:"consegue vir amanhã?".

— Lucas, o que você tá fazendo aí? — Perguntou Isis, sorridente, engatinhando na cama até o rapaz.

— Nada. — Sorriu, olhando-a. Ele a beijou, mas se sentiu mal por isso. Sentiu o peito apertar e se afastou. — E como eles estão?

— Felizes. — Respondeu. Esperou que ele fosse voltar a prestar atenção em seu celular, mas não foi o que ocorreu. — Você tá tão diferente recentemente. Tá tudo bem?

— Tá sim! — Disse, antes de desbloquear o aparelho e abaixá-lo. Sua intenção era parecer menos suspeito, mas não foi o que aconteceu. — A empresa tá me tirando do sério, tô super ocupado. Tô marcando uma reunião aqui.

— Ah, então tá. — Disse, não muito convencida.

Lucas desbloqueou o celular, mandou "sim", e o desligou novamente.

— Vamos descer pra janta? — Perguntou, sorrindo para a ruiva.

— Claro. — Disse, sorrindo contente com a atenção.

Rockabye - LucaduOnde histórias criam vida. Descubra agora