Capítulo 11

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- Essa porcaria de tinta não vai sair nunca não? - Nath murmurou irritado para si mesmo enquanto esfregava suas mãos uma na outra debaixo da água corrente de uma das pias do vestiário, na tentativa falha de tirar as várias cores diferentes de tinta que estavam incrustadas em sua pele.

Fontainelles se encontrava sozinho naquele cômodo mortalmente silencioso e, se alguém entrasse ali, só conseguiria escutar o barulho da água da torneira fluindo e suas reclamações murmuradas por entre os dentes.

Não estaria nessa situação se tivesse tomado vergonha na cara e feito o trabalho antes - sua própria voz ressoou em sua mente, debochando de sua situação. Aquela auto repreensão fez com que um bico se formasse em seus lábios e um muxoxo escapou por entre eles, o deixando parecido com uma criança de cinco anos emburrada por não ter conseguido um brinquedo que ele queria muito.

Pior é que ele nem sequer poderia discordar e bater boca com a voz em sua cabeça, porque ela estava absolutamente certa. Se ele tivesse feito antes, poderia ter pedido ajuda para Aimee e Sasha, desse modo, talvez não estivesse cheio de tinta em seu uniforme e em sua pele, ao invés de estar desesperado para terminar tudo a tempo do prazo que a professora, Giovanna Miller, havia estipulado, com diversos tons de tinta espalhados por seu corpo e esfregando suas mãos embaixo da água até elas ficarem em carne viva... ou talvez aquele raciocínio não fizesse o menor sentido.

- Acho que vai ser melhor se eu for tomar um banho agora - o azulado disse para si mesmo - ou pelo menos, isso vai ser mais útil tentar tirar essa droga do corpo todo embaixo do chuveiro do que ficar aqui pela eternidade e no final nem ter conseguido tirar as tintas das mãos - continuou falando sozinho, ao mesmo tempo que caminhava em direção ao seu armário.

O vestiário da Blackwood Academy não tinha uma aparência diferente do que qualquer outro vestiário dos colégios mundanos estadunidenses ou dos de filmes e séries de adolescentes que se passam durante o período do ensino médio. Como todos ele apenas é usado pelos alunos de Voo aerocinético, pelos times de OccultismOrb e de Pique Bolha para trocarem de roupa e tomarem um banho para não passarem o resto do dia ensopados de suor. Apesar disso, todos os alunos possuíam um armário e tinham permissão para usarem os chuveiros quando necessário. Também havia uma porta que se conectava a um corredor que leva direto para a enfermaria caso algum aluno tenha tido algum ferimento, seja ele grave ou não, no meio das aulas ou durante os jogos.

Levou apenas alguns minutos para que o aluno do primeiro ano de magia de olhos verde-amarelados secasse suas mãos, encontrasse seu armário, pegasse uma toalha e caminhasse em direção a um dos últimos chuveiros. A sensação da água quente escorrendo por toda a extensão de seu corpo fez com que um suspiro de prazer escapasse por entre seus lábios de tão relaxante que era. Dois minutos, foi todo o tempo que ele passou aproveitando aquela sensação gostosa antes de estender a mão em direção a saboneteira, pegar o sabonete com cheiro de Jasmim e começasse a esfregar a barra de sabonete com força em sua pele até que ela estivesse vermelha e os rastros de tinta diminuíssem cada vez mais até que eles sumissem completamente.

Quando Nathaniel já estava fechando o registro do chuveiro, sua mente distraída quase não conseguiu captar o clique da porta sendo aberta. Imediatamente o bruxo entrou em estado de alerta, mesmo que sua mente tentasse acalmar lhe dizendo que poderia ser apenas os membros dos times que tiveram vontade de treinar hoje ou até mesmo a equipe de limpeza, já que os vestiários não são um dos lugares mais higiênicos de todo o colégio. Mas ainda havia uma pequena parcela de sua consciência que insistia em avisar para ele tomar cuidado. Afinal, nunca se sabe quando um maluco carregando uma faca estilo Psicose querendo reproduzir a cena do banheiro vai aparecer enquanto você toma banho.

Em momento de desespero, o Fontainelles agarrou a primeira coisa que viu para usar como arma para se defender caso fosse preciso... o frasco de Shampoo.

A mágica das estrelas nos seus olhos (Clareira encantada: livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora