Capítulo 12

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Nath havia conseguido deitar o amigo de uma de suas colegas de classe em um dos bancos do vestiário, com muito esforço pelo outro ser maior do que ele, se sentando no mesmo banco e repousando a cabeça do bruxo desacordado em seu colo logo em seguida. Tudo isso depois de ter colocado uma roupa, obviamente.

Minutos se passaram, o local estava tão silencioso que as únicas coisas que podiam ser ouvidas eram as respirações dos alunos de magia. Ali, no silêncio absoluto, o garoto de olhos verde-amarelados ficou observando cada mínimo detalhe de cada traço do rosto do ruivo-morango e acabou se encantando com a beleza do mais velho.

Quando Jason fez menção de que iria abrir os seus olhos sua testa latejou, fazendo com que ele resmungasse por causa da dor e voltasse a fechas suas orbes roxas-rosadas, apertando suas pálpebras com força.

- Ei - a mesma voz masculina melodiosa e delicada que ele havia ouvido antes se fez presente, chamando-o - calma, está tudo bem - a pessoa disse, em uma tentativa de acalmar o aluno do segundo ano da Blackwood.

O azulado coloca gentilmente sua mão na testa do outro, empurrando levemente a cabeça do Thompson para que ele voltasse a se recostar no colo do mais novo.

Um suspiro escapa por entre os lábios de Jay, seu cérebro estava tão confuso com a situação que ele se encontrava e dolorido pela pancada na testa, que não tinha energia para se preocupar com o fato de que ele estava sozinho com um completo desconhecido e tão desorientado que não seria capaz de fugir, ou sequer bolar um plano de fuga, caso isso fosse necessário mais para frente.

Talvez eu esteja em perigo e possa ser morto, mas vou deixar essa preocupação para outra hora - pensou, até mesmo essa tarefa era dolorida de realizar.

- Juro para você que em momento algum você vai acabar indo parar na vida após a morte - o francês disse ao mesmo tempo que observava o outro bruxo relaxando aos poucos em seu colo, sua voz se mantendo em um tom divertido em uma tentativa de não deixar o clima pesar.

- Isso é reconfortante - murmurou, rindo suavemente logo em seguida, mas parando ao sentir uma pontada em sua testa.

- Acho melhor que descanse um pouco antes de tentar se levantar - o mais novo aconselhou, movimentando sua mão de forma delicada pelos fios avermelhados.

Ter a sensação da mão de Nath acariciando seu couro cabeludo era extremamente reconfortante para Jason, fazendo com que um outro suspiro escapasse por entre seus lábios, demonstrando o quanto aquilo estava sendo confortável para ele, mesmo que a situação que os levou aquele momento não tenha sido tão agradável assim. Ele sentia que poderia ficar ali deitado naquele banco do vestiário recebendo aquele carinho para sempre e ainda assim nunca conseguiria enjoar, assim como também poderia facilmente adormecer sob o toque macio e delicado do desconhecido mais gentil e, ao mesmo tempo, violento que já havia conhecido.

Mas então, de repente, o bruxo começou a sentir alguma coisa percorrendo sua testa, até que estivesse envolvendo-a de forma similar à quando você vai ao hospital com um ferimento na cabeça e o médico te enfaixa com gaze. Quase que imediatamente, o medo se instalou em suas veias e percorreu seus vasos sanguíneos.

- O que está fazendo? - perguntou desesperado, o pânico se fazendo presente em seu tom de voz. Até mesmo um cego conseguiria perceber seu medo.

- Relaxe - o Fontainelles pediu, sua voz mais calma do que nunca - só estou fazendo um feitiço de cura para que você se recupere mais rápido - explicou, fazendo com que a tensão abandonasse o mais velho no mesmo instante que as palavras alcançaram seus ouvidos.

- Sua magia se manifesta como plantas? - perguntou, como se fosse uma criança descobrindo uma coisa nova sobre o mundo.

- Exatamente - respondeu simplista, mantendo sua concentração em realizar o feitiço corretamente.

A mágica das estrelas nos seus olhos (Clareira encantada: livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora