Capítulo 34

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Jay andava de um lado para o outro em seu quarto, em uma tentativa falha de acalmar o nervosismo ameaçando tomar conta de seu corpo.

Ele já havia se decidido e com certeza não iria voltar atrás em seu veredito, não importava o quanto seu corpo quisesse fugir até que estivesse de volta a sua casa e seu quarto, onde poderia deitar na cama e se esconder debaixo das cobertas como uma criança apavorada se escondendo de monstros.

Afinal, não tinha motivo algum para que o ruivo-morango estivesse tão amedrontado assim, não é mesmo? Nada iria dar errado, tudo aconteceria conforme o plano, que o inglês pensou e repensou milhares de vezes em cada detalhe, o reformulando toda vez que ele apresentava alguma falha.

Mesmo tentando ao máximo se manter confiante e positivo, ainda assim, havia uma vozinha em sua mente que insistia em lhe atormentar enquanto repetia sem parar que tudo daria total e terrivelmente errado, que ele estava fadado ao fracasso e, com toda e absoluta certeza, receberia um não como resposta, sendo rejeitado de uma forma muito dolorosa que faria seu coração se partir em milhares de pedacinhos enquanto assistiria o resquício de amizade que sobrara ir decaindo até que não passassem de meros conhecidos cuja presença causava desconforto em ambos.

De repente, alguém bateu na porta do quarto onde estava hospedado naquela pousada, o barulho ressoando pelo cômodo e fazendo com que o Thompson se sobressaltasse por ter sido arrancado de sua espiral auto depreciativa de um jeito tão abrupto como aquele.

- Pode entrar - gritou para sabe-se-lá-quem que havia batido, enquanto piscava repetidas vezes e balançava levemente sua cabeça de um lado para o outro, soltando um suspiro cansado logo em seguida.

O rangido da porta se abrindo fez uma careta descontente dominar os traços faciais ingleses do bruxo, aquele barulho era absolutamente irritante.

- Você não vai descer? - a voz de Tray se fez presente assim que o rangido da porta se abrindo se foi.

- Já vou, só preciso... - respondeu, pausando a própria fala ao perceber que não tinha uma desculpa para não ter que ir até lá embaixo agora e franzindo as sobrancelhas ao mesmo tempe que tentava arrumar qualquer desculpa esfarrapada.

- De mais alguns minutos se afogando na sua negatividade e no seu pânico enquanto enlouquece aos poucos? - o australiano questionou, recostando-se no batente da porta, cruzando os braços e arqueando uma de suas sobrancelhas.

- É claro que não! - exclamou indignado, uma expressão emburrada que o deixava parecido com uma criança de cinco anos fazendo birra surgindo em seu rosto.

Por mais que soubesse que o palpite do mais velho estava certo, ele se recusava a admitir que realmente estava deixando-se levar pelo medo e se escondendo até que não houvesse outra opção a não ser sair daquele quarto, descer até a recepção e encontrar seu novo grupo de amigos.

- Nem tenta, você é péssimo em mentir - falou, entrando no cômodo, caminhando em direção a cama encostada na parede da direita e se sentando ao lado de seu amigos, que parecia estar a beira do desespero.

- Eu sei, sou terrível quando se trata de mentir - resmungou em lamento, apoiando a cabeça no ombro de seu amigo.

Minutos, em que ambos ficaram em completo silêncio, se passaram, a tentação de simplesmente deixar que as palavras jorrassem para fora de sua boca e, por consequência, contar tudo sobre seu terrível.

- Você está com medo de ele te rejeitar, não é? - o O'Brien questionou, mesmo que já soubesse qual seria a resposta de sua pergunta.

- Sim - o ruivo-morango murmurou a resposta, seu tom de voz deixando transparecer o quanto ele estava assustado e, ao mesmo tempo, meio amuado.

A mágica das estrelas nos seus olhos (Clareira encantada: livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora