Capítulo 32

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Uma das duas semanas em que ficariam hospedadas naquela pousada isolada da civilização com os alunos do ensino médio já havia se passado.

A professora de Poções e Alquimia ficava se lembrando o tempo todo, em uma tentativa de se acalmar, pois tal fato era uma das poucas coisas que estavam conseguindo impedir Ramona de perder a cabeça e surtar completamente.

Ela nunca tinha sido uma pessoa que era fã de ficar no meio do mato, ao contrário de sua colega de trabalho que parecia estar adorando todo aquele contato com a natureza e tudo mais. Não que Lavesque possuísse alguma coisa contra a natureza, mas ela preferia muito mais viajar para uma cidade e ficar em um hotel do que acampar no meio da floresta, por exemplo. Sim, a Blackwood Academy ficava rodeada por uma floresta e há alguns metros de distância de um vilarejo, mas, ainda assim, o colégio não parecia ser tão Amish quanto aquele lugar, pelo menos, isso era do ponto de vista dela.

Ainda tinha toda a questão de ter que ficar de olho em todos aqueles alunos pelos quais elas estavam responsáveis, essa tarefa adicionava um estresse extra sobre os ombros dela, que nem gostava muito de socializar com os outros professores, que dirá ter que passar duas semanas inteiras vigiando um monte de adolescentes cheios de hormônios.

Uma das poucas coisas que lhe trazia acalento era poder revezar a função de lidar com os alunos com Maya e poder aproveitar seu pouco tempo livro lendo alguns livros de romance para se distrair de todo aquele pesadelo pessoal.

Ler ajudava a suavizar sua dor de cabeça e deixava seu corpo mais relaxado, fazendo com que a russa abandonasse a postura de professora séria e rígida e a trocasse para a de uma mulher que adorava livros, principalmente os de romance.

Enquanto estava mergulhada nos livros, Ramona não sentia tanta necessidade de continuar sendo a pessoa fria e distante que ela normalmente era, as palavras e narrações sobre vidas de outras pessoas a faziam se sentir confortável o suficiente para abaixar sua guarda pelo tempo que levaria para terminar de ler seja lá qual livro estivesse lendo no momento.

Um momento de paz e tranquilidade para alguém cansada de se forçar a interagir com outros bruxos.

O único outro momento em que não se sentia extremamente desconfortável por estar em meio a outras pessoas era quando estava dando aula. No exato segundo em que o sinal tocava, anunciando o início da aula, Lavesque se transformava, deixando vir à tona seu amor tanto por Poções quanto por Alquimia e focando unicamente em transmitir seu conhecimento de ambos os assuntos para aqueles que faziam parte de suas turmas.

Claro que ela ainda era bastante rígida com seus alunos e não tolerava erros, por motivos de que, caso algo viesse a dar errado, isso poderia fazer com que um deles se ferisse gravemente ou ocasionar na morte de alguém, mas isso não significava que não conseguisse ser compreensiva quando necessário, oferecendo auxílio aqueles que tinham mais dificuldade e jamais ignorando-os.

Ela podia ser inflexível em relação há alguns assuntos, mas não era um monstro.

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Maya respirou fundo enquanto mantinha seus olhos fechados para aproveitar melhor as sensações boas que a natureza lhe fazia sentir. A sensação do sol esquentando sua pele, da grama sob seus pés descalços, da brisa batendo contra seu rosto e bagunçando levemente seus cabelos castanhos conforme o vento faz seus cachos se movimentarem.

Desde que se entendia por gente, a brasileira adorava a natureza e ficava fascinada com qualquer tipo de criatura ou planta existente, principalmente as espécies mais diferentes.

Estar naquela pousada fazia a bruxa se lembrar de quando era mais nova e passava os finais de semana no sítio de seus avós no Brasil, que ficava no interior do Mato Grosso do Sul, no Brasil.

A mágica das estrelas nos seus olhos (Clareira encantada: livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora