Capítulo 15

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Ethan se recostava na beirada do lago da clareira já havia alguns minutos, seus ombros estavam tensos e sua cabeça latejava um pouco devido a uma irritação familiar que percorria cada vaso sanguíneo de seu corpo graças a uma discussão que ele havia tido com seus pais mais cedo naquela manhã.

Novamente, como em todos os dias desde que ele havia se tornado um adulto, Cristal fez seu discurso matinal e rotineiro durante o café da manhã sobre como ele já se encontrava na idade para arrumar um parceiro ou, de preferência, uma parceira e assim depois de um certo tempo, finalmente, se casar. Como sempre, seu pai não se pronunciou sem ser para apoiar sua esposa, nem uma vez sequer para pedir que a matriarca parasse de importunar o único filho homem que eles têm.

Aquela era uma cena que acontecia praticamente todo dia no café da manhã e era extremamente cansativa e ao mesmo tempo irritante para o tritão.

Um suspiro cansado escapou por entre seus lábios. Por mais que absolutamente tudo naquela situação com sua mãe o desgastava, a água do lago e o som das árvores balançando ao vento da clareira ecoando suavemente relaxavam a criatura mágica.

De repente, o barulho de passos pisoteando a grama e alguns galhos surgiram, ecoando pela floresta. Sem sequer precisar se virar, ele já sabia quem era antes da pessoa chegar na clareira. Afinal, quase ninguém ia até lá.

Quando os passos já estavam próximos da entrada da clareira, continuando sua caminhando em sua direção, Ethan se virou e como ele já havia previsto lá estava ela, a bruxa do primeiro ano com seus cachos alaranjados presos em um coque com alguns fios escapando pelo penteado, um maiô verde água com detalhes pretos, uma toalha rosa clara repousando em seus ombros e seus olhos castanhos grandes e redondos semelhantes aos de um bebê corça. Um sorriso animado surgiu no rosto de ambos assim que seus olhares se encontraram.

- E aí, humaninha? - o acastanhado saudou alegremente enquanto Sasha se aproximava do lago - como é que você está, baby corça? - perguntou, genuinamente curioso e ao mesmo tempo preocupado com a saúde mental da amiga - ainda chateada por causa daquele babaca que jogou suco em você?

- Um pouco, confesso - respondeu, se sentando na beira das águas perto de onde seu amigo estava e dando de ombros de um modo despreocupado logo em seguida. Por alguns poucos segundos uma expressão cansada tomou conta de seu rosto, mas logo foi substituída por uma feição mais alegre e tranquila - mas me sinto bem melhor porque ele pegou uma detenção por fazer uma besteira gigantesca na aula de poções - continuou, rindo levemente enquanto colocava sua toalha ao seu lado.

- Mentira! - exclamou de forma animada e desacreditada, um sorriso de orelha a orelha despontando de seus lábios - eu estou passada, chocada – disse, fazendo com que sua amiga risse muito de sua reação.

- Para a infelicidade dele, não - a ruiva disse, entrando dentro do lago.

A água gelada envolveu seu corpo, chegando até a altura de seus ombros e fazendo com que um arrepio subisse por sua coluna. Apesar do frio que estava sentindo, a sensação de estar dentro d'água não era totalmente desagradável. Aos poucos, seu corpo ia se acostumando com a temperatura e o lago ia se tornando mais quente conforme os minutos passavam. Suas mãos se agarram fortemente às margens do lago. Sim, ela sabia nadar, mas ainda restava alguns pequenos traços do trauma de ela ter se afogado naquelas mesmas águas no dia em que ela e Ethan se conheceram.

- Relaxa - o cacheado falou, chamando a atenção da irlandesa que encarava a água cristalina do lago da clareira deles com um pavor imenso. A bruxa mordiscava o lábio inferior e os nós de seus dedos já estavam ficando vermelho, um contraste evidente com sua pele clara - vai ficar tudo bem, eu estou aqui - o tritão tentou acalmar sua amiga, mantendo seu tom de voz o mais sereno e tranquilizador possível.

A mágica das estrelas nos seus olhos (Clareira encantada: livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora