Cap 39: Um chefe menor do que se espera

44 5 5
                                    

No dia seguinte, Roca despertou, tonto de sono, o cheiro de saliva vencida inundando seu olfato, uma parte recém desperta do cérebro lembrou Roca de que ele fazia isso as vezes quando estava relaxado (quando dormia de conchinha com Dante, acordava exatamemte com esse cheiro), pensar nessas coisas fez Roca se lembrar do essencial: agora era escravo e Dante não estava junto dele.

O sentimento de desolação o assolou por um instante, antes de seu sentido do tato o acalentar, o fazendo sentir os pelos confortáveis de Dan, que ainda o abraçava.

-Talvez...você não seja dos piores... - O lobo sussura.

-EI!! ACORDEM, SEUS MERDAS!!!! - A frase foi ouvida junto do ressoar do metal.

Daw acordou e se levantou calmamente, se desvencilhando de Roca sem nenhum rodeio, se alongando e tentando lidar com o braço ferido.

-Conseguiu descansar depois do escarcéu de ontem?

-Sim. - Roca disse, se alongando também.

-Conseguiu cuidar da sua ferida?

- Sim, seria bom fazer ataduras limpas, mas...precisaria de itens que não tenho e tempo que não tenho também.

-Isso vai afetar a sua saúde? -

-Sim, a nossa, na verdade, seria bom ter ataduras para por no seu braço, e se eu ficar com ataduras sujas, talvez tenha infecção ou até comece a...bem...a carne começaria a morrer, e isso não seria bom.

-Bem, se possível, me diga o que precisa e faremos isso para você e, se possível, para mim mesmo. E os remédios? Como estão indo?

-Bem. Agora venha aqui, vou passar algo discreto no seu braço para que possa trabalhar e ninguém reparar. Tudo bem?

-Seja rápido. - O gato disse estendendo o braço ferido.

Roca sorriu e passou um composto pastoso na grande ferida de Dan.

-Seria bom ter algum tecido para não deixar a ferida exposta o tempo todo.

-Eu tenho algo. - O gato disse, indo até o monte de feno aonde dormiam e, pondo a mão debaixo da massa de feno e pegando uma velha camisa surrada e pequena. - Serve?

-Sim, sim. Deve servir até para mudar a minha atadura também. - Ele disse, pegando a camisa e a usando para esconder a ferida e trocando a própria ferida. - Vamos?

O gato assentiu e seguiu junto de Roca.

Do lado de fora, o carcereiro os acorrentou e levou, distribuindo os escravos pela lavoura.

Daw e Roca trabalharam daquele momento até o sol estar diretamente acima deles, como no dia anterior, ambos pediram para ir pegar mais comida e assim, foram para o depósito de restos (aproveitando para fazer suas necessidades em um local no caminho).

-Oi, Roca, Daw. Vieram aqui de novo? Nossa, isso é um recorde!! Na verdade é um recorde que tenham vindo aqui atrás de comida para início de conversa, hahahaha. - O Faisão disse sorrindo e já dando sacos aos dois. - Já comeram tudo aquilo? Vocês são fodas, viu?

-Ainda tem um pouco lá na nossa cela, mas mais um pouco nunca é demais. - Roca disse, com um sorriso determinado.

-Sim! Sim! É o que eu sempre digo ao povo daqui! - O Faisão disse, sorrindo. - Principalmente para gente igual o gatão ali.

- Ele só precisa aprender a sorrir um pouco mais, sabe? - Disse Roca, sorrindo para a ave.

-Não preciso saber sorrir ou nada assim, somente trabalhar. Sou um escravo, afinal, nós somos na verdade. Deveria usar mais desse tempo livre para trabalhar ao invés de jogar conversa fora.

- Mas eu estou fazendo, faço parte dos coletores, que dividem os restos para dar aos plebeus do senhor, para usar de adubo e coisas assim. Sou ótimo diferenciando plantas. - A ave disse, batendo no peito, cheio de orgulho. - E cá entre nós...também me dá a vantagem de ter comida antes de todo mundo, ficando com as melhores partes.

-Uau... ...é...de fato, uma boa estratégia é um bom trabalho. - Daw fala, um tanto perplexo.

-Obrigado, Obrigado. - You diz, orgulhoso.

Então, um leve ribombear começa a assolar a terra, a fazendo tremer e fazendo os escravos abaixarem a cabeça e ficarem sérios, até You ficou sério e Daw ficou ainda mais serio, se ajoelhando, só Roca ficou sem saber o que estava acontecendo, tendo que ser abaixado pelo Daw.

Logo, um rickshaw puxado por um grande elefante vestido com trajes de batalha de proteções de peito e abdômen, fora ombros de metal, e adornos com tecidos, para ser mais confortável e bonito (já que eram tecidos vermelhos e amarelos) apareceu, dos lados do rickshaw, mais outros dois elefantes vinham, com espadas nas mãos e, atrás, também vinha um grande elefante erguendo uma espada.

A rickshaw logo se aproximou, junto das quatro figuras altivas e fortes dos elefantes, que mantinham uma expressão séria, exceto ao encarar Daw e Roca, assumindo uma expressão de ódio.

- Ora, ora, ora, se não é o novato das lavouras. - Uma vozinha ligeiramente fina disse da rickshaw. Da carruagem puxada pelos elefantes, um rato se ergueu, ele tinha, no máximo, um metro de altura, era minúsculo em comparação aos mais de dois metros de altura dos quatro elefantes. - E está vindo atrás de comida herbivora? Que orgulho. Parece que estão ganhando vergonha de seus atos hediondos, carnívoro.

-É...sim, senhor.

-Venho vendo as suas lutas, lobo branco. Você é bem primoroso e, devo admitir, bem bonito. Talvez seja de bom tom ter uma fazenda inteira só com sua prole, uma prole bonita, discreta, obediente e que tenta fazer o mínimo.

- É... ...agradeço, senhor... - Roca disse, desconfortável.

-Ah, desculpa, esqueci que vocês carnívoros são burros, tenho que explicar quem sou, já que não deve ter entendido ainda. Eu sou Wei Jin, o senhor dessas lavouras, e o seu dono.

-Eu- Roca é cortado pelo rato.

-Sim, sim, sei que não merece tanta honra, mas ainda é a realidade. Só queria lhe dar os parabéns por fazer o mínimo, queria muito te arrastar pela lavoura inteira, mostrando que ao menos UM carnívoro se salva entre vocês, não se deixando guiar pelos seus instintos sujos. E ainda está levando com você...esse aí, ele era um dos mais comportados se não me engano, ótimo! - O rato disse, com uma voz cheia de nojo enquanto olhava o gato. - Dois exemplos em uma tacada só! Quon! Pegue-os!

O elefante a direita do rato se aproximou, como uma grande muralha cor de ferro e cinza, fazendo o chão tremer com seus passos fortes e seu olhar que parecia querer matar ambos os carnívoros, Roca queria reagir, mas sentia que era melhor manter a compostura, ainda mais com Daw parecendo uma pedra, nem respirando, tamanha a tensão.

O elefante os pegou pela pele da nuca, cada um ocupando uma de suas mãos.

-Ótimo! Vamos, em frente, Chang! - O elefante que puxava o rickshaw começou a o puxar de novo, seguindo adiante enquanto o dito "Quon" mantinha Roca e Daw erguidos acima da cabeça. - Ei! Seus carnívoros nojentos!! Sigam o exemplo desses dois, principalmente do lobinho aí!! Ele não come a carne dos companheiros por necessidade, sabiam?! Se arrepende de verdade de ter consumido carne de alheios e vocês?! Vão continuar assim até quando?! Espero que não mais muito tempo, seus carnívoros imundos! - E assim ele continuou, passando por toda a fazenda até voltarem a área deles. - Ufa, isso foi cansativo, aqui Yan, eles vão voltar a trabalhar, só os peguei por um momento. Quon, pode solta-los. - E assim o elefante o fez, os jogando aos pés do cavalo branco.

-Você faz o que quiser com eles, chefe. São seus escravos, afinal.

-Exatamente! E conto com vive para cuidar o melhor possível deles.

-Assim o farei, chefe.

O rato sorriu. - Chang! - Logo, o elefante seguiu junto dos outros e de seu mestre.

O cavalo albino suspirou. - Parabéns, pedaços de lixo, se tornaram os favoritos do chefe, então façam o mínimo e correspondam a essa expectativa.

Conto de uma história longínqua. (Furry) (Yaoi) (Lemon)Onde histórias criam vida. Descubra agora