Cap3: O florescer de uma imaculada chama de amor.

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-Pode ser agora? - Perguntou o lobo estrangeiro.

-Quanto mais cedo melhor. - Disse a loba, indo para a cama de casal e pegando um grande casaco de pelo marrom, que cobria todo o seu corpo.

-Isamaia, não pode ficar sozinha com ele, não depois disso, eu vou junto. - Disse o lobo pai, com um tom imperativo.

-Posso ir com vocês, não posso ficar sozinho. - Disse Roca, com certa animação.

-P-podem todos vir, acho que isso vai ser de bom proveito a todos. - Disse Dante, com rubor na face marrom ao ouvir que Roca iria.

Saindo da casa, a família passou as horas seguintes aprendendo um pouco de herbologia com Dante, que ensinou como preparar e como detectar flores medicinais, comestíveis e temperos, além de mostrar iscas que apareceram de maneira oportuna durante a pequena aventura da família, mais do que seus pais, Roca foi o que mais fez perguntas e se aprofundou no assunto, estando sempre perto de Dante, que parecia excessivamente desconfortável com a pouca distância mantida entre os dois, a sua face não perdia o rubor um instante sequer, e sua fala, não perdia a gagueira quando ele se dirigia ao lobo albino heterocromático, principalmente quando ele olhava diretamente os portais de cores diferentes, mas com seus pais, seu tom era sempre relaxante e calmo, um tom de professor de primeira classe, diga-se de passagem.

Depois da pequena odisseia, os quatro retornaram a oca aquecida com cestos e mais cestos de folhas e flores com as mais diversas funções, cestas estas que foram confeccionadas durante esta mesma odisseia, ao entrar na casa, Isamaia disse com entusiasmo:

-Vou tentar por isso na prática, vou deixar minha comida ainda mais gostosa para vocês, meus lobinhos gulosos. - Disse a mãe, de maneira carinhosa.

-Assim espero, senhora.

-Isamaia querido, pode me chamar de Isamaia.

-Tá, Isamaia.

-Eu... achei muito divertido hoje, Dante. - Disse Roca, chegando mais perto do lobo marrom, que ainda se despia de seus grilhões floridos, o lobinho albino tinha em seus lábios um sorriso tímido, mas que clareava o local como o sol que clareia uma clareira, as leves abanadas de seu rabinho fofo, retornando.

-E me ensinou muitas coisas também, não sabia que as iscas ficavam mais eficientes com estas plantas. - Disse o lobo pai, dando um tapa amistoso nas costas do garoto.

-O-obrigado. - Disse o garoto, com um rubor nas bochechas.

Mas bem, a família foi feliz, Isamaia fez um cozido ainda melhor do que o normal, o que arrancou suspiros de seus pequenos admiradores, e, depois de um dia tão agitado, a família foi dormir calmamente, porém no meio da noite, o lobo marrom, que já se contorcia em seu sono, levantou em sobressalto, arfando no ato, as mãos passaram pelo corpo de maneira desesperada até chegar ao rosto, depois, ele olhou em volta, respirando fundo, focando a cama onde Roca dormia mansamente, ele olhou para lá com desejo e conflito, dez segundos foram necessários para aquele pequeno embate que era aparente, ser vencido por um dos lados.

O estrangeiro saiu na ponta dos pés de sua cama e foi até a cama de Roca, o balançando assim que chegou.

-O que foi? - Disse a voz baixa e sonolenta do lobinho ártico.

-Estou com medo... posso ficar aqui... com você? - Disse o lobo marrom, com suas bochechas ficando mais vermelhas que maçãs maduras.

A reação de Roca foi acordar de imediato, se sobressaltando também, as orelhas alertas sobre a sua cabeça, seu rostinho estava tão vermelho quanto o do outro.

-Não? - Perguntou Dante, com desânimo.

-Cla-claro que pode, só a-achei que fo-foi meio ra-rá pido s-sabe? Ainda ho-hoje, vo-você me arranhou, n-né?! - Disse o pequeno, rápido e meio alto demais, se dando conta do que disse logo em seguida.

- Me desculpe. - Disse o lobo estrangeiro, com ainda mais desânimo, as orelhas para baixo e retornando a sua cama.

-Não! - Disse o lobo albino, segurando o pulso do outro rapidamente, e corando no ato. - Que-quer dizer... pode, eu não estou bravo por causa daquilo, você nos ensinou coisas e até me curou, já esqueci. - Disse o lobo albino, corado e com um sorriso.

-Tem... certeza? - Disse o lobo marrom, descrente.

-Tenho. - Disse o outro, o puxando para a cama levemente.

Assim que foi puxado, Dante olhou para Roca, corando a medida que se aproximava do conglomerado de peles, não só ele, claro, e quando se deitou, o cheiro suave de seu dono envolveu-o em um abraço acolhedor, aparentemente, deixando-o sem jeito.

O próprio Roca estava sem jeito, ele estava virado de costas para o seu companheiro de cama, alerta e extremamente constrangido, o rubor em sua face era tão visível quanto o de Dante, que fazia o mesmo que Roca, ambos estando de costas um para o outro, um tempinho passou, e ambos não conseguiam dormir.

-Ainda está acordado? - Perguntou Roca, baixinho.

-Estou. - Respondeu Dante, no mesmo tom.

-Não consegui dormir... está meio frio para isso... será que posso...

Roca nem terminou de dizer e Dante o fez, se virando para abraçar as costas do outro pequeno.

-Seu cheiro é bom. - Disse o lobo marrom, sem muito rodeio.

-Te-tenho algumas essências que pa-passo no corpo, nu-nunca fui muito de fe-fedor. - Disse Roca, ainda mais corado.

-É um cheiro tão... acolhedor.

-Eeeeee... - Roca estava no limite agora.

-Pode se virar?... eu quero te encarar. - Disse a voz meio sonolenta e melodiosa de Dante.

Roca estava "soltando fumaça pelas orelhas" de tanto que estava corado, mas mesmo assim, se virou levemente e ficou de frente para o lobo pardo, o estrangeiro estava agora abraçando o peito de Roca, e com um leve movimento, olhou para cima, vendo o rosto carmim junto do pelo branco e os olhos de cores claras, criando uma sincronia de cores magnífica aos olhos do lobo pardo, algo que se refletia em seus olhos azuis, que brilhavam, dando a ideia de estrelas no meio do céu azul.

O próprio heterocromático pareceu começar a ficar mais confortável, aos poucos, começando a abraçar o outro lobinho, até estar o envolvendo em um manto acolhedor de afeto.

-Você... é fofo, sabia? - Disse o lobo cor de pérola, sonolenta e melodiosamente, acariciando a cabeça de Dante.

O lobo estrangeiro não respondeu ao elogio, tinha dormido.

-Isso é injusto. - Disse o lobinho, dando mais uma carícia e dormindo logo depois.

A noite a partir daqui foi tranquila, ninguém mais acordou no meio da noite por algum motivo.

Conto de uma história longínqua. (Furry) (Yaoi) (Lemon)Onde histórias criam vida. Descubra agora