O dia era comum, completamente comum, o sol castigava os escravos enquanto eles trabalhavam, em especial, aqueles adaptados ao frio, como o lobo branco de olhos heterocromáticos, Roca, que limpava constantemente a testa enquanto trabalhava.
-Você mal saiu do almoço, preferidinho. Trabalha, ou vou ter que usar o chicote.
Roca, já bem mais magro do que quando chegou na lavoura a dias atrás, seu corpo obviamente não estava lidando bem com a dieta puramente de plantas e muito menos com o constante esforço físico nas lavouras e com as lutas no fim do dia.
Seu corpo tremia, a beira da exaustão total, mesmo tendo comido, não parecia sentir nenhuma energia ou saciedade, muito pelo contrário, seu estômago roncava, ansiando por comida, e comida DE VERDADE.
Ele cambaleava a medida que executava seu trabalho, o calor, a fome e o trabalho pesado pesando na cabeça e no corpo do lobo, o fazendo cambaleando, seus olhos fechando, devagar, devagar...devagar...deva... ...gar.
-Roca. -Dan chama, segurando o braço do lobo, que tropeçara e quase caiu no chão. - Acorde.
-Eu...eu tô acordado. - Ele disse, fraco, tentando se firmar.
-Não poderia estar mentindo mais, seja sincero. Está fraco. Pegue mais leve no trabalho, a noite, coma a carne do seu inimigo, você precisa disso.
-Não, não vou. - Disse o lobo, mas seu estômago roncou forte com a ideia de digerir carne. - Eu...só preciso de mais vegetais.
-Roca, não seja tão cabeça dura.
-Não...estou...sendo. - Ele disse, bem fraco, mas extremamente incisivo e determinado.
Dan olhou Roca, o focando no fundo dos olhos e suspirando. - Então só pegue leve, irei cobrir você, já que estou em melhores condições.
Roca assentiu. - Obri...gado.
-Por nada, só estou protegendo o nosso curandeiro. - O felino disse, voltando ao trabalho, trabalhando ainda mais arduamente do que antes.
Enquanto Roca só trabalhou um pouco menos avidamente, focando em si mesmo e na própria condição.
O dia passou aos trancos e barrancos, até que, a noite, o guarda os levou até as batalhas, que logo se iniciaram, cada um se alimentando, Roca conseguia sentir o cheiro de sangue, o cheiro de carne fresca, ver seus "companheiros de luta" voltando cheios de sangue na face, parecendo tão...satisfeitos. Aquilo obviamente o tentava, seu estômago roncando desesperadamente enquanto seus olhos brilhavam, focados e famintos, cada célula do seu corpo ansiando por estar no mesmo lugar que aqueles escravos.
Tão logo, foi o seu momento e, ironicamente, era um urso que seria o seu oponente, tal qual a primeira vez que lutou na arena, o que parecia anos atrás.
Roca só podia olhar o corpo do urso, focando as partes mais cheias de carne do corpo do ursídeo (as coxas, a barriga e o peito) seu olhar parecendo até transpassar a carne do urso, vendo por dentro de seu corpo, vendo e focando cada órgão através de seus conhecimentos, sua racionalidade trabalhando junto de seu instinto para (mesmo que contra a própria moral) saciar a ânsia do corpo.
O urso parecia estar tão ansioso e focado quanto Roca, o olhando com certo desgosto, provávelmente pensando no quão pouco de energia conseguiria dele quando o derrotasse.
Ambos giravam ao redor se um eixo comum, como planetas inversos girando ao redor de uma estrela-mãe, a tensão formada pelos olhares ferozes pesando no ar servindo como a corda invisível que os conectava.
Então, como uma largada, os estômagos de ambos os carnívoros roncou e então, Roca arrancou a frente.
O urso, em um reflexo, deu um chute na direção do lobo, que só desviou para o lado, indo para trás do seu adversário e o atacando.
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Conto de uma história longínqua. (Furry) (Yaoi) (Lemon)
AventuraEm um mundo onde existem animais que podem andar sob duas patas, usar as mãos e mais umas coisinhas (dependendo da espécie, claro), um lobinho-marrom chega a distante ilha de melville, e lá, ele encontra algo que não tinha desde os 5 anos: uma famíl...