Era noite, e majoritária parte das pessoas estaria dormindo... ...esse não era o caso de Dante, o lobo, a puro contra gosto, estava praticando arco e flecha, tentando (em vão) clarear a mente e manter a sanidade, mas as flechas não ajudavam. O lobo movia as mãos, inquietas, ao longo da extensão do arco, tentando achar algum apoio confortável e falhando constantemente, os dedos na flecha sendo dilacerados quando soltavam a flecha, fazendo a precisão do lobo piorar, e, como se não bastasse, os alvos eram mal feitos e pequenos, o fazendo errar ainda mais vezes, cada erro, cada lesão nos dedos, o lobo rosnava de frustração e dor, claramente acumulando mais estresse do que deixando sair.
Chegou em um ponto onde Dante simplesmente deu um grito de frustração e jogou o arco no chão, o quebrando a pisadas e, logo depois, fazendo o mesmo com as flechas, irritado como um touro, e bufando como um quando acabou, só para logo depois cair em lágrimas.
-É...arquearia não ajudou. - Ubiratã, o cervo anão, disse, trazendo consigo, uma pequena bandeja de alimentos. - Talvez trabalhar o maxilar ajude, sabe?
O lobo só continuou chorando, afundado em si mesmo.
Ubiratã só pode o olhar e se abaixar, deixando a bandeja de lado. - Olha, cara...todos nós estamos sentindo a falta dele, mas se ficar tão focado, não comer e nem beber, você vai morrer! E se você morrer, mesmo que eu e o Pi consigamos achar e resgatar o Roquita, ele vai ir de arrasta pra cima junto de você, poxa!
O lobo marrom ergueu as orelhas e olho de canto para Ubiratã. - Você não pode SNIF nem me deixar em paz um segundo?
-Pô, cara...se eu ou o Pi não ficarmos no teu pé, é provável que você morra de fome ou exaustão, então acho melhor não.
Dante ergueu a cabeça, seus olhos ainda úmidos pelas lágrimas, e deu uma pequena risada fraca. - É... ...talvez eu estivesse mesmo, mas...eu já me sinto morto sem o Roca... ...aqueles garotos levaram mais que o meu lobo branco quando o entregaram aos escravocratas...
Ubiratã suspirou, aproximando-se e sentando de pernas abertas ao lado do lobo. - Eu sei que doi, cara . Mas o Roquita gostaria de te ver forte, não desistindo de tudo, até porque nao é do teu feitio ficar assim. E, acredite, vamos conseguir recuperar o Roquita, mas para isso, temos que nos manter unidos, fortes e saudáveis.
Dante fungou, limpando as lágrimas enquanto olhava com desejo para as comidas que estavam na bandeja, em um erguer de mão, ele finalmente aceitou a bandeja de alimentos. - Eu só quero estar com ele de novo, Ubi. Eu não sei quanto tempo mais consigo suportar isso...
O cervo anão colocou a mão no ombro do lobo, oferecendo um sorriso brincalhão. - Vamos superar isso juntos, Dandan. Vamos recuperar o Roquita em algum momento... ...maaaaaas, por enquanto, coma algo e descanse, cara. Amanhã é um novo dia, e precisamos estar prontos para o que der e vier!!
-É...acho que sim. - Ele disse, olhando para a grande lua cheia que se erguia acima deles.
Naquela noite, sob a luminosidade reconfortante da lua cheia, Dante permitiu-se relaxar e ceder à fome pela primeira vez em dias, o alimento nutria seu corpo e o dava força e calma apesar de ainda sentir a gélida e dolorosa falta de Roca.
Estando agora satisfeito, Dante se alongou e bocejou alto.
-Eita que bateu o soninho, né? Hehehe.
-Cala a boca, UAAAAAAAAAH. - Ele novamente boceja.
-Hu...vamos voltar para a carroça, vai. Você precisa dormir, lobão.
-Huhu...tá bom, tá bom, vamos.
Ambos se levantaram e recolheram suas coisas, voltando para a carroça coberta que eles trocaram pelo barco, não seria mais tão vantajoso viajar por mar agora que precisavam de informações e ver Roca, que não estaria no litoral, obviamente.
Piatã já dormia dentro da carroça coberta, todo jogado, Ubiratã olhava aquilo sorrindo, todo bobinho.
- Vai dormir, Dandan. Eu vou dirigir hoje.
-Tem certeza que consegue passar a noite andando?
-Eu não sou criança, Dandan. Claro que consigo! Fora que, se eu ficar com sono, chamo vocês.
-Se diz...UAAAAAAAAH, vou dormir. - O lobo disse, indo até o lado de Piatã e se deitando no chão duro de madeira, mas, mesmo com o desconforto, ele dormiu na mesma hora, cedendo a essa necessidade corpórea.
Ubiratã sorriu, vendo seu amante e seu amigo abatido dormindo. - Boa noite. - E os deixou para seguir com a carroça, que era puxada por dois equinos quadrúpedes, os dois que dormiam sendo ninados pelo trotar dos cascos e o balançar da carroça, que os lembravam dos mares.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Conto de uma história longínqua. (Furry) (Yaoi) (Lemon)
AventureEm um mundo onde existem animais que podem andar sob duas patas, usar as mãos e mais umas coisinhas (dependendo da espécie, claro), um lobinho-marrom chega a distante ilha de melville, e lá, ele encontra algo que não tinha desde os 5 anos: uma famíl...