Cap 38: Enfim, certeiro como uma flecha.

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Era noite, e majoritária parte das pessoas estaria dormindo... ...esse não era o caso de Dante, o lobo, a puro contra gosto, estava praticando arco e flecha, tentando (em vão) clarear a mente e manter a sanidade, mas as flechas não ajudavam. O lobo movia as mãos, inquietas, ao longo da extensão do arco, tentando achar algum apoio confortável e falhando constantemente, os dedos na flecha sendo dilacerados quando soltavam a flecha, fazendo a precisão do lobo piorar, e, como se não bastasse, os alvos eram mal feitos e pequenos, o fazendo errar ainda mais vezes, cada erro, cada lesão nos dedos, o lobo rosnava de frustração e dor, claramente acumulando mais estresse do que deixando sair.

Chegou em um ponto onde Dante simplesmente deu um grito de frustração e jogou o arco no chão, o quebrando a pisadas e, logo depois, fazendo o mesmo com as flechas, irritado como um touro, e bufando como um quando acabou, só para logo depois cair em lágrimas.

-É...arquearia não ajudou. - Ubiratã, o cervo anão, disse, trazendo consigo, uma pequena bandeja de alimentos. - Talvez trabalhar o maxilar ajude, sabe?

O lobo só continuou chorando, afundado em si mesmo.

Ubiratã só pode o olhar e se abaixar, deixando a bandeja de lado. - Olha, cara...todos nós estamos sentindo a falta dele, mas se ficar tão focado, não comer e nem beber, você vai morrer! E se você morrer, mesmo que eu e o Pi consigamos achar e resgatar o Roquita, ele vai ir de arrasta pra cima junto de você, poxa!

O lobo marrom ergueu as orelhas e olho de canto para Ubiratã. - Você não pode SNIF nem me deixar em paz um segundo?

-Pô, cara...se eu ou o Pi não ficarmos no teu pé, é provável que você morra de fome ou exaustão, então acho melhor não.

Dante ergueu a cabeça, seus olhos ainda úmidos pelas lágrimas, e deu uma pequena risada fraca. - É... ...talvez eu estivesse mesmo, mas...eu já me sinto morto sem o Roca... ...aqueles garotos levaram mais que o meu lobo branco quando o entregaram aos escravocratas...

Ubiratã suspirou, aproximando-se e sentando de pernas abertas ao lado do lobo. - Eu sei que doi, cara . Mas o Roquita gostaria de te ver forte, não desistindo de tudo, até porque nao é do teu feitio ficar assim. E, acredite, vamos conseguir recuperar o Roquita, mas para isso, temos que nos manter unidos, fortes e saudáveis.

Dante fungou, limpando as lágrimas enquanto olhava com desejo para as comidas que estavam na bandeja, em um erguer de mão, ele finalmente aceitou a bandeja de alimentos. - Eu só quero estar com ele de novo, Ubi. Eu não sei quanto tempo mais consigo suportar isso...

O cervo anão colocou a mão no ombro do lobo, oferecendo um sorriso brincalhão. - Vamos superar isso juntos, Dandan. Vamos recuperar o Roquita em algum momento... ...maaaaaas, por enquanto, coma algo e descanse, cara. Amanhã é um novo dia, e precisamos estar prontos para o que der e vier!!

-É...acho que sim. - Ele disse, olhando para a grande lua cheia que se erguia acima deles.

Naquela noite, sob a luminosidade reconfortante da lua cheia, Dante permitiu-se relaxar e ceder à fome pela primeira vez em dias, o alimento nutria seu corpo e o dava força e calma apesar de ainda sentir a gélida e dolorosa falta de Roca.

Estando agora satisfeito, Dante se alongou e bocejou alto.

-Eita que bateu o soninho, né? Hehehe.

-Cala a boca, UAAAAAAAAAH. - Ele novamente boceja.

-Hu...vamos voltar para a carroça, vai. Você precisa dormir, lobão.

-Huhu...tá bom, tá bom, vamos.

Ambos se levantaram e recolheram suas coisas, voltando para a carroça coberta que eles trocaram pelo barco, não seria mais tão vantajoso viajar por mar agora que precisavam de informações e ver Roca, que não estaria no litoral, obviamente.

Piatã já dormia dentro da carroça coberta, todo jogado, Ubiratã olhava aquilo sorrindo, todo bobinho.

- Vai dormir, Dandan. Eu vou dirigir hoje.

-Tem certeza que consegue passar a noite andando?

-Eu não sou criança, Dandan. Claro que consigo! Fora que, se eu ficar com sono, chamo vocês.

-Se diz...UAAAAAAAAH, vou dormir. - O lobo disse, indo até o lado de Piatã e se deitando no chão duro de madeira, mas, mesmo com o desconforto, ele dormiu na mesma hora, cedendo a essa necessidade corpórea.

Ubiratã sorriu, vendo seu amante e seu amigo abatido dormindo. - Boa noite. - E os deixou para seguir com a carroça, que era puxada por dois equinos quadrúpedes, os dois que dormiam sendo ninados pelo trotar dos cascos e o balançar da carroça, que os lembravam dos mares.

Conto de uma história longínqua. (Furry) (Yaoi) (Lemon)Onde histórias criam vida. Descubra agora