Cap4: Os lobos maus.

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Mas a manhã veio como um punho na direção desses pequenos.

-Meu santo do céu, Dason, olha isso! - A voz normalmente calma de Isamaia soou animada pelo ambiente.

-OOOOOHHHH!! - Disse a voz grossa de Dason, que pareceu ir de barítono a soprano em um instante. - Que lindo! Eu vivi para ver essa cena. Não quero acorda-los, querida, isso é quase pecado.

-Mas temos que, Roca tem que treinar para se recuperar dos anos perdidos, ele quer vencer aquele torneio, né? - Disse a voz mais calma de Isamaia.

-É verdade... mas faço isso com peso no coração. - Disse o pai, que estava ainda com um tom mezzo soprano ao ver a ceninha dos dois lobinhos abraçados, indo na direção deles com as orelhas abaixadas. - Filho, hora de acordar, vamos treinar, vamos?

-Uhhhh. - O grunhido de Roca apareceu do fundo de sua garganta, ele também se afundou mais naquele abracinho.

O pai lobo, com algum poder sobrenatural, abaixou ainda mais as orelhas, sua cauda balançando levemente, os olhos aumentando e brilhando com tamanha fofura, ele levantou a cabeça para o teto decorado das mais diversas presas e caças e murmurou.

-Ô Santo, por que me testas? - Disse ele baixinho e voltou a quase impossível tarefa. - Filho, se você fizer isso de novo, eu não vou ter o menor pingo de força para tentar te acordar uma terceira vez, então por favor, acorda vai.

O pai balançou o pequeno lobo branco levemente, que com isso, abriu os olhos, ainda aéreo de sono, dando de cara com o rosto sereno do lobo marrom, essa visão o acordou mais rápido do que alguém poderia dizer "tezcatlipoca", junto da repentina consciência do rosto do estrangeiro à sua frente, veio o rubor e a vergonha, ele se levantou rapidamente, de alguma forma, não acordando o outro.

-Estou acordado, pai. - Disse Roca, ainda corado. - O que faremos hoje?

-Nós vamos caçar, filhão, vamos continuar aquela aula de como tirar a pele e aproveitar melhor a carne. - Disse Dason, agora com a voz normal e com empolgação evidente, sua cauda demonstrando tal empolgação.

-Sério? Que legal! - Filho copia o pai ao demonstrar uma empolgação excedente, sua cauda se movendo avidamente.

-Vocês dois tem gostos muito bárbaros. - Disse a mãe, tecendo algo.

-Eu sei mamãe, mas também gosto muito de tecelagem. Gosto de tudo o que vocês fazem. - Disse o garoto, movendo ainda mais seu rabinho peludo.

-Eu sei querido, você demonstrou habilidade e gosto em qualquer coisa que eu ou seu pai te ensinamos, esse colar é a prova disso. - Disse a mãe, ao mostrar o colar colorido, um sorriso nos lábios.

-Aquele seu cozido era delicioso. - Disse o pai, lambendo os beiços. - Arrisco minha vida ao dizer que era mais gostoso que o cozido da sua mãe.

-Arrisca realmente a própria vida nisso, querido? - Disse a mãe, com um sorriso, não caloroso, mas assassino. - Então que tal fazer a comida você mesmo?

-Não faça isso comigo, amor. Minha comida é horrível, não sei como vocês dois conseguem fazer esse sabor divino. - Disse o pai, em tom suplicante, balançando os braços à frente do corpo para demonstrar o seu desespero.

-Vamos, pai. - Disse o risonho Roca, que tinha tirado do lado da porta, um arco e uma aljava com 20 flechas, além de seu casaco.

-Já vou. - Disse o pai, se voltando para a porta, pegando o próprio arco.

Saindo para o dia levemente nevado, pai e filho correram, usando das quatro patas, os passos sendo rápidos e silenciosos na camada de neve que cobria precariamente o solo, andando pelas montanhas em busca de alguma presa, ambos aguçavam os seus sentidos lupinos, eles acharam uma corça que galopava em meios as árvores brancas.

Conto de uma história longínqua. (Furry) (Yaoi) (Lemon)Onde histórias criam vida. Descubra agora