Mas a manhã veio como um punho na direção desses pequenos.
-Meu santo do céu, Dason, olha isso! - A voz normalmente calma de Isamaia soou animada pelo ambiente.
-OOOOOHHHH!! - Disse a voz grossa de Dason, que pareceu ir de barítono a soprano em um instante. - Que lindo! Eu vivi para ver essa cena. Não quero acorda-los, querida, isso é quase pecado.
-Mas temos que, Roca tem que treinar para se recuperar dos anos perdidos, ele quer vencer aquele torneio, né? - Disse a voz mais calma de Isamaia.
-É verdade... mas faço isso com peso no coração. - Disse o pai, que estava ainda com um tom mezzo soprano ao ver a ceninha dos dois lobinhos abraçados, indo na direção deles com as orelhas abaixadas. - Filho, hora de acordar, vamos treinar, vamos?
-Uhhhh. - O grunhido de Roca apareceu do fundo de sua garganta, ele também se afundou mais naquele abracinho.
O pai lobo, com algum poder sobrenatural, abaixou ainda mais as orelhas, sua cauda balançando levemente, os olhos aumentando e brilhando com tamanha fofura, ele levantou a cabeça para o teto decorado das mais diversas presas e caças e murmurou.
-Ô Santo, por que me testas? - Disse ele baixinho e voltou a quase impossível tarefa. - Filho, se você fizer isso de novo, eu não vou ter o menor pingo de força para tentar te acordar uma terceira vez, então por favor, acorda vai.
O pai balançou o pequeno lobo branco levemente, que com isso, abriu os olhos, ainda aéreo de sono, dando de cara com o rosto sereno do lobo marrom, essa visão o acordou mais rápido do que alguém poderia dizer "tezcatlipoca", junto da repentina consciência do rosto do estrangeiro à sua frente, veio o rubor e a vergonha, ele se levantou rapidamente, de alguma forma, não acordando o outro.
-Estou acordado, pai. - Disse Roca, ainda corado. - O que faremos hoje?
-Nós vamos caçar, filhão, vamos continuar aquela aula de como tirar a pele e aproveitar melhor a carne. - Disse Dason, agora com a voz normal e com empolgação evidente, sua cauda demonstrando tal empolgação.
-Sério? Que legal! - Filho copia o pai ao demonstrar uma empolgação excedente, sua cauda se movendo avidamente.
-Vocês dois tem gostos muito bárbaros. - Disse a mãe, tecendo algo.
-Eu sei mamãe, mas também gosto muito de tecelagem. Gosto de tudo o que vocês fazem. - Disse o garoto, movendo ainda mais seu rabinho peludo.
-Eu sei querido, você demonstrou habilidade e gosto em qualquer coisa que eu ou seu pai te ensinamos, esse colar é a prova disso. - Disse a mãe, ao mostrar o colar colorido, um sorriso nos lábios.
-Aquele seu cozido era delicioso. - Disse o pai, lambendo os beiços. - Arrisco minha vida ao dizer que era mais gostoso que o cozido da sua mãe.
-Arrisca realmente a própria vida nisso, querido? - Disse a mãe, com um sorriso, não caloroso, mas assassino. - Então que tal fazer a comida você mesmo?
-Não faça isso comigo, amor. Minha comida é horrível, não sei como vocês dois conseguem fazer esse sabor divino. - Disse o pai, em tom suplicante, balançando os braços à frente do corpo para demonstrar o seu desespero.
-Vamos, pai. - Disse o risonho Roca, que tinha tirado do lado da porta, um arco e uma aljava com 20 flechas, além de seu casaco.
-Já vou. - Disse o pai, se voltando para a porta, pegando o próprio arco.
Saindo para o dia levemente nevado, pai e filho correram, usando das quatro patas, os passos sendo rápidos e silenciosos na camada de neve que cobria precariamente o solo, andando pelas montanhas em busca de alguma presa, ambos aguçavam os seus sentidos lupinos, eles acharam uma corça que galopava em meios as árvores brancas.
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Conto de uma história longínqua. (Furry) (Yaoi) (Lemon)
AbenteuerEm um mundo onde existem animais que podem andar sob duas patas, usar as mãos e mais umas coisinhas (dependendo da espécie, claro), um lobinho-marrom chega a distante ilha de melville, e lá, ele encontra algo que não tinha desde os 5 anos: uma famíl...