Fourteen Zombie

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Depois de uma longa caminhada, paramos em um lugar para descansar

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Depois de uma longa caminhada, paramos em um lugar para descansar. Era o finalzinho da tarde e logo esfriaria quando o sol se esconder no horizonte.

Sentei no chão, perto de uma cerca. Ao nosso redor havia pastos e com pouquíssimas carcaças de bois e outros animais que os Zumbis atacaram.

Abri a minha bolsa enquanto Mayu se sentava ao meu lado, peguei a minha garrafinha de água e uma barrinha de cereal que eu encontrei no fundo da geladeira. Mayu me olhou enquanto eu retirava a embalagem.

- Quer um pedaço? - Já falei partindo no meio porque eu a conheço muito bem.

- Eu aceito...

Dei um pedaço a ela, mordi o meu pedaço e bebi um pouco de água, estava quente. Dei um longo suspiro cansado e olhei para o céu enquanto mastigava. Uma gota de suor gelado escorreu na minha têmpora e eu sequei com o ombro.

- Onde vamos dormir? Não há nenhuma árvore aqui. Só tem grama e essa cerca de metal.

- Não sei Maggie... Estou considerando dormir aqui mesmo. Fazer uma fogueira pequena e a gente dorme uma de cada vez.

- Entendi...

Virei meu rosto de relance e vi dois faróis de carro. Cutuquei Mayu puxando seu braço em seguida. Havia uma caminhonete vindo pela estrada, estava longe da gente, mas vinha.

- M-Mayu olha!

Ela olhou para lá e tentou se levantar mas puxei seu braço fazendo ela se sentar.

- Maggie é a nossa chance de pedir ajuda...!

- Não! Espera!... A gente não sabe como vão nos tratar. - me levantei sorrateiramente e puxei ela para nos escondermos na grama alta.

- M-mas Maggie! Estamos cansadas, você mesmo havia dito que-

- Eu falei pra observarmos o comportamento deles primeiro, e não chegar assim tão precipitadamente.

Ela concordou hesitante. Puxei a minha bolsa para junto de nós e a embalagem que joguei fora começou a voar com o vento para o meio da estrada.

- Droga!

Não tive tempo de pegar, porque a caminhonete já estava próxima o bastante para conseguir nos ver se eu tentasse algo.

Mayu puxou a minha cabeça para baixo para me esconder mais ainda.

Para o nosso azar, o carro parou e uma pessoa desceu, não pude observar seu rosto apenas vi suas botas, ele andou um pouco e pegou a embalagem do chão.

Essa pessoa tinha olhos afiados, ela cheirou a embalagem e olhou ao redor, eu e minha irmã nos esprememos no chão com tanta força para não nos virem que pude sentir minha pulsação batendo na garganta. Nunca prendi a respiração por tanto tempo, eu podia respirar mas só a impressão de que ele poderia nos ouvir, já me causava pânico.

Apertei a terra com tanta força que minhas unhas doeram, os grãos entre as minhas unhas me deram gastura. Ele caminhou mais um pouco e depois voltou para o carro, entrou e seguiram em frente.

Escutamos o carro se afastando e logo sumindo de vista, então nos levantamos do chão e batemos a poeira da roupa.

- Que bizarro, pararam do nada...

- Não foi bem do nada.

- Sim, mas por causa de um um papel no chão?

- Talvez seja incomum agora, encontrar lixo por aí. - Olhei em volta mas não achei a casca. - Uh? Será que levaram aquilo?

- Melhor a gente continuar andando, a noite os mortos aparecem mais vezes e ainda não vi nenhuma árvore nesses pastos que permita que a gente durma em cima.

- Também não vi nenhuma.

Coloquei a mochila nas costas e continuamos andando.

(...)

Durante a nossa caminhada avistamos um aglomerado até que grande, de Zumbis devorando uma vaca morta.

- O cheiro deles está chegando aqui... - Mayu cobriu o nariz enquanto observamos os zumbis a alguns metros.

- Não estamos tão cheirosas também. - Observei eles e voltamos a andar.

A noite logo começou a cair e não paravamos de caminhar, já estava começando a ficar difícil de enxergar o chão, a zona rural não tem nenhuma luz, fora os vagalumes e brilham as vezes.

- Maggie, não dá mais... Precisamos descansar e fazer uma fogueira.

- Você tem certeza? E se a gente achar algum celeiro vazio ou uma casa abandonada mais a frente? Não podemos parar.

- Você disse isso a algumas horas e não vimos nada, e as árvores que vimos são pequenas e baixas demais, para passarmos a noite.

Eu suspirei, a fala dela me deixou cansada.

- Tá bem, mas vamos fazer isso fora da estrada.

Essa é a primeira vez que vamos dormir ao relento, sem proteção nenhuma, árvore ou paredes... Isso é tão desagradável, quero tanto encontrar um lugar em que a gente não precise mais se mudar constantemente.

Fomos até o pasto, em um lugar onde a grama estava alta, batia na cintura de Mayu. Nos acomodamos em um lugarzinho, cercadas pela grama e acendemos uma pequena fogueira, não foi o suficiente para nos esquentar, mas foi agradável ver um pouco de luz em meio a essa escuridão sufocante.

O céu está nublado, e não dá para enchergar tantas estrelas, a lua está escondida então seu brilho não é o suficiente para clarear um pouco essa noite.

- Você vai dormir primeiro Maggie?

- Não estou com tanto sono, pode ir primeiro.

Ela sequer hesitou, usou a bolsa como travesseiro e fechou os olhos. Passei os próximos minutos anotando tudo no meu diário e lutando com os pernilongos que estão massacrando os meus braços com as picadas.

Não canso de fazer comparações com o tipo de menina que eu era antes, e quem sou agora. Antes eu sequer conseguia dormir sem ventilador ou ar condicionado, e hoje, bastando apenas um pouco de sono ou quatro paredes, já é o suficiente para apagar completamente. Apenas ter a sensação de que estou segura, já me basta.

Depois de algum tempo em um completo silêncio, onde apenas pude ouvir o assovio do vento e os grilos, acordei Mayu para que ela vigiasse.

- Já é a minha vez? - Ela reclamou acordando.

- Shh, sim. Vê se não pega no sono ein... - Me ajeitei no meu travesseiro improvisado, e logo adormeci.

Tudo escureceu, e tive um sonho curioso. Estava em um celeiro, uma tempestade estava do lado de fora, e os meus pés estavam descalços na lama, comecei a afundar mas não pude me mexer, quando estava imersa até o pescoço, a porta do celeiro se abriu, revelando uma calmaria do lado de fora, o céu radiante e o cantar dos pássaros. Mas continuei afundando até não enxergar mais nada, absolutamente nada.

- M-MAGGIE! - Mayu gritou tenebrosa e me despertou.

T.W.D - 𝙎𝙩𝙖𝙮 𝘼𝙡𝙞𝙫𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora