Forty-five Zombie

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Dois dias depois de ver aquela confusão, tive que fugir de uma horda de zumbis enquanto fazia mais uma exploração pela cidade, em busca de comida

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Dois dias depois de ver aquela confusão, tive que fugir de uma horda de zumbis enquanto fazia mais uma exploração pela cidade, em busca de comida.

A lata de comida, que tive que economizar. Chegou ao fim e precisei me virar para encontrar mais. Fui para um apartamento primeiro, escolhi um prédio porque a cerca estava derrubada, por causa de um carro que bateu lá.

Por sorte achei um pouco de comida na copa da recepção do prédio. Havia bolachas secas lá, uma caixinha de suco vencida. Comi tudo na hora, não consegui me controlar. A fome era tanta, que considerei comer o Tótó, foi bizarro...

No fim da manhã, consegui achar algumas latas de comida que vão durar mais algumas semanas se eu racionar outra vez. Andar pela cidade continua perigoso, e aquela maldita fumaça estava por toda parte, parecia que não iria sumir nunca, para dormir era um sufoco, minha garganta queimava muito e mesmo com a tampa da lixeira fechada, a fumaça ainda parecia entrar.

Consegui despistar a horda de zumbis que me seguiam, quando achei uma escadaria de ferro, que levava à parte de cima de uma loja, me vi diante do parapeito do prédio, subi lá em cima com Totó nos meus braços e olhei para o chão sujo de sangue e lixo, alguns zumbis passavam lá em baixo. Encarei o outro telhado do prédio a frente e olhei para Totó.

— Se não conseguirmos pular, vamos morrer juntos... Espero que seja na queda... - Suspirei sentindo meu coração acelerado, arfei e então sem pensar muito... Eu pulei.

(...)

Me vi caminhando na floresta, Tótó chorava alto na bolsa que estava nas minhas costas, desejando ver o mundo lá fora. Forcei as minhas pernas naquele matagal, torcendo para encontrar algumas frutinhas para saciar a minha fome.

Estava meio zonza por causa da pressão baixa, minha nuca ardia e minha vista parecia escurecer em algum momento. Estava com fome novamente, cai de joelhos no chão, respirando fundo. Meus pés doíam, meu estômago apertava e fazia barulhos estranhos, apertei as folhas secas nas minhas mãos e enfiei na boca, mastiguei aquela secura e mastiguei sentindo a terra nos meus dentes. Peguei mais e continuei mastigando.

Aquela coisa terrível escorreu dolorosamente na minha garganta até o meu estômago e me senti terrivelmente saciada.

— Que droga... - apertei os dentes ainda sentindo a terra, as lágrimas desceram pela minha bochecha e olhei para o céu nublado. Estava caminhando a duas semanas na floresta desde que tive que deixar Mayu naquele carro.

Voltei a caminhar depois de algum tempo descansando, tirei a bolsa das costas e carreguei na mão porque meu ombro doía. Senti que a alça da bolsa estava marcada na minha pele por debaixo da minha blusa.

— Esse sofrimento vai ter fim algum dia? - Pensei imersa nos meus pensamentos, a fome estava voltando lentamente.

Foi quando em um descuido meu, pisei em algo molengo. O chão abaixo dos meus pés estava fofo e escutei sons de galhos quebrando enquanto caia naquele maldito buraco. Arranhei meu rosto inteiro, um galho atravessou a minha panturrilha e chorei com dores enquanto me dava conta do que estava acontecendo.

Escutei choros acima da minha cabeça e olhei para cima, vendo a copa das árvores, e a alça da minha bolsa lá em cima. Me levantei com dificuldades em meio as dores cortantes e tentei alcançar a minha bolsa, mas estava muito longe.

Tenho 1,45 e a minha bolsa com minhas coisas e faca, estava a pelo menos 4 metros de mim. Tentei pular novamente, mas a dor na minha panturrilha me impossibilitou.

— Que droga! - gritei agoniada olhando o galho na minha perna, não era tão profundo, mas doía muito quando me mexia. - Mayu!... Mayu... - Sequei a minha bochecha, eu sabia que a minha irmã não estava me escutando, mas chamar pelo nome dela, me deu esperança por um momento. - Eu não consigo sair desse lugar... O que eu faço?... - Funguei e olhei minha perna outra vez.

Meu corpo inteiro estava dolorido, suado, sujo. E não importava o quão alto eu chorasse, ninguém estava perto o suficiente para me ajudar. Fui burra de entrar no mato outra vez, mas me senti segura...

Agora caí em um maldito buraco e vou morrer de fome...

Totó chorou mais uma vez, escutei ele se mexer dentro da bolsa, querendo sair.

— Você não vai conseguir... - Olhei para cima. - Eu também não vou... Nós dois vamos morrer de fome aqui... - encostei as costas na parede do buraco e suspirei. - Eu sinto muito... Por ter dado falsas esperanças a você...

Fiquei lá por horas até tomar coragem de mexer no ferimento. Nos primeiros segundos analisando o ferimento, senti uma dor forte e parei de mexer. É quase como se fosse um daqueles momentos em que você descobre que um dente está mole, mas você é covarde demais para mexer nele e puxar da gengiva. Só de imaginar, já tinha gasturas, por isso sempre deixei os meus quietos até que um dia saíssem sozinhos.

Mas nessa situação, sei que as coisas são diferentes... Já ouvi casos de pessoas que ficam com algo na pele por um tempo, até que a pele começa a crescer em volta e aquilo se torna parte da pessoa.

A fome apertou outra vez, meu estômago doeu e procurei folhas para comer, achei algumas que caíram junto comigo e comi elas... A fome parou por um momento, mas eu sabia que era só questão de tempo.

Totó chorou outra vez, tentava sair mais uma vez. Então ele apenas parou de fungar e se mexer e eu me senti um pouco aliviada por imaginar que ele tinha morrido, assim não iria sofrer mais comigo.

Mas eu estava errada, porque escutei ele caminhar sobre as folhas, a princípio pensei que fosse apenas um zumbi, mas então ele soltou o primeiro latido, foi fraco, mas eu escutei.

A noite estava chegando e escutei os sons dos grilhos e da brisa suave passando pelas folhas lá fora. Suspirei e então adormeci, mas acordei outra vez quando me mexi, e a dor me lembrou que eu ainda estava viva.

T.W.D - 𝙎𝙩𝙖𝙮 𝘼𝙡𝙞𝙫𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora