Twenty-nine Zombie

24 4 0
                                    

Fecharam a porta com todos nós dentro, o breve silêncio fez o meu coração acelerar até que escutei alguém se sentando no sofá e alguns passos pela sala

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Fecharam a porta com todos nós dentro, o breve silêncio fez o meu coração acelerar até que escutei alguém se sentando no sofá e alguns passos pela sala.

— Ai que nojo, aqueles dois cuspiram no chão. Eca! - Um dos homens disse.

— Que merda, algum dos bichos deve ter entrado, aqui tá sujo de sangue.

Meu coração queimou com o susto e a tensão, enquanto viam a situação da sala.

— Merda, acende essa vela. - Um deles disse e acenderam com um fósforo.

— Porra, vamos acordar aqueles idiotas. - Um homem mais velho caminhou até a escada e começou a subir.

Eu não faço ideia de onde Jacks está escondido, muito menos o que ele tá fazendo. E isso me deixa aflita.

— Sinto falta da TV... - Escutei um barulho que não reconheci.

— O desgraçado comeu o meu feijão! Porra! Falei pra ele não comer essa merda, filho da puta! - Um deles viu a lata de feijão aberta e pegou com raiva.

— Para de gritar, caralho. Vai atrair os mortos pra cá. - Um deles sussurrou.

— Porra... Ele me paga. - Escutei outro barulho que não reconheci e então ouvi passos vindo na minha direção.

— Moss! Achou eles? Acorda esses filhos da puta...! - O homem sentado disse.

Vi os pés dele passando pela porta da cozinha e me arrastei para debaixo da mesa. Minha perna doeu tanto que suspirei alto, tapei a minha boca quando pensei que ele tivesse ouvido. Então aquele homem alto caminhou até a geladeira e abriu.

— Moss? - O outro que estava na sala chamou pelo que subiu. - Porra, tá me ouvindo?

Meu corpo inteiro tremeu de medo quando aquele homem chegou perto. O sapato dele estava ensopado de sangue e restos de carne. Senti meu sangue escorrendo pela ferida na perna e apertei o ferimento que havia sido aberto novamente. Lutei com a dor e evitei o máximo gemer de dor.

— Ele deve estar cagando, deixa o cara... - Escutei ele abrir uma cerveja e então caminhar pela cozinha.

— Que droga, esse silêncio tá me matando. Os gêmeos nunca fazem essas coisas. - Escutei o homem que estava na sala se levantando.

Apertei o meu ferimento com força, evitando perder mais sangue. Mas minhas forças estavam acabando, já não sei mais qual é o meu limite. Estou farta de precisar me esconder, acho que vou viver assim para sempre agora... Até que eu decida dar um fim.

Antes que eu soltasse o meu ferimento, escutei alguns barulhos estranhos vindo do andar de cima.

— Stuart? - O homem que estava comigo perguntou e houve um silêncio. - Achou eles? O que foi? Responde!

Ele bateu a latinha na pia e saiu da cozinha. Suspirei aliviada por ele ter ido embora e relaxei um pouco até escutar sons de luta vindo de outro lugar.

— Ahhh!... Moss!? Porra! Que isso?!

Escutei ele correr para o segundo andar e então gritar novamente.

— Quem é você!?

Houve mais alguns sons feios de luta, e coisas caindo, segurei a faca com força torcendo para tudo acabar bem. Então houve um silêncio ensurdecedor, escutei apenas a minha respiração até ouvir passos pesados e lentos vindos do andar de cima.

— Jacks...? - Pensei aflita, não sabia se era a hora de sair.

Esperei por um longo tempo, talvez mais de alguns minutos, torcendo para ser Jacks a próxima pessoa a entrar pela porta da cozinha. Mas não foi, e sim aquele homem alto que estava aqui. Seus passos lentos e arrastados indicavam que ele não estava mais vivo.

Meu coração disparou quando ele caminhou na minha direção, sentindo o cheiro do meu sangue fresco, que manchava o chão da cozinha.

— Ah, não...! - Vi ele esbarrar na mesa e então começar a se mexer violentamente. - Ahhhh! - Fui para o outro lado quando ele se abaixou e tentou me pegar. - Ahh! Ahhhhhhh!

Me arrastei no chão, lutando para sair de perto dele. Mas ele agarrou a minha perna com força e começou a me puxar.

— Ah! Ahhh! N... ão! - Me virei e chutei a cara dele com o meu outro pé, mas ele não parava de me puxar.

Me debati enquanto me arrastava no chão, na tentativa de fugir dele.

— Hmmm! - Gemi de dor enquanto empurrava a cara dele com o meu pé.

Ele só parou de se mexer quando Jacks apareceu de repente e enfiou uma faca no crânio dele.

— Ah!... - Arfei cansada e olhei para ele.

Jacks estava com a cabeça machucada, na sua testa havia um rastro de sangue. Ele também arfava cansado enquanto olhava para o homem morto.

— Erro meu, pensei que ele tinha morrido. - ele se abaixou e retirou a faca. - Mas que merda...!

Olhei assustada para a cara de indignação dele.

— A lâmina entortou... Argh! - Ele chutou o homem e limpou a faca na calça.

Só depois disso ele me olhou e voltou a si.

— Falei pra ficar quieta, por que tinha que gritar?

Abaixei a minha cabeça enquanto dava um último suspiro cansado.

— Que merda ein, esse grandão me deu trabalho. Ele bateu na minha cabeça com um vaso. - Ele se abaixou e agarrou o pé do homem morto. - Putz, vai ficar uma cicatriz na minha cabeça.

Me sentei direito e arrumei o meu curativo enquanto olhava para ele. Jacks foi incrível, eu admito que ele tem muito culhão para matar essas pessoas assim.

(...)

Depois de voltarmos para a sala pude finalmente descansar no sofá, apaguei completamente. Acordei só uma vez durante a noite, vendo Jacks puxar os corpos escada a baixo.

— Vou jogar lá no mato, aqui dentro eles fedem. - Ele disse com um ar divertido.

Balancei a minha cabeça, incrédula por ele ser assim tão estranho e me perguntei se ele não iria dormir nunca.

Apesar disso tudo, Jacks parecia se virar bem nesse maldito apocalipse. Para ele, é como se o mundo sempre fosse louco assim. Talvez seja por ele ter essa visão distorcida a vida toda, que ele se dá bem nessa situação e consegue se adaptar das maneiras mais imagináveis para mim.

Vendo a minha atual situação, já não sei dizer se tenho sorte ou azar em ter alguém como ele, me "ajudando" a viver nesse mundo louco. Mesmo que talvez só por mais alguns meses...

T.W.D - 𝙎𝙩𝙖𝙮 𝘼𝙡𝙞𝙫𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora