Forty-six Zombie

8 1 0
                                    

No dia seguinte, bem cedo, já de saco cheio daquela dor

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

No dia seguinte, bem cedo, já de saco cheio daquela dor... Decidi ser corajosa e mexi no galho que estava na minha panturrilha. Tive a ideia de puxar aos poucos, mesmo que sentisse a dor. Senti um pedaço afiado do galho passar de raspão na minha carne e quase dei um berro.

— Mas que porra!... - Gemi de dor e puxei mais um pouco. - Aii... - Meu gemido saiu trêmulo e respirei fundo pela boca antes de puxar mais um pouco.

Um pouco de sangue escuro escorreu pela minha perna, e parei por uns minutos até retomar, e puxar outra vez. Por fim, a parte fina do galho saiu da minha carne e arranhou a minha pele. O sangue escorreu novamente e tapei o machucado com a mão. Enquanto olhava apara o galho que acabei de retirar, que estava na minha mão direita.

— Galho filho da puta... - Joguei longe e sequei as minhas lágrimas geladas, meus dentes tremiam e eu não conseguia parar de soluçar, mesmo que as lágrimas desesperadas já tivessem passado.

Retirei a minha meia do pé, e rasguei no meio. Então amarrei na panturrilha para fazer o maldito sangue parar de escorrer. Depois de algum tempo me recuperando daquela agonia, olhei para cima e vi a alça da minha bolsa. Me levantei em um pé só e estiquei a minha mão, com uma esperança boba de conseguir o impossível.

Depois de algum tempo pensando, tomei a decisão de fazer alguns buracos na lateral do buraco, para conseguir enfiar o meu pé, e fazer uma espécie de escadinha. Isso demorou um certo tempo para fazer, parei por um momento para descansar outra vez. O sol estava subindo e começando a iluminar o buraco, em um certo momento, já não havia mais sombra naquele lugar e fiquei com um calor terrível.

A terra no buraco, que antes estava úmida e fácil de mexer, agora estava endurecendo e em um momento, eu já não consegui mais cavucar com a mão, minhas unhas doíam, a terra machucava a minha mão e tive que parar.

Com esforço, encostei as minhas costas em uma parede, que estava começando a pegar sombra, tudo para fugir daquele sol escaldante. Meu estomago apertou, me contorci com fome e procurei mais folhas para comer. Infelizmente não encontrei mais e então me sentei quando senti uma dor forte na perna, o sangue estava vazando outra vez e entrei em desespero.

Olhei para cima, vi o céu azul, não havia sinal de chuva e eu nem podia mais pensar em água. Minha boca estava seca, estava faminta e minha cabeça doía. Minha vista parecia escura novamente e não sei o que aconteceu. Eu apenas fiquei sonolenta de alguma forma e adormeci encostada na parede.

Acordei algumas horas depois, já havia sombra outra vez, o calor era insuportável naquele buraco, o mormaço parecia não ir embora. Senti uma movimentação estranha abaixo de mim, me afastei e olhei com dificuldades para o chão, percebi uma movimentação novamente e cavuquei ali, a terra estava fofa, e encontrei algo que jamais imaginei, que comeria na vida... Minhocas.

Peguei todas que encontrei e comecei a comer, tentando evitar pensar no que estava fazendo. Tudo para satisfazer a minha barriga e afastar a dor da fome. Elas não tinham gosto de nada além de terra, eram molengas na boca e meio molhadas, uma que era a maior, estalou nos meus dentes e saiu um pouco de água. Quase vomitei, mas tive que me conter, continuei comendo aquelas coisas nojentas.

T.W.D - 𝙎𝙩𝙖𝙮 𝘼𝙡𝙞𝙫𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora