Naruto Uzumaki é um ômega de grande sucesso no mercado empresarial. Rico é uma palavra com poucas letras para definir sua boa fortuna. Sua secretária, e prima Karin, gosta de usar o termo "patrão".
Seu sucesso no mercado começou quando, na adolescência, aos 16 anos, criou um chaveiro de autodefesa para si mesmo e para sua prima. Os ômegas costumam ser fisicamente mais fracos se comparados com alfas em condições normais. E tal objeto serviu bem ao propósito. Uma amiga gostou da ideia e quis um igual. De boca em boca, seu chaveiro de autodefesa ficou famoso e logo ele estava vendendo aquele item personalizado e com novas opções, como um taser e um apito de cachorro.
A maioria dos alfas é sensíveis ao som deste apito, uma vez que descendem dos lobos.
Quando completou o Ensino Médio, já havia pensado e lançado outros produtos visando o bem-estar da casta ômega num loja online e estava noivo com um namorado que arrumou naquele ano.
Casaram meses depois de se formar.
Naruto queria passar uma imagem de independência e confiança para os seus clientes, então imaginou que se mostrar como a grande maioria deles era a melhor persuasão - uma parcela considerável é de ômegas masculinos e femininos casados, ou em compromissos sérios - ou seja, casou com o primeiro alfa que se provou "digno" ao papel que precisa prestar.
O papel de alfa que é forte, mas sempre apoia o ômega, crescendo junto dele.
Sasuke Uchiha era perfeito.
Indomável, selvagem, discreto, com potencial de ser bonito, inteligente, forte, com uma natureza alfa rara, basicamente tudo o que Naruto precisava de um alfa para o engrandecimento da sua imagem pessoal, exceto pelo temperamento, mas isso era o de menos - ledo engano na sua jovial época.
Se o pusesse na rédea, sua empresa venderia como água com o slogan "Até os mais selvagens caem sob seu poder". Deu certo por dez anos. Naruto achou que da mesma forma que sua empresa alavancou e alcançou o status de grande empresa e ele ficou muito rico, tinha controle sobre Sasuke.
Na primeira década, apesar de ser orgulhoso e ter um gênio forte, seu marido era obediente e sempre mostrava compreensão para as obrigações e o árduo caminho para Naruto cumprir a fim de obter suas conquistas.
Se pensasse bem, o único aspecto ruim da sua vida, depois os dez primeiros anos, era voltar para casa e se encontrar com aquele ranzinza gostoso. Para fotos de eventos e campanhas publicitárias, Sasuke Uchiha era um príncipe alfa, mas bastava estarem a sós para se converter num ogro, na besta-fera. Não conseguia entender qual era o problema, mas parece que é a mesma dificuldade que Sasuke tem para entender o que Naruto está fazendo pelos ômegas do seu país.
Está criando meios para que tenham autonomia e se salvem, que vivam sem sentir medo constantemente de andar na rua sozinhos ou de quem vivem sob o mesmo teto.
Quando despertou, a comida estava pronta, sua roupa para trabalhar pendia no cabide, limpa e cheirosa, e suas malas estavam desfeitas. Era meio-dia e vinte. O apartamento se encontrava em perfeito estado e Sasuke seguia limpando com a vassoura - e dançando.
Naruto comeu assistindo o alfa fazendo o cabo ora de parceiro de dança, ora de microfone - a música provinha dos fones. Ele dança divinamente bem ainda. De repente, lembrou-se da última vez que dançaram - foi a última vez que Naruto engravidou, decidiu abortar e tal ação afastou Sasuke de vez.
Ele estava frenético no pop funk naquela noite, de tal forma que inacreditáveis sete ômegas entraram no cio na festa, inclusive Naruto. Faz uns cinco ou seis anos, não tem certeza. Foi a última vez que transaram e, Deus, que transa. Sorriu ao vê-lo girar rebolando, sacudir a cabeça na rabissaca e ir para outro cômodo - ele é o único alfa que lhe satisfaz.
Naruto, em compensação, era o único ômega com fôlego para dançar com Sasuke até cansar ou até acabar a sola do sapato, o que viesse primeiro - eram bons tempos.
Também era o único ômega que não tinha medo da natureza rara e perigosa dele.
Assim se descobriram como almas gêmeas e por isso não podiam se separar por mais que não fossem marcados - mais uma razão que fez crescer a ponte entre os dois.
Sasuke era tradicional - das antigas - em muitos aspectos, mas aceitou outros poucos convencionais - como ser o único alfa dono de casa do seu círculo de amizades e do prédio de alto luxo onde residem e que seu ômega pode passar dois meses fora e não surtar de ciúmes ou de loucura possessiva - e a ausência de filhos e da Marca não faziam parte das muitas concessões que Sasuke fez ao casar.
Naruto lembra que foi depois dessa constatação - quando Sasuke percebeu que o ômega se esquivava de todas as conversas relacionadas à prole e à Marca -, os dois começaram a brigar.
E a cada briga, Sasuke voltava a ser o indomável e selvagem escolhido por Naruto.
E agora, depois de 22 anos de matrimônio, é tarde demais para os dois, mas Naruto está bem conformado e confortável.
Porque conquistou tudo o que queria na adolescência e não tem arrependimentos sobre suas escolhas.
Terminou de se aprontar para voltar ao escritório da sua empresa, um dos locais onde se sente em paz, e passou no jardim interno do apartamento para avisar a Sasuke que está de saída - ele está cuidando das plantas de Naruto.
Achou Sasuke cantarolando enquanto trocava uma flor de um vaso para outro.
-Tu só me fizeste sofrer, magoaste o meu querer! Desprezou o amor que eu te dei, foi por isso que eu te deixei. - Naruto franziu as sobrancelhas ao entender a mensagem. - Tu só me fizeste sofrer, magoaste o meu… - um pigarro forte do ômega interrompeu a cantoria.
-Quase estourou meus tímpanos.
-Ouviu porque quis.
-Foi inevitável. Você não cala a boca um minuto. - Sasuke o encarou de maneira fria e desprezível. Naruto não se afetou. - Estou de saída. - os dois não puderam evitar o contato visual mais demorado.
Sasuke colocou a flor no vaso, lavou as mãos e andou metade do espaço entre os dois. Naruto acomodou as mãos nos bolsos, sem se intimidar pela afronta, e andou a outra metade. Ele não daria o braço a torcer, Sasuke sabe disso e acordou com saudade daquela boca.
Nem lembra a última vez que a beijou.
-Vem jantar hoje?
-Sei lá. Depende de uma reunião.
-Sei. - não que vá lhe afetar comer sozinho. - Te acompanho até a porta. - foram juntos. Um velho hábito persistente, mesmo nos dias de briga, se despedirem na porta. Naruto pôs seu casaco para chuva e pegou sua bolsa, quando tocou a maçaneta sentiu um arrepio na nuca. Nem se atreveu a impedir o que viria.
Sempre que acontecia, o primeiro sinal era o arrepio na região que nunca conheceu os dentes do seu esposo. A mão pegou a sua e o fez girar como nos velhos tempos. Foi puxado de volta para a sala já sabendo como o seguir nos movimentos enquanto a música tocava.
Os corpos se encaixaram, mexiam-se como um só em perfeita sincronia e bem devagar, só uns passos para lá e para cá.
Os dois se apertaram num beijo feroz que só encontrou limites quando bateram na parede perto da porta. Quem os ouvisse, teria dúvidas se estavam transando ou brigando. Mas era só um beijo. Um violento e ardente beijo para restaurar as forças por um ou dois meses para que se suportem no dia a dia. Por um segundo, talvez dois, seus lábios enrolados e conversando com intimidade nublou a raiva.
O beijo ficou lento, profundo e íntimo. Sem pensarem, agiram como nos dias de paz: Naruto envolveu os ombros e o pescoço com seus braços e sentiu suas costas serem afagadas. Sasuke tocou na nuca e na orelha. Seus corações, seus pulmões, suas almas eram uma coisa só. Mas acabou. Lembraram dos contextos, dos insultos, do desamor. Sasuke o soltou, mas deixou suas mãos na parede. Naruto encarava-o de cima a baixo, procurando sinais de sua influência sobre ele.
Repentinamente sentiu falta de ver o corpo do seu marido, de tocá-lo e ser tocado.
Nada, mais um empate para eles.
Feliz carnaval pessoal.
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Olá Confusão, minha velha amiga
FanfictionSasuke e Naruto estão casados e muitos afirmam que eles são o casal perfeito, outros que eles não se amam depois de tanta intriga abafada por uma imagem de sucesso. Os dois, no entanto, entendem que uma conexão profunda persiste forte por cada ano...