Capítulo 22

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Sasuke foi embora no começo da quarta-feira depois de cuidar de Naruto e passear com ele por alguns lugares a fim de comemorarem o noivado de maneira particular, pôr o apartamento em ordem e fazer amor ardente com ele. Pior do que um Uchiha vingativo, dizia sua mãe, é um Uchiha amando, portanto, nada impedirá Sasuke de agir como diz seu bom senso. Este tempo não é nada comparado ao que Naruto lhe fez aguentar.

É o mínimo.

E ele tem muito bom senso, ao ponto de ser o cara chato nos rolês.

Foi um ano de namoro e noivado completamente diferente do que o ômega lembrava da sua juventude, pois seu ex-marido, agora atual noivo, não correspondia às suas exigências com a mesma devoção de antes. Não era frio, mas não era ardente. E Naruto não era idiota para não entender que aquela era a retribuição que mereceu depois de tantos anos dando muito pouco a um homem que lhe deu muito, embora saiba que Sasuke também fez por onde merecer certo tratamento.

Não houve um pedido romântico e grandioso de casamento público, apenas o cumprimento de uma formalidade, segundo o próprio Sasuke - já que o original já havia sido feito. Deu-lhe a mesma aliança, beijos e murmurou que sua memória era boa, que ele não esqueceria de suas promessas nem dos eventos importantes. Seu tom de voz, naqueles sussurros, era incomum e causou arrepios em Naruto, de medo, além de servir como "corda" para a opinião de Shikamaru sobre o alfa ser vingativo.

-Como pode dizer isso dele depois de tudo o que vivemos?

-Naruto, use o cérebro uma vez na vida fora do trabalho. - os dois estavam partilhando o almoço no restaurante. - Você impediu o cara de ter filhos, fez dele uma empregada, tirou todo o direito alfa de marcá-lo e ainda por cima, ele tem a péssima mania de ser um babaca explosivo contigo. - Naruto odeia quando Shikamaru tem razão.

-Não posso evitar se acontecer. - deu de ombros. Pensa em todas as noites que têm vivido com ele em seu apartamento, as conversas que os dois têm sob os lençóis, ora lembrando do passado, ora pensando no futuro, os fins de semana alternados nos quais ele passa consigo, cuidando e mimando. Como antes, talvez até muito mais, Naruto está apegado a Sasuke. Anseia pela chegada dele com o coração palpitando acelerado e a energia de um adolescente apaixonado. - Eu sou rico, bem sucedido, famoso e sem cicatrizes emocionais porque tirei muita coisa dele. Se pensar bem, eu mereço.

-Não é assim, Naruto. Você é vítima também, esqueceu? Ele é um alfa e os alfas são...

-O quê? - os dois estremeceram e quase derrubaram os talheres quando ouviram a voz de Sasuke. Encararam o outro lado da mesa bem no momento em que o recém-chegado retirou os óculos escuros do rosto. Ele ocupou a cadeira vazia e fitou Naruto, que se esforçava para não se engasgar, para então encarar Shikamaru. Sasuke encheu um copo com água e ofereceu ao noivo sem fitá-lo. - O que é que os alfas são, Shikamaru Nara, e que provavelmente você não é, oh supremo Alecrim Dourado?

-Veja lá como fala comigo.

-Ou você se cala ou responde a minha pergunta. - foi direto. Puta merda, pensou Naruto sem saber o que fazer. É muita sorte que os dois não expandiram suas presenças como animais territorialistas prestes a se atacar. Shikamaru apertou o garfo. - Vai fazer alguma coisa com esse garfo?

-Enfiar na sua garganta se não sair daqui.

-Shikamaru, francamente. - pigarreou e se arrumou na cadeira, sorrindo pequeno. - Eu te aguentei por 22 anos, calado e resiliente, mas... - mexeu na disposição dos itens entre Naruto e o outro alfa. - Agora que não estou casado, sou livre para exercer o meu direito de dizer "Vai se foder."

-Ora seu...! - se ergueu com o garfo em riste. Naruto se moveu para proteger Sasuke, mas não precisou. Foi impedido. Shikamaru não foi adiante com seu intento porque o olhar escuro era intimidador o suficiente para fazê-lo se sentar, enquanto o outro continuava de pé. O ômega sentou também, observando aquela cena com muita preocupação. Não importa o que Shikamaru faça, o fato de Sasuke ser um animálio torna a luta desigual. - Você não vale o esforço, Uchiha.

Olá Confusão, minha velha amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora