Capítulo 5.2

335 72 27
                                    

-Meio amargo. - Sasuke comentou depois de beber tudo. Naruto quase sorriu. Os dois fizeram um acordo silencioso e antigo, durante o casamento, que Naruto jamais cozinharia pelo bem do apartamento porque, da última vez, esqueceu um frango no forno ao se ocupar com uma reunião online e o que deveria ser um jantar romântico findou com bombeiros e os dois na calçada do prédio, molhados, brigando e rindo. Ainda fizeram sexo no hotel depois de Naruto revelar suas intenções.

O ponto é que não importava o quanto intragável a comida estivesse ao ser feita pelo ômega, Sasuke comia até o fim, fazia algum comentário, então Naruto se justificava, Sasuke era gentil e arranjava algum jeito de não ser culpa sua dos seus erros e então...

-Acho que esqueci de pôr açúcar.

-Não, não, são as laranjas. - Sasuke foi à fruteira e as avaliou. - Estão passadas.

-Ah. - Naruto suspirou sem contrariar.

-Tudo bem. Nem todo mundo conhece uma boa laranja. É um erro inocente. - verificou todas, descascou as que estavam ruins, tirou o que havia de se aproveitar e jogou o resto no lixo. Deixou as cascas sobre o armário para secar, como fazia antes. Colocou os pedaços ainda em bom estado dentro de duas garrafas de água com pedaços de morango e framboesas. - Pronto. Simples assim.

-Obrigado. Vou me lembrar disso. - Naruto chegou perto após falar e o viu lavar a louça. - Deixa que eu faço. - pediu e Sasuke se afastou, enxugando as mãos. Perto demais. E fez algo que abalou Naruto de tal maneira que o deixou congelado diante da pia. Não estava claro de nenhuma maneira se era um movimento consciente ou não de Sasuke.

Naruto sentiu uma aproximação discreta atrás de si, mas não fez nada porque queria o que quer que fosse acontecer consigo. Sabia que era algo bom por conta da presença ao seu redor discretamente o convidando. Foram duas longas semanas sem ele cuidando de si, recebendo o afeto prático dele, sem conviver com o alfa que foi seu por muito tempo.

Apertou os lábios quando sentiu uma na cintura para não parecer que o rejeitaria, foi um toque leve e discreto, uma carícia que apenas os dedos de Sasuke sabiam fazer na sua pele ao erguer poucos centímetros da camisa. O nariz se aproximou da nuca por alguns segundos, mas foi o bastante para Naruto se arrepiar inteiro e gemer com os lábios para dentro da boca. O corpo estava mais próximo do seu e ele já havia parado de lavar a louça quando sentiu a típica sensação do seu ex-marido chegando por trás, encostando em si, a mão indo para o seu ventre sempre vazio e carente.

Não tinha voz para admitir, não tinha coragem para admitir, não tinha emocional para admitir que necessitava tanto daquele alfa, do alfa que devia ser só seu. Mas aquele momento acabou. A mão saiu, o corpo se afastou, o nariz não respirava perto de si. Olhou para trás. Sasuke avançou pela cozinha e pela sala até as caixas, retomando o trabalho com certa pressa porque, claramente, fugia do olhar de Naruto, da sua presença e o ômega sabe bem o motivo.

Pigarreou com força e continuou lavando a louça, pensando no que fazer. Quando acabou aquela parte das caixas, voltou para buscar o resto, mas Naruto o impediu. Avisou que tinha uma reunião emergencial com alguns clientes, precisava sair de casa. Sasuke foi bem compreensivo e perguntou quando podia vir de novo para buscar o resto.

-Amanhã. - o alfa concordou. - A chave?

-Eu te entrego quando eu terminar. Prometo. - ele concordou. Os dois se despediram com um aperto de mão que demorou um pouco demais. - Venho que horas amanhã?

-Deixa eu ver. - voltou quase correndo para o escritório para buscar sua agenda. Folheava até achar o dia correto de amanhã. Precisa de tempo. Muito tempo com Sasuke. Irracionalmente tudo dentro de si demanda que tenha mais tempo com o alfa, que roube a roupa dele para tê-lo quando necessitasse. Se cancelar seu jantar de negócios, não terá nenhuma obrigação que o ocupe. - Pode buscar suas coisas depois da sete da noite?

Olá Confusão, minha velha amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora