Capítulo 5.1

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Quando Naruto despertou no dia seguinte, não havia comida pronta, nem música, nem banho quente e nem roupa separada no cabideiro. Apenas um vazio que nunca conheceu em 22 anos de convivência. Muito silêncio. Sem bilhetes, sem insultos, sem troca de farpas ou objetos jogados no chão, apenas um apartamento muito grande para uma pessoa.

Sasuke fora embora antes de Naruto acordar e levara tudo o que lhe pertencia e uns poucos alimentos da despensa e da geladeira.

Do outro lado da cidade, um alfa chorava sentado no chão da sala de uma casa pequena onde viveu por pouco tempo. Estava de volta ao velho lar frio e quieto. Sem ninguém para receber, para mimar, para cuidar, para amar. Sem Naruto. Sem o seu Naruto. Sem a sua razão de viver. Sasuke ergueu o rosto banhado em lágrimas para encarar os três vasinhos de planta bem perto dos seus pés.

-Somos só nós quatro agora. - comentou com a voz rouca. Só se lembra de uma vez que chorou tanto assim. Soluçando e tremendo. Durante uma madrugada inteira. Naruto havia retornado de uma viagem e quando Sasuke perguntou como estava o bebê de 12 semanas, ele lhe respondeu com "Que bebê?". Nunca doeu tanto como naquela noite e ele achou que nunca mais doeria.

Pena que se enganou.

22 anos...

Sasuke não conseguia acreditar. 22 anos acabaram em menos de 22 horas. Em menos de 22 minutos. Não se sentia um homem livre, mas condenado.

Sentenciado a viver sem o seu grande amor para o resto da sua vida.

Pensaria em se matar caso não fosse orgulhoso e não quisesse dar essa felicidade a Naruto e aos amigos dele; de ele ser o motivo da ruína completa de um alfa respeitável.

Sasuke levantou do chão com os seus vasinhos nos braços, observou a casa onde morará em total estado de abandono, relativamente conservada depois que Sasuke deixou de viver nela ao se casar e decidiu que vai sofrer todas as abrulhas de viver sem Naruto, mas não dará a ele a satisfação de vê-lo sofrer: engolirá o choro nem que seja com doses venenosas de orgulho e de ódio.

Foi difícil ajustar sua vida à ausência do ômega. Mal dormiu nos três primeiros meses. Às vezes cochilava num canto qualquer e sonhava que estava no apartamento, com Naruto berrando pelo almoço. Então saía da cama ansioso, o coração galopando, e encontrava sua casa vazia.

Ainda vazia.

-Ele nem me disse o motivo, Rosa. Sou consciente de que não era o melhor casamento do mundo, mas Naruto precisa de mim para cuidar dele, aquele traste. - comentou para a suculenta que aguava com um regador pequeno. - Quem vai lavar a roupa do jeito que ele gosta? É um inútil.

Arfou exausto e jogou a água para outra planta.

-E eu também nem me dignei a perguntar. Fui um babaca, mas ele também foi. Só empurrou o... - esfregou os olhos, pressentindo as lágrimas.

Precisou de seis meses para retomar parte da sua rotina, para organizar os móveis que estiveram enfurnados em caixas, debaixo de lençóis, e para diminuir o choro ocasional.

Um início sem Naruto: nem sabe por onde começar nesse sentido.

Com a resolução rápida e tranquila do divórcio, Sasuke recebeu sua parte como ex-esposo - uma quantia em dinheiro consideravelmente boa para passar uns meses sem se preocupar com despesas - e não pediu por mais nada, exceto pelo direito de buscar suas plantas no apartamento, sua poltrona favorita e esvaziar a sua sala particular.

Naruto estava lá, observando cada passo do alfa, analisando cada ação dele. Depois das duas vezes em que desceu para levar as plantas, passou a seguí-lo. Queria sentir o cheiro dele um pouco mais. Desde que a casa ficou vazia, há duas semanas, o cheiro de Sasuke estava desaparecendo. Mas havia outra razão para que fizesse aquilo: buscava os indícios da traição contínua.

Olá Confusão, minha velha amigaOnde histórias criam vida. Descubra agora