01| Procura-se

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Meus olhos vagavam por todo o campus, à procura de uma pessoa que eu nunca vi pessoalmente, somente através de uma maldita visão

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Meus olhos vagavam por todo o campus, à procura de uma pessoa que eu nunca vi pessoalmente, somente através de uma maldita visão. Caterine me ajudava a procurar de acordo com as características que ditei, e cada vez que ela gritava em aviso por ter encontrado o bendito garoto, olhava para ela esperançosa, desfazendo o brilho em meus olhos no exato momento em que fixava minha atenção para o dito cujo. Havia uma semana do ocorrido de minha visão embaraçosa, onde me enxerguei pelada com um completo estranho e, desde então, eu me tornei uma perseguidora de homens, duvidando ainda mais de minha sanidade mental.

— Desisto. — reclamo. — Eu não vou passar todo o meu precioso tempo à procura de um cara. Que tipo de mulher eu sou? Obsessiva? – questiono, sentando-me sobre um dos bancos distribuídos por todo o campus, sentindo-me cansada e sonolenta.

Estávamos no intervalo, mas eu precisava faltar uma das aulas para fazer um exame neurológico e um raio-x da face. Violet marcou sem ao menos me consultar, alegando que, se eu não fosse, contaria aos nossos pais que eu ainda consigo prever o futuro. Eu quis matá-la pela audácia. Nessas horas, eu adoraria que as visões acontecessem para saber o que Violet estava aprontando. Ter uma irmã mais nova era a mesma coisa de ter uma arque inimiga e, ainda que eu soubesse que ela entraria em uma jaula de tubarões comigo para fazer a minha vontade de mergulhar com eles em uma aventura única, não poderia arriscar.

— Se não sair agora, vai se atrasar. — apressou-me Cate, fazendo-me revirar os olhos por lembrar do meu compromisso.

— Estou esperando a Violet para me levar de carro. — Dou de ombros, não me importando em chegar atrasada, apoiando agora a cabeça no ombro de minha amiga.

Não consigo expor se era medo do resultado apresentar alguma alteração desta vez, ou se tinha ciência de que seria mais um exame em vão, apenas ocupando o meu digníssimo e precioso tempo. Fora que ainda precisava esperar a boa vontade de minha irmã para me levar de carro, pois a minha condição desconhecida me proibia até mesmo de dirigir. Apesar de todo o meu fingimento para os meus pais ser digno de Oscar, as paralisias inesperadas os deixaram traumatizados, me fazendo prometer que jamais colocaria as mãos em um volante. Bom, como as visões e as paralisias ainda faziam parte de mim, eu sigo com a promessa de ter amor à vida. Morrer jovem em um acidente de trânsito não estava em meus planos, muito menos acabar com a vida de alguém por tamanha irresponsabilidade.

— Desculpa, Liv. — A voz de minha irmã reacendeu-me de volta para o mundo real, e eu sequer notei que Cate tagarelava enquanto eu aproveitava para tentar descansar as vistas. — Ah, e eu fiz algo para você. — profere orgulhosa, esticando suas pequenas mãos que seguravam uma folha de ofício branca, com os dizeres "PROCURA-SE" em um preto forte e chamativo, e um desenho feito a lápis logo abaixo da palavra.

Minha irmã caçula teve o prazer de desenhar um esboço do rosto do homem misterioso que eu estava procurando. Não consigo segurar a gargalhada escandalosa ao perceber sua feição orgulhosa. Ela estava realmente falando sério. Caterine pegou a folha de papel de sua mão com agilidade, analisando os traços com cautela. Começo a prestar atenção em cada linha, surpreendendo-me com o seu talento. Havia ficado realmente muito bom, bem mais parecido do que com os caras a quem Cate apontava o dedo, alegando ter o encontrado. Violet transparecia talento e uma memória boa pra caramba. Não era à toa que suas notas a faziam ser a estrela da turma, uma baita artista.

A GAROTA QUE PREVÊ O FUTUROOnde histórias criam vida. Descubra agora