Olivia Bennet possuía algo incomum, totalmente diferente de todas as pessoas que conhecia à sua volta. Não havia médico, padre, pastor ou curandeiro que conseguisse explicar sua condição. Fora tratada por medicamentos e diversos exames neurais para...
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Desço as escadas com Cate em meu encalço, um pouco apreensiva. Depois de Damon ter me atendido todo confiante, ele acabou mudando o início da nossa conversa ao ter notado que fiquei em silêncio sobre a brincadeira da aposta, dizendo que a primeira competição para acompanhá-lo ainda estava longe, o que fez Cate se gabar e dizer que estava certa. A ignorei completamente, ou acabaria desistindo da ideia de encontrá-lo. Violet não deu sinal de vida desde que saiu do meu dormitório, e também não iria procurá-la. Minha irmã estava com uma ressaca terrível e seu humor — que já não é um dos melhores — piorou. Nem mesmo o café e o croissant que comprei para ela resolveram. Sei que, depois que leu alguma mensagem em seu celular, sua mente foi parar em outro lugar e ela logo sumiu das minhas vistas. Prefiro manter distância neste momento a deixar seus ataques de fúria e luto pelo término com Sebastian serem descontados em mim.
Ao descermos as escadas completamente, pude visualizar todo o campus, repleto de alunos andando de um lado para o outro, não aparentando estarem cansados por passarem a noite anterior se embriagando e participando de jogos suspeitos. Não consigo compreender de onde vem tanta disposição para passar a noite em claro e depois estudar. Se fosse eu, estaria totalmente desfocada, dormindo sentada e desconfortável na cadeira, porque nem ao menos uma mesa de apoio decente tinha para debruçar a cabeça sobre os livros. Era uma bancada extremamente estreita. As salas eram como as do cinema, com um enorme refletor, uma mesa e cadeira para o professor que está lecionando, e uma infinidade de cadeiras coladas umas nas outras. Toda a aula era como se eu estivesse participando de uma palestra.
Encontro Damon com os olhos, no mesmo lugar em que ele disse que me esperaria, em pé, próximo ao banco em que nos conhecemos. Ele insistiu tanto em vir me buscar que me cansei de refutar, dizendo que podia muito bem pegar um Uber. "Me deixe ser cavalheiro, Olivia", foi o que ele disse, conseguindo me calar. Respiro fundo e caminho com Cate, grudada em seus braços. E, para a felicidade de meu corpo e a infelicidade da minha mente fértil, Damon vestia uma bermuda preta, com uma blusa de manga cumprida branca, clara o suficiente para marcar seu peitoral bem esculpido. Sua mandíbula marcada e semblante sério, mantendo suas mãos nos bolsos enquanto ouvia atentamente o que Nicole lhe dizia. Ao chegar mais perto, os cumprimento educadamente, recebendo agora quatro pares de olhos negros em minha direção.
Não consigo recordar quando foi que me senti tão atraída por um garoto, o que acaba sendo frustrante, me deixando vulnerável em sua presença.
— Mamãe ficou curiosa em saber quem é a garota por trás das rosas. — Nicole diz, fazendo minhas bochechas ruborizarem.
Não é a hora de conhecer a mãe de ninguém. Prefiro me ocultar por ora, e infelizmente não pensei que um simples gesto ocasionaria uma vontade repentina de me conhecerem. Nem mesmo sabia que Damon abriria a boca para dizer que não fora ele que as comprou. Bastava todos os acontecimentos em minha vida em tão pouco tempo. Preciso tentar assimilar o motivo de as paralisias estarem tão constantes, e a falta dos calmantes tem me afetado, apesar de estar escondendo isso muito bem.
