Damon Hill.
Quando cheguei no apartamento onde Olivia deveria estar, perguntei ao porteiro sobre a minha garota e ele confirmou que ela desceu carregando duas malas grandes, uma bolsa de mão e uma mochila, até mesmo a ajudando ao notar o quanto atrapalhada estava ao carregar toda a bagagem sozinha. Ela apenas se despediu dele e entrou em um carro que parecia ser de aplicativo. Agradeci pela informação e subi de escada para o terceiro andar. Estar em movimento facilita meus pensamentos, eles fluem melhor. Fui recebido por Caterine assim que bati na porta, adentrando a sala e sentindo o roçar do gato cinza em minha perna.
Havia dias que não colocava meus pés ali, então peguei o Fumaça no colo e comecei a fazer carinho em suas orelhas. Ele é um gato bonzinho.
— Eliot está chegando. — avisa Cate, com um semblante cansado. — Ela deixou cartas sobre o balcão, assim como o diário da Lilian e o prontuário médico. Não mexemos em nada esperando você chegar. — Deu continuidade e sorri de lado em agradecimento por elas terem pensado em mim, ainda que tenham me conhecido por pouco tempo.
— Violet, quer ler a sua primeiro? — pergunto e ela me olha, negando. — Quer que alguém leia para você?
— Caterine, você pode? — ela pergunta, limpando o rosto com o dorso da mão direita.
— Lerei a minha e a sua em sequência. — diz e vira de costas, caminhando até o balcão.
Caterine pega algumas folhas que parecem estar grampeadas e se aproxima de mim e de Violet, que está sentada no sofá. Puxo uma cadeira que está envolta da mesa e me sentei para ficar mais confortável. O Fumaça foi devolvido ao chão e rapidamente pulou no parapeito da janela, seu lugar favorito, deixando um rastro de pelo cinza pela minha calça.
— Minha amada e doce Caterine. — A morena inicia a leitura, me fazendo suspirar ao pensar na minha garota escrevendo cada palavra. — Sei que nos últimos dias eu não tenho sido sincera e sinto muito por chegar no limite e precisar expor o que era necessário aos gritos. Odeio gritaria, isso faz com que aumente minhas dores de cabeça. Não é como se eu fosse acostumada com elas só por viver minha vida inteira sentindo o latejar atrás dos olhos e em minhas têmporas. É bem irritante, na verdade. É como se minha cabeça fosse explodir a qualquer momento, igual àquele pássaro do filme Angry Birds, o Bomba. — Caterine para de ler e rola os olhos, rindo. — Desde quando previ a sua chegada, me senti animada por, finalmente, conviver com alguém que não fosse minha família. A euforia tomou conta de mim quando tive a certeza de que você seria uma ótima amiga, e melhorou quando você assimilou todos os sinais que eu tentava esconder, perguntando se precisava de ajuda, sendo tão insistente que foi inevitável não contar sobre a minha condição. Eu sempre quis que me enxergassem e você foi a primeira a fazer isso sem nem se importar com as consequências. — E, pela primeira vez, vi Caterine marejar os olhos e deixar escapar uma lágrima. — Quero pedir desculpas por minha péssima conduta nos últimos dias e dizer que, apesar de tudo, o que fiz foi para poupá-la. Poupá-la de sofrimento, Caterine. Poupá-la da dor de me ver definhando internamente até não conseguir mais não externar. Você passou tempo demais comigo, vendo como as visões me deixavam cabisbaixa e toda a crise de insônia e enxaqueca. Agora você vai descansar, eu prometo... A observo de longe e vejo que tem estado feliz com a presença de Chase e espero que ele seja o seu escolhido. Você merece todo o amor que dá às pessoas. Amo você e agradeço por ter entrado na minha vida e ter escolhido ficar. Obrigada por ter sido minha melhor amiga. Não poderia ter tido companhia melhor por três anos em um dormitório. Obrigada pelas broncas, pelas risadas e por todas as conversas sobre os livros de romance que compartilhávamos. Nunca fui de acreditar em contos de fadas, mas você fez com que esse pensamento mudasse. Eu tive meus contos de fadas na amizade com você, Caterine. Para mim, sempre foi o bastante. Ah, e não posso esquecer das danças que inventávamos em um show particular enquanto nos entupávamos de comidas nada saudáveis. Vou sentir sua falta, Caterine Walker... Para sempre e sempre.
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A GAROTA QUE PREVÊ O FUTURO
RomanceOlivia Bennet possuía algo incomum, totalmente diferente de todas as pessoas que conhecia à sua volta. Não havia médico, padre, pastor ou curandeiro que conseguisse explicar sua condição. Fora tratada por medicamentos e diversos exames neurais para...